Maneirismo – O que é? Quando surgiu? Fases, Características e Artistas

O maneirismo foi um movimento artístico europeu que se desenvolveu no período entre o Alto Renascimento e o surgimento do Barroco. Apesar de o termo ser, no início, uma maneira pejorativa de se dirigir aos artistas posteriores aos grandes mestres do Renascimento, o termo, hoje, designa um movimento com estilo e características bem-definidas.

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Maneirismo: quando surgiu e o que é?

O maneirismo foi um movimento artístico que se desenvolveu na Europa, especialmente na Itália, e durou do final do chamado Alto Renascimento (entre 1515 e 1520) ao início do Barroco (aproximadamente 1590). Surgindo inicialmente em Florença e Roma, o movimento logo se espalhou para o norte da Itália e para o restante da Europa.

Alguns historiadores, entretanto, não o consideram como realmente um movimento, com seu próprio estilo, mas sim como um liame, um período de transição entre o Renascimento, que já estava em crise e dando seus últimos suspiros, e o Barroco, que viria a ocupar essa lacuna como movimento predominante ao se tornar o queridinho da Igreja Católica.

O primeiro a fazer uso do termo “maneirismo” (“manierismo”, no italiano) foi Luigi Lanzi (1732-1810), historiador, filólogo e arqueólogo italiano, ao se referir aos artistas italianos posteriores e, por consequência, seguidores dos grandes mestres do Renascimento.

O termo, entretanto, carregou por séculos um significado pejorativo: uma pintura maneirista, nesse caso, era uma pintura de um alguém que tentava pintar “da maneira” como os grandes mestres pintavam — mas sem sucesso, segundo essa visão pejorativa. Isso mudou apenas quando o maneirismo passou a ser considerado um movimento artístico independente, séculos mais tarde.

O termo tem uma nítida relação com “maneira” (“maniera”, no italiano), termo usado por Giorgio Vasari (1511-1574), importante pintor, arquiteto e biógrafo italiano, para se referir, de maneira positiva, aos estilos pessoais de cada artista.

Vale observar que o movimento surgiu num período conturbado da Europa, cuja principal afetada era justamente a Igreja Católica, com acontecimentos como a expansão da teoria do heliocentrismo, a publicação das 95 teses de Martinho Lutero, em 1517, dando início à chamada Reforma Protestante, o saque de Roma, em 1527 etc. Tudo isso promoveu um deslocamento dos artistas da região italiana, então centro cultural da Europa, para os diversos outros países.

Fases do maneirismo

A maioria dos historiadores dividem o maneirismo em duas fases:

  • Fase anticlássica (1515-1550), marcada pelo êxodo de artistas para diversos países da Europa por conta do saque de Roma em 1527, as obras dos artistas, nessa fase, confrontavam os ideais do classicismo do Renascimento;
  • Alto Maneirismo (1550-1590), marcada pelo desenvolvimento de técnicas próprias pelos artistas, voltando-se para uma arte mais próxima do então vindouro Barroco.

O que defendia o maneirismo e características

Uma das principais coisas que os artistas maneiristas defendiam era o afastamento/rompimento dos ideais classicistas e naturalistas que haviam se tornado o padrão durante o Renascimento. Buscava-se criar uma nova arte, com um estilo que destoasse do cânone clássico, por meio da experimentação. Alguns teóricos, inclusive, defendem que as vanguardas modernistas possam ser ecos deste período maneirista.

Como exemplo do distanciamento do cânone, uma das principais características da pintura renascentista era o planejamento com a composição e o posicionamento das figuras em cena, especialmente das protagonistas, por meio da chamada perspectiva com um ponto de fuga, também conhecida como perspectiva renascentista, na qual todas as linhas da figura convergem para um mesmo e único ponto, criando uma sensação de profundidade.

Em A Escola de Atenas (1509-1511), de Rafael Sanzio, pintor renascentista, toda a cena converge de tal modo que a atenção do observador recai sobre as figuras bem ao centro da pintura: Platão e Aristóteles. Em Última Ceia (1495-1498), de Leonardo da Vinci, a atenção do observador recai sobre a figura de Cristo, bem ao centro da cena. Já nas pinturas maneiristas, os protagonistas estão geralmente dispersos, espalhados pela composição, com elementos primários e secundários se misturando, como é possível observar em A Descida da Cruz (1525-1528), de Pontorno, em que Cristo está mais à esquerda da cena, sendo possível identificar Maria apenas pelo fato de ela estar sendo amparada pelas demais personagens.

Da mesma forma, nas pinturas maneiristas, as figuras retratadas geralmente possuem membros alongados e estão em poses inusitadas, com gestos igualmente inusitados. É o caso, por exemplo, da pintura Baco, Vênus e Amore (1531-32), de Rosso Fiorentino, ou de sua Pietà (1537-40).

Muitas vezes, as figuras estão exageradamente contorcidas, o que dá ao movimento um caráter artificialista. Um exemplo é Martírio de São Lourenço (1545-50), de Agnolo Bronzino, que também é um exemplo de como as figuras são sobrepostas umas às outras.

Há, também, uma tendência ao dramático no maneirismo, com as personagens representadas com feições merencórias, sombrias, misteriosas, já se aproximando das características do Barroco. As obras do pintor grego El Greco são exemplos dessa dramaticidade — e do contraste de cores e do jogo de sombras, também marcas características do Barroco — vide Madalena Arrependida (1577) e Cristo carregando a Cruz (1580), ambas de El Greco.

Alguns dos principais artistas

  • Jacopo da Pontormo (1494-1557);
  • El Greco (1541-1614);
  • Parmigianino (1503-1540);
  • Giorgio Vasari (1511-1574);
  • Palladio (1508-1580);
  • Rosso Fiorentino (1495-1540);
  • Francesco Salviatti (1510-1563);
  • Giulio Romano (1499-1546);
  • Ticiano (1488-1576);
  • Luís de Morales (1509-1586);
  • Diogo de Contreiras (1500-1570);
  • Benvenuto Cellini (1500-1571);
  • Jan Brueghel, o Velho (1568-1625);
  • Correggio (1489-1534)1.

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