O Socialismo Fabiano é um movimento político-social britânico, nascido em Londres, no final do século XIX, encabeçado pela Sociedade Fabiana. Essa associação tinha como finalidade a busca de uma alternativa à propriedade dos meios de produção para pôr um fim ao Capitalismo, mas sem recorrer a ideias consideradas utópicas ou revolucionárias.
A Sociedade Fabiana deriva seu nome do Quintus Fabius, general romano do século III a.C., conhecido por sua estratégia de atrasar seus ataques contra os inimigos ao máximo, sempre esperando o momento certo.
Origem do Socialismo Fabiano
A Sociedade Fabiana surgiu em 1884, atraindo alguns dos mais proeminentes pensadores de esquerda do final da Era Vitoriana para suas fileiras, unidos pelo compromisso de usar o poder do governo local e do sindicalismo para transformar a sociedade, sem jamais fazer uso de qualquer tipo de violência como um método de mudança.
Esse compromisso foi reforçado com a fundação do Partido Trabalhista, em 1900. Já em 1922, esse partido se tornou a segunda maior força política do Reino Unido, ultrapassando os liberais.
Ao longo das décadas do pós-guerra, os fabianos (como são chamados os membros da sociedade), representados pelo Partido Trabalhista, continuaram desenvolvendo e tentando implantar suas ideias, ora com mais influência na política britânica, ora perdendo espaço para liberais e conservadores.
O auge do grupo foi nas eleições de 1997, em que Tony Blair se tornou Primeiro-Ministro do Reino Unido, trazendo com ele mais de duzentos fabianos para a Câmara dos Comuns.
Entre os membros ilustres da Sociedade Fabin ao longo dos anos, podemos citar George Bernard Shaw (dramaturgo e romancista irlandês), H.G.Wells (escritor britânico), Bertrand Russell (matemático e filósofo inglês) e Virginia Woolf (escritora britânica e figura proeminente do Modernismo), além do casal Sidney e Beatriz Webb, que escreveram inúmeros ensaios que serviram de base para o pensamento fabianista.
Características e objetivos
As ideias do Socialismo Fabiano vêm de duas correntes teóricas principais: o Marxismo, muito influente entre os movimentos sócio-políticos da época, e o pensamento liberal inglês de John Stuart Mill.
Apesar da base marxista, os fabianos acabaram por se afastar dela, por acreditar que o Estado não é um organismo de classe a ser tomado, mas um aparelho a ser usado para promover gradualmente o bem-estar social. Ou seja, o fabianismo acredita na gradual evolução da sociedade, por meio de reformas e ajustes que levem a sociedade, paulatinamente, ao Socialismo, ao contrário do marxismo, que tinha como proposta uma passagem revolucionária ao Socialismo.
O Socialismo Fabiano propõe uma fase da evolução da democracia, na qual as instituições existentes se tornariam mais eficientes, ao invés de passar por uma transformação radical.
De John Stuart Mill, os Fabianismo herdaram o apreço pelo estado democrático e a atenção dedicada à cultura política. As principais propostas da Sociedade Fabiana estão relacionadas à criação de uma legislação social que ampare os trabalhadores, de um sistema fiscal redistributivo e justo, da estatização de certos setores da economia, da emancipação política das mulheres, incluindo o direito ao voto e a se eleger, e da promoção de uma reforma social por meio da geração de emprego a partir de obras públicas.
Além disso, os fabianos também defendiam a saúde pública e o ensino gratuito para todos os cidadãos, assim como a normatização detalhada das condições de trabalho, visando atenuar o abuso do emprego de mão de obra de crianças e o exacerbado número de acidentes de trabalho.
A sociedade Fabiana hoje
Atualmente, a Sociedade Fabiana conta com mais de sete mil fabianos, o maior número de membros em toda a sua história. Além do Partido Trabalhista, a sociedade também colaborou com a criação da London School of Economics, um dos mais famosos e prestigiados centros de pesquisa acadêmica do mundo.
Embora parte das ideias do Socialismo Fabiano possa ser encontrada em outras doutrinas, o Fabianismo é um fenômeno essencialmente britânico.