O Brasil possui 8 espécies de cervídeos, sendo responsável pela maior diversidade deste grupo no mundo. A espécie Ozotoceros bezoarticus, o veado-campeiro, ocorre no Brasil e nos países vizinhos, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina.
Descrita pela primeira vez em 1758, a espécie também atende pelo nome de veado-branco, no Brasil, ou de ciervo de las pampas, nos países vizinhos. Infelizmente, encontra-se ameaçado de extinção em todos os países de ocorrência. Outrora muito abundante, hoje alguns autores acreditam que sua área de distribuição foi reduzida em 98%. Sua população não deve passar de 100 mil indivíduos.
Duas subespécies de veado-campeiro habitam o território brasileiro: Ozotoceros bezoarticus leucogaster e Ozotoceros bezoarticus bezoarticus, sendo a primeira encontrada no Pantanal e a segunda no Cerrado. Confira, abaixo, mais informações sobre esse animal.
Características físicas
O veado-campeiro possui pelagem de coloração bege e amarronzada, com círculos brancos ao redor dos olhos. O ventre e abaixo do queixo também têm pelagem mais clara. O peso dessa espécie varia entre 30 e 40 quilos, e o seu comprimento atinge até 1 metro.
Os machos, quando adultos, possuem chifres de cerca de 30 centímetros de altura e geralmente 3 pontas. Esses órgãos são trocados todos os anos, caindo no mês de maio e completando o crescimento em setembro. Quando nasce o novo chifre, ele é recoberto por uma pele, chamada de velame, que só se desprende quando o chifre está completamente formado. O ciclo dos chifres é regulado pelo nível de testosterona dos machos.
Comportamento
O veado-campeiro é uma espécie diurna, período que sai para se alimentar. Esse é um animal bastante arisco, fugindo ao menor sinal de ameaça. Além disso, não percorre grandes distâncias, apesar de atingir alta velocidade, podendo correr a 70 km/h. São também bons nadadores.
Em geral, vivem em grupos de 5 a 6 indivíduos. No período de acasalamento, os machos marcam o território esfregando os cascos dianteiros e os chifres no solo ou em arbustos, podendo também defecar. É frequente que machos mais velhos urinem sobre as marcações dos machos mais novos, ocorrendo em disputas. As brigas são marcadas pelo batimento das cabeças, encaixando os chifres um no outro e se empurrando, buscando encostar a cabeça do oponente no chão. Ao menor sinal de fracasso, o macho perdedor se afasta.
Quando as fêmeas entram no cio, os machos dominantes as perseguem, afastando-as do grupo para acasalar.
Habitat
O habitat característico dessa espécie é em áreas abertas, como Cerrado, Pantanal e Campos Sulinos.
Alimentação
Essa é uma espécie herbívora, também chamada de pastadores-podadores. Consumem principalmente capim, mas também podem ingerir flores, gomos e arbustos de plantas, como o alecrim-do-campo, o assa-peixe, o capim-favorito e as vagens de barbatimão.
O consumo de chifres caídos pode ser uma boa alternativa para a ingestão de sais minerais, uma vez que gramíneas e plantas em geral possuem quantidades muito baixas. As queimadas que ocorrem em áreas abertas também são importantes para os veados-campeiros, uma vez que induzem a floração e a brotação, principais partes consumidas por esta espécie. Além disso, as cinzas são boas fontes de sais minerais.
Reprodução
Os filhotes nascem entre agosto e setembro. A pelagem deles é pintada, o que auxilia na camuflagem. Aos 4 meses de idade, já começam a se parecer mais com os adultos e a desmamar.
O período de gestação é de aproximadamente 210 dias (sete meses). Geralmente, nasce uma cria por vez, mas é possível encontrar casos de nascimento de gêmeos, também.
Curiosidades
As duas subespécies do veado-campeiro, O. bezoarticus leucogaster e O. bezoarticus bezoarticus, que ocorrem no Pantanal e no Cerrado, respectivamente, são classificadas como Vulnerável (VU), de acordo com a IUCN (International Union for Conservation of Nature). Ambas apresentam grande declínio populacional. No Brasil, a espécie é classificada como Criticamente Ameaçada (CR) nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.
Atividades humanas, como o desmatamento, a caça e as doenças de animais domésticos – estas que são transmitidas para os veados, por exemplo, a febre aftosa (transmitida pelo gado) –, afetam a sobrevivência da espécie. Por isso, planos de manejo, ações de conservação e pesquisas são fundamentais para o entendimento da dinâmica de populações desta espécie e de como ela responde às ações que tentam reverter o quadro. Passagem de fauna em rodovia e educação ambiental são algumas das medidas que auxiliam a conservação dessa espécie.