Ariranha – Características, Comportamento, Habitat, Alimentação, Reprodução

Considerada a maior lontra do mundo, a ariranha (Pteronura brasiliensis) é um mamífero que pertence à família Mustelidae e à ordem carnívora. A espécie é endêmica da América do Sul e sua distribuição original ocupava as Guianas, a Colômbia, a Venezuela, a Argentina e o Brasil.

No nosso país, sua distribuição também era ampla, se estendendo desde o Rio Grande do Sul até a Amazônia, com exceção da Caatinga. Hoje, a espécie está limitada à Amazônia e ao Pantanal, com pequenas populações no Paraná. No entanto, neste estado, a ariranha encontra-se classificada como extinta, bem como no restante da Mata Atlântica.

Por ser um mamífero carnívoro, essa espécie está no topo da cadeia alimentar. Por isso, desempenha importante papel ecológico nos ecossistemas em que ocorre. Assim, há um grande esforço para a conservação da espécie, principalmente para combater a caça e a destruição de seu habitat natural.

Características físicas

A ariranha é caracterizada pelo corpo alongado, cauda longa e achatada e patas com membranas interdigitais, que facilitam a natação. As orelhas são pequenas e arredondadas e o focinho é coberto por pelos.

A pelagem é curta, espessa e amarronzada. No entanto, no pescoço, é mais clara, com manchas beges, que são como impressões digitais do indivíduo, podendo ser utilizadas para identificação.

Essa espécie pode chegar a 180 centímetros de comprimento e pesar entre 26 e 32 quilos.

Comportamento

É um mamífero de hábito semiaquático, utilizando os barrancos de corpos d’água para construir suas tocas. São mais ativos durante o dia e formam grupos de 2 a 16 indivíduos, com estreita relação social. Os pares reprodutivos são monogâmicos.

Essa espécie realiza marcação de território por odor e vocalizações, espalhando fezes e urinas na frente de suas tocas. Assim, tendem a evitar o contato entre grupos de ariranhas. Devido a diferenças comportamentais e de dieta, a ariranha e a lontra neotropical podem coexistir.

Habitat

A ariranha habita locais úmidos, às margens de rios, lagos, lagoas e florestas inundadas de acordo com a sazonalidade da região.

Alimentação

Essa é uma espécie carnívora oportunista. A maior parte da sua dieta é composta por peixes, mas também com a ingestão de pequenos mamíferos, aves, répteis e invertebrados ocasionalmente. Assim, selecionam o habitat em função da disponibilidade de peixes.

Uma ariranha pode consumir até 4 quilos de peixe por dia e selecionar a parte do peixe que irá consumir. Sendo boas pescadoras, não passam grandes dificuldades para conseguir alimento.

Reprodução

Os indivíduos atingem a maturidade sexual aos dois anos. As fêmeas podem procriar até os 11 anos de idade, e os macho até os 15 anos. O período reprodutivo ocorre ao longo do ano todo, e a gestação dura entre 52 e 70 dias. Cada gestação pode gerar de 1 a 5 filhotes, que serão paridos nas tocas cavadas às margens dos rios.

O desmame acontece aproximadamente aos 9 meses e os filhotes permanecem juntos aos pais até os 2 anos de vida. Depois disso, vão em busca de parceiros para acasalar. Estima-se que a ariranha possa viver até 20 anos, tendo registro de um macho com 15 anos de idade, no Peru.

Curiosidades

Uma das maiores ameaças à biodiversidade é o tráfico de animais ou de partes deles, como pele e chifres. Para a ariranha, essa é também a maior motivação da caça comercial.

Na época em que a caça era permitida, o couro da ariranha era exportado para Europa e Estados Unidos para a produção de casacos, chapéus e outros artigos de moda. Graças a leis criadas a partir de 1960, a pressão pelo comércio da pele de ariranha diminuiu. No entanto, a recuperação populacional da espécie é lenta e o tamanho da população ainda é desconhecido.

Atualmente, a maior pressão para essa espécie é a perda e degradação do habitat, resultado da construção de hidrelétricas. Além disso, como as áreas que essa espécie habita possuem altas densidades de peixes, ela entra em conflito com pescadores, competindo por recurso.

No Brasil, a espécie está classificada como ‘Vulnerável (VU)’ e, globalmente, encontra-se ‘Em Perigo (EN)’. Felizmente, nos rios da Amazônia já é possível notar um crescimento populacional. Já no Rio Grande do Sul, onde a espécie ocorria, não há registros há mais de 30 anos, sendo considerada extinta.

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