O imperativo é um dos modos verbais da língua portuguesa. Embora seja mais conhecido por indicar ordens, o imperativo possui outras utilizações, como para dar conselhos e fazer convites e súplicas.
Neste artigo do Gestão Educacional, você verá tudo a respeito do modo imperativo, desde como ele é formado e quando é utilizado até a sua classificação em imperativo afirmativo e negativo.
Antes, porém, é fundamental compreender o que são e quais são os chamados “modos verbais”.
O que são e quais são os modos verbais?
“Modo verbal” é o nome de uma das propriedades do verbo e serve basicamente para dar alguma significação em especial para a ação representada pelo verbo. De acordo com o modo utilizado para conjugar o verbo, ele pode indicar, por exemplo, dúvida, certeza, ordem, suposição etc.
Veja os exemplos abaixo para visualizar melhor essa ideia:
(1) Felipe toca guitarra.
(2) Se eu tivesse uma guitarra, faria um curso para aprender a tocá-la.
(3) Toca tua guitarra para mim!
Em cada um desses exemplos acima, a intenção discursiva, ou seja, a intenção do autor de cada oração, expressa pelo significado do verbo, é diferente. Em (1), o verbo indica um fato: o de que Felipe toca guitarra, não restando dúvidas quanto a isso. Em (2), presume-se que o sujeito não tenha uma guitarra, e não se pode deduzir se, no futuro, ele terá ou não, ou seja, a ação é incerta. O verbo destacado, nesse caso, está indicando uma condição: caso ele tivesse uma guitarra (mas, reforçando, não sabemos se ele a terá ou não), ele poderia realizar a ação de fazer um curso para aprender a tocá-la (sendo este um desejo seu). Já em (3), o sujeito está dando uma ordem ou fazendo um pedido para a pessoa a quem está se dirigindo (o verbo está conjugado na segunda pessoa do singular, com o pronome “tu” estando subentendido).
Temos, nesses três exemplos, os três modos verbais da língua portuguesa: o indicativo (1), o subjuntivo (2) e o imperativo (3).
O modo indicativo é usado para indicar um fato ou uma ação factível (com grandes chances de acontecer). O subjuntivo, ao contrário do indicativo, é usado para se indicar incertezas, dúvidas, eventualidades, irrealidades.
O imperativo, por sua vez, que é o modo sobre o qual trataremos neste artigo, é usado para indicar ordens, pedidos, súplicas etc.
O que é o modo imperativo?
Como comentado, o modo imperativo é um modo verbal utilizado para se expressar uma ordem, um comando, uma exortação, um conselho, um convite, uma solicitação ou uma súplica. Em alguns contextos, também pode ser utilizado para indicar uma hipótese (substituindo asserções condicionais formadas por se + futuro do subjuntivo).
Celso Cunha (2017, p. 490) salienta a importância de não se confundir o presente do subjuntivo (utilizado sem o “que”) com o modo imperativo. Veja a comparação (exemplos do próprio Cunha):
(4) Caiam de bruços!
(5) Caiam sobre vós as bênçãos divinas!
Apesar de muito parecidos, temos em (4) uma oração no modo imperativo, tratando-se, portanto, de uma ordem, e em (5) uma oração no presente do subjuntivo, tratando-se muito mais de um anelo (um desejo muito intenso) do que uma ordem/pedido.
O modo imperativo não é conjugado em todas as pessoas. Isso porque o indivíduo que o usa está se dirigindo a alguém com quem está se comunicando diretamente. O modo imperativo, portanto, só é possível com as seguintes pessoas do discurso:
- 2ª pessoa do singular:
- Escuta (tu) o que se está a falar.
- 2ª pessoa do plural:
- Escutai (vós) o que se está a falar.
- 3ª pessoa do singular (quando o sujeito é expresso por pronome de tratamento, tal como você, o Senhor, Vossa Excelência, Vossa Senhoria ):
- Escute (você) o que se está a falar.
- 3ª pessoa do plural (quando o sujeito é expresso por pronome de tratamento, tal como vocês, os Senhores, Vossas Excelências, Vossas Senhorias ):
- Escutem (vocês) o que se está a falar.
- 1ª pessoa do plural (indicando que o sujeito, que fala, inclui-se nas condições da ordem, do pedido, do conselho etc. que está destinando àqueles inclusos no “nós”):
- Escutemos (nós) o que se está a falar.
Modo imperativo afirmativo
No modo afirmativo, o imperativo é formado na 2ª pessoa do singular e do plural pelo presente do indicativo sem o “-s” no final da conjugação. Para as demais pessoas, valendo observar que o imperativo existe apenas para as pessoas que indicam “aquele a quem se fala”, as regras de formação do imperativo afirmativo são as mesmas que as do presente do subjuntivo.
Portanto, são as seguintes as regras para formação do imperativo afirmativo de verbos regulares:
- Imperativo afirmativo
- 1ª conjugação (verbos com a vogal temática -a-)
Radical + emos nós And + emos nós
Radical + em vocês And + em vocês
-
- 2ª conjugação (verbos com a vogal temática -e-)
Radical + amos nós Beb + amos nós
Radical + am vocês Beb + am vocês
-
- 3ª conjugação (verbos com a vogal temática -i-)
Radical + a você Part + a você
Radical + amos nós Part + amos nós
Radical + am vocês Part + am vocês
Modo imperativo negativo
Já na forma negativa, as regras de formação do imperativo são exatamente as mesmas que as do presente do subjuntivo, com exceção de não possuir formas para toda as pessoas gramaticais, como já mencionado. Portanto, são as seguintes as regras para a formação do imperativo negativo:
- Imperativo negativo
- 1ª conjugação (verbos com a vogal temática -a-)
Não radical + es tu Não and + es tu
Não radical + e você Não and + e você
Não radical + emos nós Não and + emos nós
Não radical + eis vós Não and + eis vós
Não radical + em vocês Não and + em vocês
-
- 2ª conjugação (verbos com a vogal temática -e-)
Não radical + as tu Não beb + as tu
Não radical + a você Não beb + a você
Não radical + amos nós Não beb + amos nós
Não radical + ais vós Não beb + ais vós
Não radical + am vocês Não beb + am vocês
-
- 3ª conjugação (verbos com a vogal temática -i-)
Não radical + as tu Não part + as tu
Não radical + a você Não part + a você
Não radical + amos nós Não part + amos nós
Não radical + ais vós Não part + ais vós
Não radical + am vocês Não part + am vocês
Quando o imperativo é usado?
Tanto o imperativo afirmativo quanto o imperativo negativo são usados nos mesmos contextos. Eles são usados para expressar:
- Ordem/comando:
- Continue trabalhando!
- Conselho/uma exortação:
- Esqueça ela de uma vez por todas! Será melhor!
- Convite/solicitação/Pedido:
- Anda passar um tempo em minha casa!
- Súplica:
- Não esqueçais de mim… é tudo o que eu lhe peço!
O imperativo também é utilizado, como observa Cunha (2017, p. 492), como substituto de asserções condicionadas expressas por se + futuro do subjuntivo, indicando hipótese. Veja o exemplo:
(6) Volte para casa, e terá dias melhores.
Em (6), o imperativo foi usado para substituir “se você voltar”, cujo tempo está no futuro do subjuntivo. O sentido, nesse caso, não é de ordem, conselho, convite nem súplica, mas de hipótese.