Os peixes-boi pertencem à ordem dos mamíferos aquáticos, os sirênios. Existem quatro espécies de peixes-boi no mundo, mas o Brasil abriga apenas uma, o peixe-boi-da-Amazônia (Trichechus inunguis).
Conhecido por ser a menor espécie dentre as quatros, sua distribuição original cobria toda a bacia Amazônica, a Venezuela, a Colômbia e o Equador. No estuário amazônico, ele é encontrado na Ilha do Marajó (Pará) e na costa do Amapá, onde vive em simpatria com o peixe-boi marinho.
Infelizmente, essa espécie foi intensamente explorada no passado, por conta de sua carne e de seu couro, diminuindo consideravelmente a população. Globalmente e nacionalmente, o peixe-boi-da-Amazônia se encontra classificado como ‘vulnerável – VU’ à extinção. Confira, abaixo, mais detalhes da biologia do peixe-boi-da-Amazônia.
Características físicas
Apesar de ser considerado a menor espécie de peixe-boi do mundo, o peixe-boi-da-Amazônia pode chegar a 3 metros de comprimento e pesar 450 quilos. Como todo mamífero, possui pelos por todo o corpo, com coloração variando entre o cinza e o preto, tendo uma mancha branca ou rosada no ventre. Essa mancha pode ser utilizada para identificação do indivíduo.
A nadadeira peitoral, não apresenta unhas, como nas outras espécies. Já a nadadeira caudal tem a extremidade arredondada e é achatada dorso-ventralmente e não possui nadadeira dorsal. Seus dentes são trocados durante a vida inteira, contando apenas com dentes molares enfileirados horizontalmente.
Comportamento
Essa espécie gasta a maior parte do tempo comendo ou dormindo. Para dormir, permanece dentro da água, mas sai para a superfície para respirar a cada 25 minutos, em função do seu metabolismo lento. Quando não está dormindo, precisa emergir a cada 5 minutos.
São considerados animais solitários, sendo comum observar uma relação social mais estreita entre mãe e filhote, e agregações temporárias que se formam durante o período reprodutivo.
Habitat
O peixe-boi-da-Amazônia é encontrado somente em rios e lagos da bacia Amazônica. Seu habitat é praticamente restrito à água doce, sendo muito raro observar um indivíduo em água salgada.
Alimentação
Essa espécie é herbívora, alimentando-se basicamente de algas, aguapés e capim aquático. Como são alimentos de baixo teor calórico e proteico, eles passam até 8 horas por dia se alimentando, chegando a consumir 10% do seu peso em um único dia.
Durante a época chuvosa, o peixe-boi aumenta a ingestão de plantas, uma vez que há maior disponibilidade de alimento. A comida fica armazenada em forma de gordura, que será consumida durante o período seco, quando a disponibilidade de alimentos é menor. Durante a seca, o peixe-boi-da-Amazônia se desloca para grandes rios, e se reúne a grupos de quatro a oito indivíduos para aumentar a busca por alimento.
Em cativeiro, essa espécie consome uma variedade de vegetais, como alface, escarola, couve, acelga, repolho, beterraba, cenoura, pepino, tomate, abóbora, capim, e até folhas de cana e de milho.
Reprodução
O ciclo reprodutivo dessa espécie é longo e, a cada gestação, nasce apenas um filhote, com alguns casos raros de gêmeos. O período da gestação dura 13 meses. A fêmea peixe-boi procria em um intervalo de, pelo menos, três anos. Os nascimentos costumam ocorrer nas épocas de cheia, quando há maior disponibilidade de alimento.
A relação entre a mãe e o filhote dura cerca de dois anos, período no qual a mãe o amamenta. O cuidado parental é alto e realizado pela mãe, que ensina o filhote a nadar, buscar comida e subir na superfície para respirar.
Estima-se que a maturidade sexual seja atingida por volta dos seis anos, quando os indivíduos possuem cerca de 2 metros de comprimento. Esse animal pode chegar a viver mais de 50 anos na natureza.
Curiosidades
Atualmente, a espécie se encontra ameaçada de extinção, pois foi intensamente explorada por sua carne e seu couro. Em 1967, sua caça foi proibida no Brasil, mas, infelizmente, a caça ilegal ainda ocorre, principalmente para subsistência da comunidade local.
As redes de espera utilizada pelos pescadores também são ameaças para esse animal, pois os filhotes se prendem na rede e são mortos pelos pescadores. Além disso, o desmatamento da região Amazônica intensifica o assoreamento dos rios, somado à construção de hidrelétricas, que destroem o habitat dos animais, sendo grandes ameaças à conservação. Somado a isso, o peixe-boi-da-Amazônia possui um longo ciclo reprodutivo o que dificulta sua conservação.
