Guerra dos 30 anos é o nome que se dá a uma série de guerras que aconteceu na Europa entre 1618 e 1648, tendo como motivação questões religiosas, políticas, comerciais e disputas por territórios.
Ao envolver vários países com diferentes motivações, essa guerra deixou um grande rastro de destruição e mortes, sendo considerada uma das mais destrutivas da Europa.
Antecedentes
A Reforma Protestante do século XVI trouxe uma nova visão religiosa do mundo, em contraponto à hegemonia do catolicismo. Muitas pessoas adotaram a fé protestante, sobretudo dentro do Sacro Império Romano Germânico. Ao longo do tempo, a tensão e as desavenças entre católicos e protestantes foi crescendo, até que em 1555 foi assinado a Paz de Augsburg, um tratado que permitia que cada príncipe podia impor sua fé aos habitantes de seu território. Vale lembrar que o Sacro Império era um território extremamente fragmentado, com príncipes, condes, duques e cidades livres, que dividiam o poder junto com o imperador.
O tratado não foi capaz de cessar as rivalidades e, em pouco tempo, as questões religiosas voltaram à tona, intensificando-se no reinado do imperador Rodolfo II, que era hostil aos protestantes. Em 1608, surgiu a União Protestante, formada por príncipes e cidades livres alemãs onde predominava essa fé. No ano seguinte, para fazer frente aos protestantes, surgiu a Liga Católica.
Em 1618, foi eleito como rei da Boêmia (atual República Tcheca) Fernando II, da família Habsburgo, que estabeleceu o catolicismo como única religião permitida na região, despertando a fúria dos outros príncipes. Meses depois, protestantes invadiram o palácio real em Praga e jogaram pela janela três representantes do governo. Foi o estopim para o início da guerra.
O início da guerra
A guerra começou como uma conflito religioso e local, no qual os católicos, liderados pelo imperador Fernando II, enfrentavam os exércitos dos príncipes e das cidades livres protestantes, liderados pelo conde Henrique Matthias Von Thurn. Essa primeira fase da guerra vai até 1624, com vitórias e derrotas dos dois lados, mas com a balança pendendo para o lado dos católicos no final do período.
Período dinamarquês (1624 -1629)
Perdendo o conflito, os Estados germânicos protestantes buscaram ajuda no exterior contra os católicos. O único apoio surgiu do Norte, mais precisamente de Cristiano IV, rei da Dinamarca e Noruega. Embora fosse protestante, Cristiano estava mais interessado em questões territoriais e em acabar com o domínio dos Habsburgos no ducado dinamarquês de Holstein (fronteira norte da Alemanha).
Apoiado por príncipes germânicos protestantes e soldados holandeses, Cristiano mobilizou um grande exército em 1625, e invadiu a Saxônia (norte da Alemanha) em 1625, sem encontrar grande resistência a princípio. Porém, Albrecht von Wallenstein, duque de Friedland, tinha formado um exército repleto de mercenários, oferecendo suas tropas a Fernando II, que apenas dispunha do exército de Tilly. O exército dos mercenários, juntamente com o exército imperial, comandado pelo general Tilly, impôs duas duras derrotas aos protestantes, obrigando Cristiano IV a recuar. Esse evento marca o fim da Dinamarca como potência europeia.
Período sueco (1630 -1635)
O crescente sucesso dos católicos e, consequentemente, dos Habsburgos, deixava a França inquieta. Inimigos de longa data dos Habsburgos, os franceses não tinham como intervir no conflito naquele momento. Por isso, a França convenceu o monarca sueco, Gustavo II Adolfo, a ajudar os protestantes, prometendo-lhe determinadas concessões e ajuda financeira.
O monarca sueco era um luterano disciplinador, e tinha sob seu comando um exército bem treinado e equipado, formado principalmente de camponeses suecos e um pequeno número de mercenários. Com Gustavo II Adolfo no comando, os protestantes viraram o jogo, impondo várias derrotas aos exércitos imperiais.
O imperador Fernando convocou novamente o general Wallenstein para comandar as tropas imperiais. Wallenstein e o exército sueco se encontraram na Batalha de Lützen, em 16 de novembro. Apesar da vitória protestante, os suecos sofreram um duro golpe com a morte de Adolfo.
Período francês (1635 -1648)
A possibilidade da consolidação do poder dos Habsburgos finalmente levou a França a lutar ao lado dos protestantes do Império Sueco, dos Países Baixos e dos principados alemães. Embora católica, a França tinha interesses muito mais políticos no conflito, e o principal deles era minar o crescente poder dos Habsburgos alemães e espanhóis.
A entrada da França na guerra desequilibrou sobremaneira o conflito a favor dos protestantes. Nos dez anos seguintes, os protestantes somaram várias vitórias que não deixaram outra alternativa aos católicos a não ser buscar um acordo de paz. A guerra finalmente acabou com o Tratado de Vestfália, assinado em 1648.
As consequências
No campo religioso, motivo pelo qual o conflito começou, nada mudou de fato. A liberdade de crença foi mantida para católicos e protestantes.
A principal consequência foi a mudança no cenário de poder europeu. Os Habsburgos, que comandavam a Espanha e o Sacro império Romano Germânico, perderam seu posto de principal potência para a França, que ganhou territórios das regiões de seu domínio (Roussillon, Lorena e Alsácia). Holanda e Suíça se tornaram nações independentes, e o Sacro Império nunca se recuperou da derrota (ele deixaria de existir 158 anos depois).