A revolução da indústria automobilística tem muito a ver com o maquinista estadunidense Henry Ford (1863 – 1947). Ele foi o responsável por desenvolver técnicas que ajudaram a impulsionar a produção em massa, promovendo uma maior racionalização do processo e menores custos, o que proporcionou um maior acúmulo de capital.
Neste artigo, vamos contar um pouco dessa história, destacando as principais características do fordismo, bem como os seus objetivos e como tais inovações impactaram na indústria mundial.
O que é e como surgiu o Fordismo?
A primeira linha de produção de automóveis semi-automatizada foi instalada em 1914. Esse modelo foi tão importante para a indústria que ajudou a impulsionar a Segunda Revolução Industrial (entre 1850 e 1945), que perdurou até os anos de 1980. O seu ápice foi logo após a Segunda Guerra Mundial, especialmente entre as décadas de 1950 e 1960, período em que o Capitalismo prosperou e ficou conhecido até hoje pela historiografia como a Era de Ouro.
Esse período ficou marcado por uma rápida expansão da indústria, em especial pelos setores de metal mecânico e químico, que acabavam impulsionando outras áreas como agricultura, serviços, transportes e comunicações, conforme escrito por Wilson Suzigan, citado por Marcele Pasqualin, em Fordismo: uma análise aplicada aos casos do Brasil e do Japão. O progresso técnico proporcionado por essa inovação supria carências das nações desenvolvidas em relação à mão de obra barata ou mesmo acerca dos recursos naturais, baseando-se no petróleo, uma fonte de energia barata.
Esse incremento da produção industrial também propiciou que nações mais pobres, em desenvolvimento, se industrializassem, como foi o caso do Brasil e de outros países latino-americanos. Segundo Pasqualin, no território brasileiro, o desenvolvimento industrial se fixou entre os anos de 1950 e 1970, por meio do sistema de substituição de importações como estratégia para promover o crescimento econômico do país.
“Ao final dos anos 70, havia se constituído um completo parque industrial, com indústrias produtoras de bens de consumo, não duráveis, duráveis, bens intermediários e bens de capital. Entretanto, a produtividade das empresas e a qualidade dos produtos domésticos não atingiram os padrões internacionais de qualidade. Diante desse problema, o viés doméstico da industrialização brasileira fez com que as empresas direcionassem seus esforços ao mercado interno, mais lucrativo e menos exigente, sendo o mercado externo explorado, então, por um pequeno número de grandes empresas industriais”, complementa Pasqualin.
Quais as características do Fordismo?
Mesmo com poucos anos de estudo, Henry Ford foi capaz de modificar por completo a indústria de automóveis, a partir do uso extremamente eficaz da produção em massa, da linha de montagem, do controle de estoque em tempo real e da gestão dos recursos humanos.
O chamado Fordismo tem três características que são fundamentais para o seu funcionamento:
Intensificação
O foco neste item estava em diminuir o tempo da produção por meio do uso de métodos adequados, acelerando a sua finalização e, consequentemente, a sua entrada no mercado. Assim, Ford criou a linha de montagem móvel, em que o trabalho ia até o funcionário.
Economicidade
Seu objetivo visava a redução dos estoques ao mínimo possível. Para isso, foram abordados aspectos como integração vertical (o número de etapas para o produto ser feito) e integração horizontal (quantidade de centros de distribuição para agilizar o acesso ao produto). Dessa forma, Ford elaborou um sistema de franquias que ocasionou no surgimento de uma grande quantidade de concessionárias em diversas cidades dos Estados Unidos.
Produtividade
A meta aqui estava em capacitar o profissional para que ele se especializasse cada vez mais e, assim, aumentasse a sua produtividade, otimizando recursos e aumentando o lucro da empresa.
Qual era o objetivo do fordismo?
O Fordismo tinha como objetivo alcançar o mercado de massas, ampliando cada vez mais o número de consumidores. Até então, os carros eram privilégio dos mais ricos. Um exemplo disso é o Rolls Royce, produzido de maneira artesanal e por encomenda. Entretanto, o Ford T, que foi o primeiro automóvel feito dentro do novo sistema fordista, teve o seu custo bastante diminuído, justamente pela adoção do processo mencionado logo acima. Outro fator que ajudou a otimizar e a baratear o custo do veículo foi a utilização de peças padronizáveis e intercambiáveis.
Além da queda no valor gasto para fabricar o automóvel a partir da padronização de suas peças, Henry Ford criou também um sistema de pagamento que era baseado em bônus e também em altos pagamentos que aumentavam junto com o crescimento da produtividade. Isso fez com que os próprios trabalhadores pudessem tomar parte do mercado, adquirindo os automóveis que eles mesmos produziam, o que valia também para toda a classe trabalhadora, que poderia ter acesso aos carros, não mais apenas nas mãos dos endinheirados.
Conclusão
Mesmo com todo o sucesso alcançado pelo Fordismo, ele apresentou inúmeros problemas, como a produção concentrada em somente um modelo, preferindo a quantidade do que a qualidade. Além disso, o Fordismo não dava espaço para a inovação e tinha dificuldades de se adaptar ao mercado.
Tais aspectos contribuíram para o seu declínio, que teve início nos anos 1970. Essa década viveu várias crises econômicas, em especial por causa da alta no preço do petróleo, além da entrada dos japoneses na indústria automobilística, abrindo espaço para outros processos de produção industrial, caso do Toyotismo. Todos esses fatores reunidos acentuaram as limitações do sistema criado por Henry Ford.