A sociologia estuda diversas áreas do conhecimento, o que gera uma série de ramificações que aprofundam determinados temas. É o caso da sociologia do trabalho, que se volta a compreender as relações de trabalho e questões correlatas ao longo da história.
Focaremos, neste artigo, em explicar o que é a sociologia do trabalho, compreender como o trabalho evoluiu no decorrer da história e também apresentar os autores e conceitos abordados por essa teoria.
O que é sociologia do trabalho?
A sociologia do trabalho busca estudar a organização e a evolução do mundo do trabalho dentro da nossa sociedade. Dessa investigação, também estão incluídas as relações de trabalho e as implicações sociais decorrentes dessa troca social.
O trabalho é uma atividade humana, já que depende de uma consciência e de objetivos específicos que miram certos resultados. O homem faz, fabrica e produz, sendo o trabalho, portanto, parte intrínseca de sua existência.
Vale dizer que as preocupações acerca do trabalho decorrem de tempos mais recentes, dada a importância que a atividade laboral passou a ganhar nas sociedades. As transformações provocadas dentro desse universo chamaram a atenção de pesquisadores e filósofos que contribuíram com a formulação de uma visão mais detalhada desse processo ao decorrer dos tempos.
Os modos de produção, por exemplo, foram se modificando com o passar do tempo, impactando o que se entende exatamente como conceito de trabalho e também a compreensão sobre as relações sociais que se desenrolam a partir dessas mudanças.
O trabalho ao longo da história
Antigamente, o trabalho era percebido de maneira depreciativa. Por exemplo, os gregos, durante a Antiguidade clássica, viam o trabalho como tarefa para os escravos, que faziam atividades do dia a dia, afazeres domésticos, entre outras tarefas. Aos homens livres – e somente a eles – lhes cabiam o ócio criativo, para que pudessem se dedicar à erudição e à vida pública.
Séculos mais tarde, durante o Feudalismo, período no qual vigorava o papel dos servos e dos donos dos feudos, o artesanato e a servidão voluntária se fortificavam enquanto formas de trabalho, em uma época prioritariamente agrária e baseada na família. A economia era voltada à troca de serviços ou de produtos, sem um valor fictício atribuído a uma moeda.
Esse processo foi rompido pela Revolução Industrial que, a partir do século XVIII, modificou por completo o mundo do trabalho no continente europeu. Surgiram as fábricas e a elaboração de produtos manufaturados dentro de galpões fechados, repletos de trabalhadores acotovelados realizando, em linhas de montagem, atividades repetidas por várias horas.
Mais recentemente, a globalização provocou inúmeras e profundas transformações, não apenas no mundo do trabalho, mas também nas relações sociais. O advento da internet diminuiu distâncias e aumentou o tempo de trabalho, além de expandir os limites para as atividades laborais, não mais apenas trancadas em fábricas e escritórios.
Hoje em dia, há uma maior flexibilidade no trabalho, necessitando ainda mais especialização por parte dos trabalhadores, que se veem em um mercado cada vez mais competitivo e dominado pela automação, essa última que tem reduzido o número de vagas ofertadas às pessoas.
Autores e reflexões sobre a sociologia do trabalho
Dois autores influenciaram fortemente os estudos relativos à sociologia do trabalho. O francês Émile Durkheim (1858 – 1917) e o alemão Karl Marx (1818 – 1883), que figuram entre os principais autores da sociologia. Eles já tratavam de questões relacionadas ao tema, como a luta de classes, a vida dos operários e as relações sociais oriundas desse mundo.
A corrente marxista observa o trabalho como a forma que o homem se conecta à natureza, além de ser o processo pelo qual ele garante o seu sustento. Sendo assim, o trabalho se coloca como elemento central para o homem, sendo que a relação do indivíduo com a natureza é intermediada pelo trabalho, proporcionando a humanização da natureza.
Já a corrente durkheimiana vai por outro caminho. O autor atesta que o trabalho representa um processo de racionalização em que os indivíduos compreendem, de maneira solidária, a divisão do trabalho como um processo mais eficaz. Nesse sentido, a solidariedade é um item importantíssimo para a vida coletiva e do trabalho.
A divisão do trabalho, portanto, é um vínculo primordial da ordem social para garantir a vida em sociedade, além de ajudar a dar um sentido de coletividade e de pertencimento perante essa mesma sociedade.