A ascensão social é algo que todos os membros da sociedade buscam, embora nem sempre seja para todos. Para que esse conceito seja alcançado e permita que as pessoas ascendam socialmente, é preciso superar problemas como desigualdade e exclusão social.
Para entender melhor o tema, neste artigo, vamos estudar o significado de ascensão social. Também, compreenderemos como funciona o processo de ascender socialmente nos dias de hoje e como o Brasil se insere nesse contexto de mobilidade social, propiciando (ou não), aos seus cidadãos, formas de “subir na vida”.
O que é ascensão social?
A ascensão social diz respeito a um crescimento que cada indivíduo pode ter dentro de uma escala social, passando de uma classe para outra, sendo que esta classe alcançada possui melhores condições financeiras e melhor qualidade de vida em relação à classe anterior. Esse conceito está relacionado à sociedade de classes, que divide as pessoas em classes sociais a partir do que possuem de elementos materiais.
Esse conceito é oposto à lógica estamental de sociedade, em que a classificação societária é feita por estamentos e está ligada a dotes e distinções nobres, muito comuns no período do Feudalismo, um modo de organização social e política baseada em relações servo-contratuais, em que os donos das terras permitiam que servos morassem em seu território, contanto que estes trabalhassem e produzissem para ele. Esse sistema predominou em boa parte da Europa durante a Idade Média.
Na sociedade de classes, acredita-se ou vende-se a ideia de que por meio do estudo e do trabalho é possível melhorar de vida e, consequentemente, ascender socialmente. No entanto, a ascensão social não está ligada apenas ao mérito individual. E depende de inúmeros fatores e eventos que são externos à própria pessoa e estão conectados a uma série de questões, tanto históricas, como econômicas, políticas, além do andamento dos governos, que influenciam na vida de todos.
Como funciona a ascensão social?
Como se nota, para a ascensão social ocorrer é necessário que vários elementos se conectem e estabeleçam uma complexa relação para proporcionar (ou não) a formação das condições que levem à ascensão social daquele indivíduo. Por isso que há um debate entre políticos, governantes e especialistas quanto à tomada de ações que incentivem o aumento e a distribuição de renda, para que se criem condições de as pessoas se moverem pela escala social.
Muito se discute, por exemplo, em relação ao oferecimento de crédito aos trabalhadores, políticas para gerar mais emprego e melhorar o grau de escolaridade da população, proporcionando também maior capacidade de compra aos cidadãos, serviços públicos de qualidade para todos e outras ações que possam incrementar a qualidade de vida da população e abrir caminho para a ascensão social.
Ascensão social no Brasil
Agora, como o conceito de ascensão social ocorre na prática? Bem, para isso, é preciso recorrer aos dados. Uma pesquisa divulgada em 2019 pela ONG Oxfam, em parceria com o Datafolha, buscou compreender como os brasileiros veem as possibilidades de ascensão social. Em geral, as pessoas percebem que superar a desigualdade é fundamental para que o país cresça.
A pesquisa apontou, também, que elas veem que há maior dificuldade para as mulheres e os negros obterem oportunidades melhores. Cerca de um terço dos entrevistados afirma que a fé religiosa é o caminho para ascender na vida, à frente de estudar e ter acesso à saúde.
O brasileiro também se acha pobre e tem noção de riqueza distorcida da realidade. Um total de 85% dos entrevistados respondeu que faz parte da metade mais pobre da população, enquanto 49% acha que para estar entre os 10% mais ricos é preciso receber mais de R$20 mil mensais, quando, na realidade, bastava receber R$4.290,00 por mês em 2017 para estar nesse grupo. Por outro lado, o brasileiro é otimista em relação ao futuro: dois terços das pessoas se veem nas classes baixa ou média, porém, apenas 22% acredita que estarão assim daqui a cinco anos.
Outra pesquisa, divulgada em 2018 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), indicou que o Brasil é o pior em mobilidade social em um ranking de 30 países. O estudo revelou que, para que um brasileiro entre os 10% mais pobres alcance o nível médio de renda do país, seriam necessárias nove gerações para que seus descendentes desfrutem dessa condição. A estimativa é igual à da África do Sul e só perde para a Colômbia. Ou seja, é muito difícil para as famílias de baixa renda saírem dessa condição, denotando a dificuldade do brasileiro de cumprir o seu otimismo diário e ascender socialmente.