Dá-se o nome “arte pré-colombiana” a todos os tipos de manifestação artísticas realizados pelos povos mesoamericanos num período anterior ao da invasão das Américas pelos europeus, principalmente pelos espanhóis e portugueses.
Significado de Arte pré-colombiana e pré-colombiana primitiva
Emprega-se, mais especificamente, o nome “arte pré-colombiana primitiva” à produção artística dos primeiros povos que construíram assentamentos agrícolas nas Américas, por volta de 2000 a.C. Vale observar, porém, que as manifestações artísticas mais antigas na região datam de aproximadamente 13.000 a.C.
Faz-se a distinção, dentro dessa arte pré-colombiana primitiva, de dois períodos: um “pré-clássico”, indo de 1800 a.C. a 200 d.C., e outro chamado “clássico”, durando de 200 d.C. a aprox. 900 d.C.
Esse período “primitivo” da arte pré-colombiana estendeu-se até aproximadamente 800 d.C., quando a Civilização Maia começou a entrar em declínio, dando início, assim, à chamada “arte pré-colombiana”, historicamente mais próxima das viagens de Colombo às Américas (que ocorreram entre 1492 e 1504 d.C.) e mais relacionada com as civilizações Inca, Asteca e Chimú.
Divisões da arte pré-colombiana primitiva
Civilização Olmeca
Considerada a mais antiga civilização mesoamericana a prosperar e ganhar certa influência na região, os Olmecas surgiram por volta de 1500 a.C. e serviram de base para o surgimento de todas as outras civilizações mesoamericanas. O apogeu dos Olmecas ocorreu entre 1400 a.C. e 400 a.C.
Pouco se sabe, entretanto, sobre a maneira como ocorreu o surgimento da cultura olmeca. Estima-se que eles tenham se assentado na região que hoje é chamada “área nuclear olmeca”, localizada na porção meridional da região costeira do golfo do México, onde hoje encontram-se os estados mexicanos de Veracruz e Tabasco.
O principal legado artístico que os olmecas deixaram foram esculturas de cabeças (ao todo 17) esculpidas em basalto, monumentos de pedras, entalhes em jade e o artesanato.
As esculturas, um dos destaques da arte olmeca, representavam possivelmente a cabeça e o rosto de reis ou figuras proeminentes da civilização olmeca e chegam a pesar mais de uma tonelada.
Um detalhe que chama a atenção é que algumas dessas cabeças esculpidas foram encontradas a quilômetros de distância das pedreiras mais próximas, o que leva a crer que eles possuíam algum sistema próprio de transporte.
Além disso, convém mencionar que os olmecas chegaram até mesmo a desenvolver um sistema próprio de escrita, envolvendo alguns hieróglifos, além de possivelmente terem sido os primeiros a construírem grandes complexos cerimoniais nas Américas, que viriam a ser adotados também por outras culturas.
Não sabe ao certo o porquê do declínio da civilização olmeca, embora alguns historiadores apontem como responsáveis alguns fatores ambientais.
Civilização Chavín
A civilização Chavín surgiu por volta de 1500 a.C. e durou até aproximadamente 200 a.C. A cultura Chavín ficou conhecida especialmente pela habilidade que tinham na fundição de metais, inclusive o ouro, auxiliando-os na ourivesaria, além de também deixarem algumas obras de cerâmica, escultura e entalhe.
Civilização Teotihuacán
A civilização Teotihuacán viveu seu auge entre 292 a.C. e 900 d.C. A cidade de Teotihuacán era um importante centro econômico, cultural e religioso. Acredita-se que diversas culturas e etnias vivessem na cidade, que era conhecida também por seus artesãos e artistas bastante respeitados.
Era na cidade de Teotihuacán que estava localizada a ainda existente Pirâmide do Sol (200 d.C.), uma das maiores construções do continente na época, além de ter ocorrido nela a produção da famosa Máscara de Teotihuacán (entre 300 e 600 d.C.)
Civilização Nazca
O povo Nazca desenvolveu-se entre 200 a.C. e 800 d.C. Artisticamente, além de poucos vasos de cerâmica policromada, são conhecidos especialmente pelas famosas Linhas e geóglifos de Nazca, no deserto de Nazca, no Sul do atual Peru. Essas linhas formam figuras como beija-flores, aranhas, macacos, peixes, tubarões, lhamas e lagartos, além de desenhos de formas geométricas.
Não se sabe ao certo o propósito de tais linhas e geóglifos. Porém, alguns historiadores acreditam que os habitantes do Povo Nazca fizessem tais símbolos com o intuito de que eles fossem vistos por seus deuses no céu, estando as linhas, portanto, intimamente ligadas com a religião e com os conhecimentos astronômicos do povo Nazca.
Civilização Moche
A civilização Moche desenvolveu-se entre os anos de 100 d.C. e 800 d.C., na costa norte do Peru. Destacaram-se especialmente pela ourivesaria, também sabendo lidar muito bem com o ouro, produzindo brincos, colares e argolas incrustrados com joias preciosas, além de possuírem talentosos artesãos, sendo reconhecidos pelas peças de cerâmica, que representam especialmente cenas do cotidiano.
Civilização Maia
A Civilização Maia surgiu por volta de 2000 a.C. e atingiu o seu auge entre os anos 200 d.C. e 900 d.C., já na era clássica. Sua extensão ia do sudeste do México até as regiões da Guatemala, Belize, Honduras e El Salvador. Como os Olmecas, os Maias também desenvolveram seu próprio sistema de escrita, além de alcançarem avanços no campo da astronomia.
A arte Maia envolvia a produção de vasos de cerâmica, estatuetas em terracota, modelos em barro e entalhes em diferentes materiais, como madeira, obsidiana, osso, concha, jade e pedra.
Destaque para os vasos de cerâmica policromática, que foram encontrados, em sua grande maioria, dentro de túmulos de pessoas proeminentes, que faziam parte da elite da civilização Maia, como o Vaso Fenton (entre 600 d.C. e 800 d.C.), e para a arquitetura Maia, conhecida especialmente pelas pirâmides escalonadas, como o Templo de Kukulcán, feito de calcário em forma geométrica piramidal.
Os Maias chegaram ao seu fim por volta de 800 d.C., por conta de envolvimento em guerras e por uma crise econômica que assolou a civilização, marcando o fim da chamada “arte pré-colombiana primitiva”.
Divisões da arte pré-colombiana
Civilização Inca
Por volta de 1200 d.C., os Incas fundam a cidade de Cuzco, tornando-se a capital do Império Inca, no sudeste do Peru, e a cultura Inca começa a se desenvolver e a prosperar. O exército desse povo era bastante treinado, fazendo com que o império se expandisse rapidamente, atingindo o seu máximo em 1450, cobrindo a região andina do Equador ao centro do Chile.
Os Incas destacavam-se pela arquitetura, com o entalhe em pedra, pela cerâmica, pela ourivesaria e pelo trabalho em tecidos.
A produção de vasos visava geralmente o uso cotidiano, sendo mais ferramentas de trabalho que ornamento, em si. Ainda assim, eram objetos com desenhos abstratos, geralmente de plantas e formas geométricas. O material mais utilizado era a argila.
O trabalho com materiais preciosos, como o ouro, visava a criação de obras destinadas à nobreza e às cerimônias religiosas, e iam desde joias a taças de ouro, passando também pelas famosas estatuetas, representando figuras humanas e alguns animais, como a lhama. O trabalho com tecido também era destinado à nobreza, sendo um símbolo de luxo e poder.
Em se tratando da arquitetura, um exemplo de construção Inca é a famosa Macchu Picchu, também conhecida como “cidade perdida dos Incas”, localizada no topo de uma montanha.
O Império Inca desfez-se após a morte do imperador Atahualpa, em 1533, capturado e executado pelos espanhóis.
Civilização Asteca
Embora a origem dos Astecas seja bem mais antiga e repleta de mistérios, em 1325 eles fundaram a cidade de Tenochtitlán, que viria a ser a capital do Império Asteca durante o auge de seu desenvolvimento.
Os Astecas destacaram-se artisticamente especialmente pela arquitetura de monumentos, pela escultura em pedra e relevos, pela cerâmica e pela pintura, embora também tenham desenvolvido festivais artísticos em que eram realizados concursos de canções e poesias.
As esculturas geralmente eram utilizadas para se adornar as construções arquitetônicas. Um exemplo é a famosa Pedra do Sol Asteca (1479), que era colocada no templo principal de Tenochtitlán. Acredita-se que a escultura em questão represente o rosto de Tonatiuh, Deus Asteca do Sol. Algumas esculturas, especialmente representando figuras humanas ou animalescas, chegavam a ser pintadas.
E falando em pintura, esse povo também era conhecido por suas pinturas, que eram geralmente feitas na pele de animais ou em panos de algodão. Um exemplo de pintura Asteca é o Códice Borbônico, um código escrito e ilustrado contendo um calendário divinatório, uma documentação do ciclo mesoamericano de 52 anos e uma seção de rituais e cerimônias.
A produção de vasos também visava atender às demandas do cotidiano, mas também eram ornamentados e pintados. As cores mais utilizadas eram o laranja, o vermelho e o preto.
O Império Asteca chegou ao fim por conta das invasões dos espanhóis, liderados por Hernán Cortez, creditado como o responsável por ter destruído os Astecas. Em 1520, o imperador Asteca Montezuma II é morto sob custódia dos espanhóis e em 1521 a capital do Império, Tenochtitlán, é tomada pelos invasores.