A arte insular, também conhecida como arte hiberno-saxônica, é o nome da arte produzida nas Ilhas Britânicas, mais especificamente no norte da Inglaterra, especialmente no reino da Nortúmbria, e na Escócia, na Irlanda e na Ilha de Man, entre aproximadamente 500 e 1000 d.C. (alguns consideram o período entre 600 e 900 d.C.).
O termo “insular” deriva do latim “insula”, que quer dizer “ilha”, uma vez que foi característica das Ilhas Britânicas. Embora tenha se desenvolvido especialmente no norte da Inglaterra, sua influência também pôde ser sentida no sul da própria Inglaterra, bem como na região da Gália, levada até lá por meio de missionários celtas. Além disso, a arte insular influenciou bastante a subsequente arte medieval.
A arte insular foi influenciada especialmente pela cultura celta. Após a invasão das Ilhas Britânicas pelo Império Romano por volta de 43 d.C., as tribos celtas britânicas refugiaram-se especialmente na Escócia e na Irlanda, que jamais foram conquistadas pelos romanos, uma vez que suas invasões nessas regiões falharam.
A arte insular destacou-se especialmente nos campos da metalurgia, da cantaria (a arte de se talhar blocos de rocha bruta) e da produção de manuscritos, principalmente na criação de iluminuras.
O que são iluminuras?
As iluminuras em manuscritos são o principal tipo de arte insular que sobreviveu até os nossos dias. Tais manuscritos consistiam especialmente em obras religiosas, principalmente o Evangelho, e serviam para ajudar os missionários a converterem os povos nativos. Foi assim, inclusive, que a arte insular chegou na região da Gália.
As obras contavam com caligrafias decoradas e elaboradas, com retratos especialmente dos quatro evangelistas (Mateus, Marcos, Lucas e João), e páginas ornamentais em tecido, antecedendo cada Evangelho e funcionando como capas internas.
A caligrafia era especialmente em traços espiralizados e entrelaçados, imitando os desenhos da metalurgia celta. Em alguns manuscritos, apenas as iniciais de cada capítulo eram decoradas. Já outros, todas as letras das primeiras páginas também eram consideravelmente decoradas.
A principal razão da ampliação e da decoração da primeira letra ou das primeiras letras era o fato prático por trás disso: uma vez que os Evangelhos ainda não eram divididos em capítulos e versículos, ter letras destacadas facilitava a identificação de determinados trechos pelos padres.
Os principais exemplos de manuscritos insulares são O Livro de Durrow (entre 650 e 700 d.C.), Os Evangelhos de Lindisfarne (entre 650 e 750 d.C.) e o Livro de Kells (800 d.C.).
Metalurgia
Embora poucos exemplares da metalurgia insular tenham sobrevivido, sabemos que eles eram produzidos tanto com fins seculares quanto cristãos. Um exemplo de metalurgia secular é o famoso Broche de Tara (entre 650 e 750 d.C.), feito de prata fundida, sendo decorado na frente e atrás. Há finos painéis de filigrana de ouro na parte da frente, representando animais fantásticos e alguns símbolos abstratos.
Já as peças de metalurgia insular iam desde placas de metais decorativas, que serviam para proteger as capas dos manuscritos, a vasos de usos litúrgicos. Um exemplo é o Cálice Ardagh (entre 700 e 750), feito de prata malhada e enfeitado com fios de ouro e pelos de animais. Ao redor do cálice e da alça, há painéis com fio de ouro contendo desenhos de animais.
Cantaria
A cantaria, por sua vez, consistia especialmente na produção de cruzes destinadas à ornamentação de igrejas e monastérios. As cruzes contavam com entalhes de imagens do Velho e do Novo Testamento.
Outro tipo de produção de cantaria eram placas de pedra, entalhadas com desenhos entrelaçados e imagens estilizadas, cenas de batalhas e animais. Tais placas eram produzidas especialmente pelos pictos, antigos habitantes da atual Escócia.
Declínio da arte insular
A arte insular entra em declínio após as invasões das Ilhas Britânicas pelos exércitos vikings, especialmente pelo ataque do Grande Exército Pagão, que consistia numa coalizão de guerreiros nórdicos, originários da Dinamarca e da Noruega, que se unificaram sob um mesmo comando, a fim de invadir os quatro reinos Anglo-Saxões, em 865 d.C.
Embora os vikings tenham sido derrotados pelo rei Alfredo de Wessex em Londres, a arte insular foi bastante suprimida durante as invasões. A data exata do término da arte insular não é consenso entre os historiadores, embora muitos considerem que tenha terminado entre 900 e 1000 d.C., sendo substituída pelo romanesco.