Elementos da Narrativa – Quais são as características de cada um deles!

Na literatura, narrativas são textos ficcionais que contam uma história de determinada maneira. Ou seja, narram algo de acordo com certa visão artística ou ponto de vista específico, que geralmente diz respeito à época e/ou à escola literária na qual a história em questão foi escrita. Para isso, é preciso lançar mão de elementos da narrativa que passem a perspectiva desejada.

Além disso, vale lembrar que narrar faz parte da vida das pessoas! Podemos até considerar que todos nós não só sabemos produzir narrativas de modo formal. No entanto, contamos diversas histórias no nosso dia a dia, como também conhecemos intuitivamente todos os elementos que formam uma narrativa e os articulamos em todas as histórias que contamos.

Então, vem com a gente conhecer e reconhecer esses elementos!

Elementos da Narrativa – Quais são as características de cada um deles! (Imagem: Goonerua/FreePik.com)
Elementos da Narrativa – Quais são as características de cada um deles! (Imagem: Goonerua/FreePik.com)

Enredo

O enredo é o conjunto de fatos, situações, eventos que formam uma história, ou seja, é o desenvolvimento da narrativa, a trama.

É possível, por exemplo, que o enredo seja cronologicamente linear ou não, que seja focado em aspectos psicológicos ou dê maior importância à descrição dos espaços físicos, entre outras características.

Narrador

O narrador é aquele que protagoniza a comunicação da narrativa, ou seja, é a voz ficcional que a comanda. Trata-se do foco narrativo, de quem contará a história.

Existem três tipos de narrador:  autodiegético ou narrador personagem; heterodiegético ou narrador onisciente; e homodiegético ou narrador observador.

Quando a história apresenta o narrador personagem, a narrativa será em primeira pessoa (do singular ou do plural). Por ser um personagem da obra, esse indivíduo terá uma visão limitada do que ocorre, marcada por suas próprias impressões.

Um exemplo interessante para se observar diversos tipos de narrador personagem é o romace “Crônica da casa assassinada”, de Lúcio Cardoso. Nela, o enredo é fragmentado, não linear, pois a narração se dá por meio de depoimentos, trechos de diários, cartas trocadas e confissões parciais. Havendo diversas vozes narrativas, é possível notar também como os espaços se alternam entre psicológicos e físicos.

Quando a história traz o narrador onisciente, por sua vez, a narrativa pode ser tanto em primeira quanto em terceira pessoa. Trata-se daquele narrador que conhece tudo e todos na obra, inclusive pensamentos, intenções, ideias etc.

Quando o que se tem na história é o narrador observador, a narrativa aparecerá em terceira pessoa. Como o próprio nome explica, quem conta a história está vendo, observando os acontecimentos.

Personagens

Os personagens são aqueles que vivenciam os fatos narrados e, por isso, é em torno deles que muitas vezes se organizam as narrativas.

Os personagens principais, aqueles que têm maior importância para o enredo, são também chamados de protagonistas. Há, ainda, aqueles que aparecem ocasionalmente ou que ficam o tempo todo em segundo plano, chamados de coadjuvantes ou personagens secundários.

Espaço

O espaço é o lugar onde a narrativa acontece: é onde a ação se passa, assim também como os ambientes sociais, psicológicos, morais e culturais que constroem uma narrativa.

Isso significa que podemos considerar os espaços de uma narrativa tanto países e cidades, quanto espaços exteriores (abertos) ou interiores (fechados), como casas, cômodos, objetos decorativos etc.

Podemos também considerar atmosferas socioeconômicas e psicológicas, ou seja, períodos da história ou recortes de uma sociedade, como espaços.

Se a história é narrada dentro da mente do personagem, ela se dá em um espaço psicológico, a partir de um fluxo de pensamentos. Um exemplo de obra em que se tem o espaço psicológico é “A paixão segundo G.H.”, de Clarice Lispector.

Quanto aos demais elementos da narrativa, o romance em questão não apresenta um enredo linear, mas pensamentos e sentimentos da protagonista, G.H. Sendo assim, é narrada em primeira pessoa do singular, expressando o chamado fluxo de consciência.

Tempo

O tempo é uma questão muito complexa; nos estudos literários, consideramos o tempo de uma narrativa o tempo da história, isto é, o tempo relativo a que uma história é narrada.

O tempo na narrativa pode ser cronológico, ou seja, marcado por datas especificas e marcos históricos, ou subjetivo, que é retratado a partir da experiência do personagem, sendo também chamado de psicológico.

Um exemplo clássico de romance cujo tempo é psicológico/subjetivo é “Memórias póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis. Narrado por Brás Cubas após este já ter falecido, é curioso como ele mesmo anuncia que contará os acontecimentos de acordo com sua preferência.

Observação: é importante não confundir a voz do narrador com a voz do autor. Em especial no caso de narradores oniscientes, é comum confundirmos essas vozes. Para que isso não ocorra, tenha sempre em mente, ao ler, que o narrador é uma identidade assumida pelo escritor, uma persona cuja perspectiva pode ser até bastante diferente daquela que o autor, como sujeito, teria.

Você também pode gostar de ler:
O que é Literatura? Definição, função e exemplos!

Referências

Reales, L. Introdução aos estudos da narrativa. Florianópolis: LLE/CCE/UFSC, 2008.

Deixe um comentário