A Conjuração Baiana foi uma revolta que aconteceu em Salvador, Bahia, em 1798. O movimento tinha forte influência da Independência do Haiti, feita por ex-escravizados contra colonizadores franceses.
Além disso, o movimento que levou à Conjuração, também chamada de Revolta dos Alfaiates, teve a participação de trabalhadores de classes mais baixas, como os próprios alfaiates, bem como bordadores, sapateiros, escravizados e ex-escravizados.
Os quatro líderes que mais se destacaram eram homens negros e pardos: os alfaiates Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus Nascimento; e os soldados Lucas Dantas e Luiz Gonzaga das Virgens.
Outra figura importante que representou a Conjuração Baiana foi o médico e cirurgião Cipriano Barata, conhecido como “médico dos pobres” e favorável à abolição da escravatura. Ele e Luiz Gonzaga das Virgens foram autores de diversos panfletos distribuídos por Salvador, com o objetivo de divulgar os ideais da Revolução.
O movimento também teve influência das ideias iluministas, ainda mais disseminadas a partir da fase popular da Revolução Francesa, bem como do grupo maçônico Cavaleiros da Luz.
Confira, na sequência, os cinco principais pontos defendidos pela Conjuração Baiana.
1 – Independência na capitania da Bahia
A revolução tinha como um dos principais objetivos o rompimento com Portugal. Portanto, buscava a Independência do território e uma emancipação da capitania.
2 – Proclamação da República
Este novo país nascia já em formato de República. Portanto, o movimento popular não buscava ter uma nova monarquia, e sim o comando na mão do povo. Além disso, defendiam que o governo fosse exercido de modo a promover maior igualdade racial.
3 – Abertura dos portos para o livre comércio
Defendiam também a abertura dos portos para os navios estrangeiros, assim como a extinção de tributos e monopólios.
4 – Aumento do soldo das tropas baianas
O movimento teve a adesão de diversos soldados, diante da insatisfação com o governo da Bahia. Por esse motivo, defendia também que soldados tivessem um aumento no soldo. Com isso, passariam a receber 200 réis diários.
5 – Abolição da Escravatura
O movimento defendia também a abolição total da Escravatura. Todas as pessoas escravizadas seriam imediatamente libertadas. Portanto, era parte dos ideais a liberdade e igualdade entre as pessoas, com o fim dos privilégios sociais. Para eles, os indivíduos deviam ser tratados com base em seus merecimentos individuais e capacidades.
Quais as causas da Conjuração Baiana?
A população vivia em péssima situação desde a transferência da capital do Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763. A população passou a ter salários cada vez mais baixos, os alimentos e produtos essenciais ficavam mais caros e o povo ainda sofria com escassez de comida.
Os latifundiários e comerciantes portugueses detinham o monopólio da agricultura e do comércio, obtendo grandes lucros. A cobrança de altos impostos e essa insatisfação generalizada levou à adesão de diversos trabalhadores ao movimento, que defendia um levante popular exigindo a instalação de um governo democrático.
Desfecho da Conjuração Baiana
A repressão se deu violentamente, após o governador da capitania ordenar a abertura de uma investigação para descobrir quem seriam os responsáveis por diversos panfletos afixados em paredes de igrejas e casas em Salvador.
O Governo ofereceu recompensas para quem delatasse os participantes. José da Veiga, então, contou ao Governador os passos seguintes do movimento e assim os líderes foram presos em flagrante, desarticulando a Revolta.
Das 669 pessoas acusadas de envolvimento, ocorreu a prisão de 49. Os líderes, João de Deus Nascimento, Manuel Faustino dos Santos Lira, Lucas Dantas do Amorim Torres e Luís Gonzaga das Virgens e Veiga, foram enforcados e esquartejados em 9 de novembro de 1799, com a posterior exibição das partes de seus corpos em diversos locais de Salvador, por cinco dias.
Apenas uma das pessoas a receber a pena capital, Luís Pires, ourives, conseguiu fugir. Houve, ainda, uma série de pessoas que tiveram como pena o degredo em países da África – estes receberam, publicamente, 500 chibatadas e foram obrigados a assistir à execução dos companheiros.
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Referência
http://smec.salvador.ba.gov.br/documentos/revolta-dos-buzios.pdf