A ideologia de gênero é um assunto que costuma despertar discussões acaloradas, porque é bastante atual e polêmica. Mas, você sabe ao certo o que é essa ideologia? A seguir, esclarecemos essa questão. Confira!
O que é ideologia de gênero
Trata-se de uma expressão comumente utilizada por quem defende que os gêneros são construções sociais. Para essas pessoas, não é a genitália que define o gênero do indivíduo, sendo as pessoas livres para escolher o que desejam ser.
Curiosamente, a ideologia de gênero está ligada a um outro conceito, o de identidade de gênero, que considera que todos os indivíduos nascem iguais e a definição de masculino ou feminino é um produto de teor histórico-cultural, criado pela sociedade.
Na prática, a identidade de gênero nada mais é que a forma como a pessoa se identifica, como ela se vê. Por exemplo, o fato de uma pessoa ter nascido com pênis não quer dizer que ela se enxerga, necessariamente, como um homem.
É justamente isso que a ideologia de gênero prega, que sexualidade não é algo imutável, construído pela sociedade, mas algo que pode ser mudado e definido pelo próprio indivíduo.
Por que esse tema é controverso e frequente no Brasil?
Questões de gênero ganharam grande destaque nos últimos anos, aparecendo em provas do ENEM, filmes e seriados que revelam transgêneros como personagens principais e coadjuvantes, o que fez com que esse grupo ganhasse voz e maior representatividade.
Mesmo assim, esse ainda é um tema pouco conhecido e que gera muito preconceito, especialmente por pessoas mais conservadoras e religiosas, que enxergam a ideologia de gênero como uma aberração ou ameaça aos costumes tradicionais. Daí o porquê de esse assunto ser tão controverso.
No passado, o estudo de gêneros foi cogitado para ser incluído no ensino em escolas, no PNE (Plano Nacional da Educação), como forma de educar crianças e adolescentes sobre o tema, para evitar preconceitos e promover uma sociedade que respeita o próximo e é mais igualitária.
Porém, o projeto não foi aprovado pela bancada mais conservadora do governo, composta por senadores, deputados e vereadores religiosos. Para eles, inserir a discussão de gêneros no currículo escolar tem como agenda destruir a família como tradicionalmente é conhecida (homem e mulher que procriam).
O projeto pode ter sido barrado e abandonado pelo governo federal, mas essa é uma discussão que se mantém em pauta, especialmente nas redes sociais, em blogs e canais de vídeos especializados no assunto, como forma de defesa de minorias e combate ao preconceito com disseminação de conhecimento. Além disso, mostra-se ao outro que tudo bem se sentir diferente e se assumir como se enxerga.
Ideologia de gênero x estudo de gênero
Quando a proposta de inserir a questão de gênero no ensino foi apresentada, imediatamente ela foi chamada de ideologia de gênero, que carrega em si algo pejorativo.
O termo “ideologia” quer dizer um conjunto de ideias que caracterizam um pensamento de um grupo ou indivíduo. No entanto, essa palavra, atualmente, é utilizada com outro sentido, para designar situações em que pessoas são persuadidas a aceitar opiniões sem que lhe seja assegurado o direito de criticá-las.
Por isso, alguns especialistas no assunto resolveram trocar “ideologia” por “estudo de gênero”, para representar exatamente o que se quer: ensinar, ajudar a pessoa a compreender expressões de identidade e discutir o tema, não doutrinar ou incentivar que o outro questione seu gênero.
Portanto, é comum encontrar especialistas, sobretudo em educação, referindo-se ao assunto como estudo de gênero, que é mais específico e menos negativo, sem dar abertura para interpretações equivocadas.
Opiniões sobre a ideologia de gêneros
1. Católicos
A ideia geral entre católicos é que a ideologia de gêneros é algo errado. O próprio Papa Francisco considera a bíblia para defender isso, afirmando que Deus criou homem e mulher, algo imutável, e que não se deve fazer ou acreditar no contrário.
2. Evangélicos
Os evangélicos defendem que a ideologia de gêneros é uma inversão de valores, que deve ser combatida. Entendem que a pessoa nasce homem ou mulher e isso não muda. Aceitar na existência da mutabilidade de gênero, para eles, é incentivar o fim da família tradicional.
3. ONU e UNESCO
ONU e UNESCO entendem que a ideologia de gênero é algo a ser debatido sem interferência de religiões, para que haja maior conhecimento sobre o tema e eliminação do preconceito. Defendem que a discussão leva a uma sociedade mais justa e igualitária, com direitos humanos assegurados a todos, independentemente de seu gênero.