A catáfora é um recurso coesivo (isso significa que ele ajuda na coesão!) que pode ser utilizado em textos quando o autor deseja apresentar algo ao discurso que ainda não foi incluído.
A catáfora acontece através de termos, que podemos chamar de elementos catafóricos; são esses termos que apresentam o que ainda não foi posto no texto. Sendo assim, é possível dizer que a catáfora é o processo de antecipar algo que ainda não foi colocado no texto.
Exemplos
Vamos a alguns exemplos, para ilustrar esses conceitos melhor:
- É só isto que queremos: a paz mundial!
- O homem seguiu-a pela rua escura
- A verdade nua e crua é esta: não sabemos o que esperar!
- O cachorro olhou-o e latiu.
Aqui, temos exemplos que contém dois tipos de coesão textual feitas através de um elemento catafórico. Nos exemplos 1) e 3), os pronomes demonstrativos “isto” e “esta” apresentam os outros termos que ainda não haviam sido inclusos ao discurso, enquanto nos exemplos 2) e 4) são os pronomes oblíquos “o” e “a” que cumprem essa função.
Percebam que “isto” introduz “paz mundial”, que no contexto da frase é o que “queremos”, e “esta” introduz “não sabemos esperar”, que no contexto da frase é a “verdade” previamente anunciada.
É possível notar por esses exemplos que a catáfora pode ser utilizada como uma forma de criar expectativa no leitor através do impacto da própria anunciação da introdução de algo que ainda não foi posto no discurso.
É importante entender que a utilização de determinados recursos, como a catáfora, pode causar diferentes efeitos no nosso texto, pois isso pode compor a nossa estilística, isto é, pode favorecer a formação de um estilo próprio ao nosso texto, à mensagem que queremos passar quando nos propomos a escrever algo.
Catáfora e anáfora
A catáfora possui um recurso primo-irmão, por assim dizer, que é o seu oposto: a anáfora.
A anáfora é justamente a retomada de termos que já foram citados antes no discurso. Ela funciona mais ou menos da mesma forma que a catáfora, através de um elemento anafórico, ou seja, um termo que é responsável por retornar alguma palavra ou conceito previamente apresentado.
Vejamos alguns exemplos:
- Janine e Lucas passaram o dia todo na fila do banco, eles não aguentam mais!
- O cachorro olhou para Lucas e latiu. O menino ficou assustado.
Aqui, também temos exemplos que contém duas formas pelas quais a anáfora pode acontecer: através do pronome pessoal, como em 5), e através de uma palavra sinônima, como em 6).
Referências
CUNHA, C; CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. 7. Ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2017.
BECHARA, E. Moderna Gramática Portuguesa. 37 edição. Rio de Janeiro: Editora Nova fronteira, 2009.