Com mais de 50 obras publicadas, Cecília Meireles foi poetisa, professora, jornalista e pintora. Ela teve um grande papel na literatura brasileira, tanto com suas obras como por ser a primeira voz feminina. Seu trabalho possui forte influência na psicanálise com foco na temática social. Há várias características simbolistas em seu material.
Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, no Rio de Janeiro, falecendo de câncer em 9 de novembro de 1964, com 63 anos, em sua cidade natal.
Biografia de Cecília Meireles
Carioca e católica, foi criada pela avó materna, Jacinta Garcia Benevides, pois seu pai morreu pouco antes de seu nascimento, e sua mãe quando ela tinha apenas 3 anos de idade. Viveu na ilha de Açores, onde começou a escrever suas poesias com apenas 9 anos de idade. Recebeu educação religiosa desde cedo, além de demonstrar grande interesse pela literatura.
Foi professora, sendo diplomada no “Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro”. Sua primeira obra foi publicada quando Cecília tinha apenas 18 anos, em 1919, sendo chamada “Espectros” – a obra tinha caráter simbolista.
Casou-se em 1922, com 21 anos, com o pintor português Fernando Correa Dias. No entanto, ele se suicidou alguns anos depois (em 1935), vítima de depressão. Em 1940, Cecília casa-se com o engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo, com o qual teve três filhas.
Começou escrever suas poesias ainda muito nova, tendo sua carreira acadêmica contribuído para sua carreira jornalística. Entre os anos de 1930 e 1931 atuou no “Diário de Notícias” escrevendo matérias sobre os problemas relacionados a educação.
Carreira de Cecília Meireles
A primeira obra de Cecília Meireles foi “Espectros”, publicada em 1919, com 17 sonetos. Alguns anos depois, em 1992, participou da Semana da Arte Moderna, ao lado de grandes nomes como Andrade Muricu e Tasso da Silveira.
Em 1934, fundou a primeira biblioteca infantil em sua cidade natal, o Rio de Janeiro. Atuante da área da comunicação, criou várias obras didáticas e poemas voltados para o universo infantil.
Em sua carreira acadêmica, lecionou tanto no Brasil como fora dele. Entre 1936 e 1938, atuou na Universidade do Distrito Federal, lecionando Literatura Luso-Brasileira. Em 1940, leciona Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas. No mesmo ano, profere, em Lisboa e Coimbra, numa conferência sobre Literatura Brasileira.
Além disso, também publica o ensaio “Batuque, Samba e Macumba em Lisboa”. Além do texto, essa obra também conta com suas próprias ilustrações.
Em 1942, Cecília Meireles torna-se sócia honorária do Real Gabinete Português de Literatura do Rio de Janeiro. Suas obras são conhecidas em vários lugares do mundo, já que foram traduzidas para vários idiomas. Além disso, durante sua carreira acadêmica, viajou para Europa, Ásia, África e Estados Unidos, sempre atuando em conferências relacionadas a Literatura, Educação e Folclore.
Obras de Cecília Meireles
Suas obras têm um caráter único e marcante. Cecília não pertencia a nenhum movimento literário, mas era bem próxima às tradições da lírica luso-brasileira. Suas poesias possuem musicalidade, o que as tornam mais cativantes ainda, além de belas.
Inicialmente, suas obras possuíam certa ligação com o simbolismo, além da religiosidade (que veio de berço), do desespero e também do individualismo. Mas, em 1939, com a obra “Viagem”, passa a ter o tom da escola modernista.
Muitas de suas obras possuem tom reflexivo com fundo filosófico. Cecília fazia com o que o leitor pensasse na transitoriedade da vida, no tempo, no amor, no infinito e também na natureza. Amante da cultura oriental, é possível ver traços do espiritualismo e do orientalismo em muitos de seus escritos.
Alguns dos títulos mais marcantes da poetisa são:
- Espectros (1919);
- Nunca Mais… e Poema dos Poemas (1923);
- Baladas Para El-Rei (1925);
- Viagem (1925);
- Viagem (1939);
- Vaga Música (1942);
- Mar Absoluto (1945);
- Evocação Lírica de Lisboa (prosa em 1948);
- Retrato Natural (1949);
- Amor em Leonoreta (1952);
- Doze Noturnos de Holanda e o Aeronauta (1952);
- Romanceiro da Inconfidência (1953);
- Pequeno Oratório de Santa Clara (1955);
- Pístoia, Cemitério Militar Brasileiro (1955);
- Canção (1956);
- Giroflê, Giroflá (prosa em 1956);
- Romance de Santa Cecília (1957);
- A Rosa (1957);
- Eternidade em Israel (prosa em 1959);
- Metal Rosicler (1960);
- Poemas Escritos Na Índia (1962);
- Antologia Poética (1963);
- Ou Isto Ou Aquilo (1965);
- Escolha o Seu Sonho (crônica em 1964);
- Crônica Trovoada da Cidade de San Sebastian (1965);
- Poemas Italianos (1968);
- Inéditos (crônica em 1968).