Chamamos de guerra civil um conflito armado que ocorre dentro de um país. Na maioria dos casos envolve forças armadas regulares e tem forte participação popular. O termo deriva do latim “bellum civile”, guerra entre os cidadãos.
É um tipo de conflito muito comum na história, e normalmente ocorre em países com pouca estabilidade política, provocando muita destruição e causando muitas mortes entre a população civil.
O que é uma guerra civil?
O conceito de guerra civil não é algo definido, sendo motivo de debate entre os historiadores que se debruçam sobre o assunto. De maneira geral, para que um conflito seja caracterizado como uma guerra civil, é preciso que haja, de fato, uma guerra. Ou seja, um conflito armado com certo grau de violência, travado dentro de seu próprio território.
É preciso, ainda, que um dos lados seja o poder vigente, e que o outro lado tenha forte apoio (ou até mesmo participação direta) da população.
Motivos que levam a uma guerra civil
Os motivos que podem causar uma guerra civil são vários, e, geralmente, estão ligados a fatores econômicos, políticos ou ideológicos, ou a uma reação a algum tipo de injustiça. Os objetivos principais serão, quase sempre, tomada de poder, mudanças no governo ou separação de uma parte do território.
Exemplos de guerras civis
Guerras civis eram constantes na Roma Antiga. Algumas são muito famosas, como a guerra entre Júlio César e Pompeu, em 48 a.C., ou entre Otávio Augusto e Marco Antônio, em 31 a.C.
Ao longo da história, vários conflitos internos foram travados, afetando as estruturas políticas e econômicas de vários países. Vejamos alguns exemplos, a seguir.
Guerra civil americana
A Guerra civil americana (também conhecida como Guerra de Secessão) é um dos maiores e mais sangrentos exemplos de um conflito interno. Iniciada em 1861, a guerra teve como motivo principal a abolição da escravatura pelo governo norte-americano.
Os estados do sul, cuja economia era baseada em mão de obra escrava, reagiram, declarando a secessão (separação) de oito estados, dando origem aos Estados Confederados da América. A guerra durou até 1865, resultando em milhares de mortos e derrota da Confederação.
Guerra civil espanhola
Esse foi um conflito que, entre 1936 e 1939, transformou a Espanha em um grande palco de batalha. A guerra começou com uma tentativa de golpe de estado feito por parte dos militares, apoiados por grupos nacionalistas e conservadores, contra o governo republicano, que tinha o apoio de grupos de esquerda e progressistas.
Após três anos de combate, o conflito terminou com a vitória dos nacionalistas, liderados pelo general Francisco Franco, que instaurou uma ditadura que só terminou com a sua morte, em 1975.
Uma curiosidade: os nacionalistas foram apoiados pela Alemanha nazista, que enviou tropas e armas para a Espanha, além de utilizar a sua força aérea para bombardear algumas cidades, como Guernica, retratada no famoso quadro de Pablo Picasso.
Guerra do Vietnã
Outro exemplo de conflito recente, motivado por uma disputa ideológica. A França, após a derrota na Guerra da Indochina, abandona a região, em 1954. Surgem, então, dois grupos na disputa pelo poder: a República Democrática do Vietname, apoiada por China e União Soviética, e a República do Vietnã, apoiada pelos Estados Unidos.
A guerra entre esses dois grupos intensificou-se em 1965, com a entrada efetiva dos norte-americanos. O conflito só terminaria em 1975 – após a retirada norte-americana -, com a vitória do Vietname e a instauração de um governo socialista.
A Guerra do Vietnã foi um dos ápices da Guerra Fria, opondo as duas grandes potências mundiais, os Estados Unidos (capitalistas) e a União Soviética (socialista).
Exemplos no Brasil
Embora o termo não seja utilizado pela historiografia brasileira, o Brasil também já vivenciou episódios de guerras civis. O caso mais famoso é o da Revolução Constitucionalista de 1932. Na ocasião, o governo do Estado de São Paulo, reagindo à deposição do Presidente Washington Luís por Getúlio Vargas, iniciou uma revolta armada, exigindo uma nova constituição e a derrubada de Vargas. Após três meses de combates, as forças paulistas foram derrotadas.
Consequências
Atualmente, está em curso uma das guerras civis mais brutais já vistas. O conflito na Síria é um grande exemplo de todo sofrimento e das consequências funestas que este tipo de conflito provoca.
Após quase oito anos de guerra, milhares de civis já foram mortos por bombardeios, pegos pelo fogo cruzado dos combates, ou executados, de forma fria, pelos dois lados. Também, são muito comuns relatos de violência sexual contra mulheres.
Além dos rebeldes que lutam para derrubar o governo sírio, a guerra também conta com a presença do Estado Islâmico, um grupo fundamentalista religioso, que ocupou parte do país para fundar um Califado. Esse grupo foi responsável por um número altíssimo de mortes, e, por conta da barbárie que tomou conta do país, milhares de pessoas fogem da região, sobretudo para a Europa, na tentativa de, ao menos, sobreviver.