Os vikings habitaram a Escandinávia entre os séculos VII ao XI, região onde hoje abriga a Suécia, Noruega e Dinamarca. Este povo teve grande importância para o desenvolvimento da agricultura, do artesanato, do comércio marítimo e da pirataria, sendo que esta última foi determinante para a expansão territorial desta nação para vários lugares da Europa.
Os historiadores acreditam que os vikings foram os pioneiros no desvendamento dos mares do oeste europeu. Especula-se que essas expedições iniciaram por conta da superpopulação viking, a qual já sofria da falta de alimentos. Assim, os trabalhadores do campo e guerreiros uniram-se para a construção de navios inteligentes (drakkars), feitos para desbravar longas distâncias e guerras.
Assim, fortalecidos por estratégias únicas de comércio marítimo, valiam-se da brutalidade e da força física para invadir territórios e expandir seus domínios para várias regiões do norte europeu. Tais características fizeram com que fossem rapidamente ligados a uma imagem bárbara e selvagem, figura que os definem até hoje em filmes, séries e histórias em quadrinhos.
As navegações vikings tomaram grande parte dos territórios da Suécia e Escócia, além da ilha de Man, ilhas Hébridas, Islândia, Groenlândia, Normandia e algumas regiões da Inglaterra, Rússia, Suécia e Finlândia. Inclusive, acredita-se que os vikings tenham sido os primeiros povos europeus a descobrirem as Américas, mas que não colonizaram a região por conta de uma terrível derrota contra nativos canadenses.
A real história dos vikings
A história defende que o começo da era viking teve início em 793 a.C, com a tomada do mosteiro de Lindisfarne, na Inglaterra, primeiro ataque de muitos outros no litoral da Inglaterra. Tais invasões deram fim a uma série de igrejas, mosteiros, joias, pedras preciosas e iluminuras. Tamanha fúria e destruição de importantes símbolos da Igreja Católica fizeram com que os guerreiros vikings tornassem-se temidos por todo mundo.
A temerosidade dos vikings ajudava-os a descobrir mais terras do que qualquer outro povo: desvendaram, até mesmo, o inóspito mar Cápsio, andando por mais 650 km sobre camelos para comprar especiarias da Índia e a famosa seda chinesa.
No final das contas, permearam tantos territórios que acabaram reconfigurando a paisagem, cultura e economia de diversas regiões do mundo. Aliás, tamanha foram as suas contribuições que é difícil para os historiadores mensurar o tamanho do impacto da Era Viking.
Apesar das aparências (e do senso comum), esse povo dedicava-se muito mais à agricultura do que à guerra, já que a maior parte dos vikings ficava concentrada nos campos de centeio, cevada, lúpulo e aveia, sendo que somente uma pequena parcela mais abastada (os guerreiros) se arriscava nas navegações.
Como o povo viking era organizado?
O povo viking era organizado de forma hierárquica, sendo a autoridade máxima o rei, o qual detinha todo o poder militar e a religioso da nação. Depois, vinham os condes e chefes tribais (jarls), que também tinham muito prestígio, sobretudo, nas decisões militares. Abaixo deles vinham os nórdicos livres, que correspondiam a todos os demais trabalhadores e a maior parte das mulheres. Por fim, a última classe social era a dos escravos, no caso, estrangeiros, presos de guerra e criminosos.
Ao contrário do esteriótipo global, a educação dos filhos (tanto das meninas como dos meninos) era delegada aos pais e não às mães, os quais tinham o claro dever de ensinar as tradições e os ofícios vikings desde o nascimento.
Apesar do grande conhecimento em artesanato e engenharia viking, sua habitação e configuração geográfica espacial era bastante simples. As casas, por exemplo, consistiam no puro empilhamento de pedras, relva e madeira seca com somente um cômodo.
Mulheres vikings eram guerreiras
As mulheres vikings tinham uma importância política e religiosa mais relevante do que nas populações cristãs da época, afinal, algumas delas exercitam o papel de guerreiras ao lado dos homens e, em geral, todas tinham liberdade para o gerenciamento da casa e dos campos.
Conforme um estudo publicado no jornal American Journal of Physical Anthropology¹, em 2017, uma nova análise de DNA comprovou que os ossos de um cadáver viking enterrado com pertences de batalha era, na verdade, de uma mulher de aproximadamente 30 anos de idade. A fonte foi a primeira pesquisa oficial que comprovou a antiga teoria de que havia mulheres guerreiras na sociedade viking, embora acredite-se que poucas delas exerciam este papel.
Outras diferenças em relação ao período medieval é que as mulheres vikings podiam se divorciar ao declarar maus tratos do marido, herdar terras, negociar com escravos e dirigir a casa – coisas impossíveis em outras culturas do mesmo período histórico.
Crenças e religião viking
Outro ponto importante da civilização viking era sua cultura e mitologia única, baseada no culto a vários deuses. Na prática, as crenças deste povo eram uma miscigenação de costumes xamãs com antigas tradições nórdicas.
A religião viking acreditava em nove mundos que estavam interligados entre si a partir de uma energia chamada de Yggdrasil. Cada um destes mundos era servido por ao menos um Deus e tinha um propósito único. Assim como acontece no Apocalipse na Bíblia, o povo nórdico acreditava em uma profecia de que o universo teria um fim trágico, no qual os deuses antigos morreriam para dar luz a uma nova era e novos mundos.
Principais deuses vikings:
- Odin: deus da guerra e da poesia; maior de todos os deuses;
- Thor: deus dos raios, trovões e da fúria;
- Frigga: deusa da fertilidade e do amor;
- Loki: deus das trapaças;
- Sif: deusa das batalhas;
- Dag: deus do dia;
- Buri: primeiro deus nórdico;
- Forseti: deus da justiça;
- Frey: deusa da beleza e prosperidade;
- Freia: deusa da sensualidade e da música.
Sabe-se, no entanto, que essas crenças vikings não perduraram por muitos anos, uma vez que seu intenso contato com outras regiões do mundo fizeram com que a religião viking se tornasse uma verdadeira colcha de retalhos, influenciada, sobretudo, pelo cristianismo.
Alguns historiadores defendem que esse povo acabou sendo dividido em três crenças de diferentes origens:
- Suecos: tinham crenças mais pagãs e fixavam-se na Europa Central e na Constantinopla;
- Dinamarqueses: foram fortemente influenciados pelo cristianismo e fixaram-se no Norte Europel e no Canal da Mancha;
- Noruegueses: fizeram uma fusão de crenças entre os deuses nórdicos e cristãos, estabelecendo-se, sobretudo, na Irlanda, Escócia, Islândia e Groenlândia.
Como eram os vikings fisicamente?
A aparência viking é cultuada até hoje como um símbolo de força e bravura. É verdade que os homens eram dotados de grande força física e espessas barbas, no entanto, os famosos capacetes não possuíam chifres – essas representações nada mais passam do que formas imaginárias da literatura que tentava mostrar vikings como símbolos da besta.
Na verdade, os capacetes vikings eram em formato cônico, feitos de madeira, couro e reforçados com metal, contando, ainda, com um protetor de nariz.
A vestimenta dos guerreiros era igualmente pesada, uma vez que precisavam suportar as baixas temperaturas do norte europeu. A maior parte das peças era fabricada em couro e peles grossas, geralmente acompanhadas de acessórios de metal e pedras entalhadas com símbolos religiosos de proteção.
Os camponeses e as mulheres, no entanto, não dispunham de vestimentas tão elaboradas. Pelo contrário: valiam-se somente de tecidos espessos e longos cabelos compridos trançados.
Famosos guerreiros vikings
Por conta da bravura e coragem, os guerreiros vikings ficaram muito conhecidos, servindo de inspiração para filmes e séries até hoje. Alguns nomes que se sobressaíram na história foram:
- Eric Bloodaxe;
- Freydis Eriksdottir;
- Sweyn Forkbeard;
- Harald Hardrada;
- Gunnar Hamundarson;
- Erik the Red;
- Ragnar Lodbrok;
- Egil Skallagrimsson.
O fim da era viking – Por que desapareceram?
A partir do século XI, os vikings tornaram-se um povo tão miscigenado e influenciado pela religião cristã, deixando de aparecer de forma quase espontânea, em um crescente declínio, e ocupando cada vez mais o papel de trabalhadores das terras que conquistaram do que como severos colonizadores. Suas influências, contudo, podem ser percebidas até hoje em vários aspectos econômico-sociais em quase todo o mundo.