O capitalismo é o sistema econômico hegemônico em praticamente todo o mundo. É ele que rege as relações de mercado entre as nações e as empresas há séculos, se colocando como sistema vitorioso e praticamente único após a vitória dos Estados Unidos sobre a União Soviética, que pregava o comunismo, um sistema econômico totalmente antagônico em relação ao capitalismo.
Neste artigo, será possível compreender em que condições surgiu o capitalismo e como ele conseguiu se colocar de forma tão predominante na sociedade mundial até os dias atuais, sendo aceito por grande parte da população, mesmo com suas contradições e seus problemas.
O que é capitalismo?
De forma resumida, o capitalismo é um sistema cuja base está fundamentada na propriedade privada, isto é, as pessoas podem ser donas de terras, móveis, empresas etc., não ficando nas mãos do Estado o controle da propriedade. Outro ponto nevrálgico no capitalismo é a busca pelo lucro e pela acumulação de capital, seja na forma de bens ou em dinheiro.
Ainda que o capitalismo seja essencialmente um sistema econômico, ele cresceu de tal maneira que já abrange os setores políticos, culturais, sociais e éticos, criando uma forma de viver em torno de seus princípios fundamentais.
Ele tem um sistema de classes sociais bem dividido, ainda que o discurso pregue o oposto. Nele, há a burguesia, os empresários e aqueles que detêm a propriedade privada e os meios de produção, e do outro, o proletariado, que vende a sua força de trabalho em troca de um salário para sobreviver.
Como surgiu?
O surgimento do capitalismo decorreu de uma longa transição e superação do período denominado feudalismo, um modo de organização social e política, em que o trabalhador rural era o servo do dono das terras, conhecido como senhor feudal.
Pode-se dizer que o começo desse longo processo histórico tenha ocorrido a partir do século XI, com o aparecimento dos burgos e do comércio entre as regiões, provocando uma tensão no modelo feudal e rural de sociedade.
Entre os séculos XVI e XVII, pode-se dizer que existiu o capitalismo comercial, também chamado de mercantilismo, formado pela força dos Estados e sua imensa intervenção na economia.
Mas, o capitalismo vai surgir de fato como um sistema econômico pleno a partir do século XVIII, com o crescimento das cidades, a explosão da Revolução Industrial e o surgimento de uma burguesia industrial e de um proletariado urbano. Esse período também é chamado de capitalismo industrial.
Tal sistema chegou no Brasil, ainda que de forma tardia, apenas a partir de 1930, quando começava a se desenvolver a indústria nacional. O atraso pode ser posto na conta da história brasileira, baseada no colonialismo e no domínio português até o século XIX, em um sistema escravocrata e de exploração das riquezas, sem um pensamento em desenvolver as coisas dentro do país.
Como funciona e o que defende?
Se no feudalismo temos como princípio a desigual relação entre o servo e o senhor feudal como base de um sistema hierárquico, estamentário e baseado em tradições e obrigações, no capitalismo, há, ao menos em tese, a defesa do direito à igualdade e à liberdade.
Nesse modelo, a reprodução da vida material não está mais fundamentada na ética militar e religiosa, mas sim na ética do trabalho livre e do progresso pela via material, como destacou Marcelo Weishaupt Proni em “História do capitalismo: uma visão panorâmica”.
Enquanto no feudalismo a universalidade era garantida pela necessidade de defender o território do feudo e no poder natural e sagrado do senhor feudal sobre aquelas terras, no capitalismo é mantido pelo direito positivo e pela afirmação de valores criados pelo mercado, a nova figura mitológica que passou a definir o que deve ou não ser feito pelas economias dos Estados.
Por fim, uma nova ideologia é defendida e ela está pautada na livre concorrência entre indivíduos “iguais”, sendo associada a uma mobilidade social que seria proporcionada pelo capitalismo.
Em contrário ao feudalismo, que mantinha a desigualdade e prisão contratual entre servo e senhor feudal, o capitalismo prega a liberdade, defendendo que todas as pessoas têm condições de crescer e acumular bens e dinheiro nesse sistema.
Capitalismo no mundo de hoje
A chamada era da globalização, vivida a partir da derrocada da União Soviética, proporcionou a supremacia do capitalismo em praticamente todo o mundo, ainda que os países estejam em níveis distintos quanto ao seu desenvolvimento. Apenas países como Cuba, Coreia do Norte, Venezuela, Vietnã e China podem ser enquadrados como países que não são capitalistas.
Mas, vale ressaltar que a China, por exemplo, mantém sua economia pautada fortemente nas relações capitalistas e de mercado, especialmente no comércio internacional, o que evidencia o quanto o capitalismo é hegemônico nos dias atuais.