Durante a Segunda Guerra Mundial, o regime nazista criou uma série de campos de trabalho forçado, destinados a receber prisioneiros de guerra e inimigos do regime. Alguns desses campos foram criados para cumprir outro objetivo: o extermínio de judeus.
Vários desses campos foram construídos pela Europa ocupada, assumindo a forma de verdadeiras “máquinas de morte” a serviço dos nazistas. Auschwitz-Birkenau, na Polônia, foi o maior desses campos, e responsável pelo maior número de mortes.
O campo de Auschwitz
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Em 1942, o regime nazista começou a colocar em prática algo que ficou conhecido como a solução final, a saber: o extermínio dos judeus da Europa. Dois anos antes, em 1940, Heinrich Himmler, comandante da SS, deu ordens para que fosse construído, no sul da Polônia, um imenso complexo, nomeado como Auschwitz.
Tratava-se de um lugar dividido em 48 áreas diferentes, cujas maiores e mais importantes eram: Auschwitz I (centro administrativo), Auschwitz II-Birkenau (campo de extermínio), e Auschwitz III-Monowitz (campo de trabalhos forçados).
O campo teve três comandantes ao longo de sua duração: Rudolf Höss, de maio de 1940 até novembro de 1943, Arthur Liebehenschel, de novembro de 1943 até maio de 1944, e Richard Baer, até janeiro de 1945.
Como o campo funcionava?
Os nazistas construíram uma intrincada malha ferroviária que conectava os campos de concentração. Os judeus chegavam ao campo por trens e, ao descer, passavam pela primeira seleção: os considerados aptos para o trabalho eram levados para a direita e admitidos no campo; os outros seguiam pela esquerda, direto para as câmaras de gás, normalmente, mulheres, velhos e crianças e homens considerados inaptos.
O grupo era avisado pelos guardas do campo de que passariam por um processo de higienização, para eliminar piolhos e outras contaminações. Suas roupas e seus pertences eram retirados, e todos eram colocados em uma sala totalmente fechada.
Os guardas despejavam dentro da sala, a partir de aberturas no teto e nas paredes, um composto chamado Zyklon-B, um pesticida à base de cianureto. O show de horrores durava, em média, de 15 a 20 minutos até que todos estivessem mortos. Os corpos eram então retirados e cremados em fornos dentro do próprio campo. As câmaras de gás de Birkenau tinham capacidade para matar até 20 mil pessoas por dia.
Aos que sobrevivessem a esse primeiro obstáculo, restava uma vida de trabalho e sofrimento. Os prisioneiros eram divididos em categorias distinguidas ou marcas coloridas nas roupas:
- Verde para criminosos comuns;
- Vermelhas para prisioneros político;
- Amarela para judeus, que tinham o pior tratamento dentro do campo.
Os prisioneiros eram acordados de madrugada para uma longa revista, que podia durar algumas horas. Eles eram retirados de seus beliches e alinhados ao lado de fora do alojamento, muitas vezes sob frio ou chuva. Após a inspeção, tinham 30 minutos para higiene antes de começar o trabalho, que normalmente durava doze horas.
A refeição era feita ao final do dia, e não passava de 700 calorias. Os prisioneiros trabalhavam muito, descansavam pouco e comiam menos ainda. Eram forçados a trabalhar até a morte.
A expectativa de vida no campo era de alguns meses. Para aqueles que tinham alguma habilidade especial ou muita prática em alguns ofícios, a vida podia ser um pouco melhor, com mais comida e menos sofrimento.
O anjo da morte
Auschwitz também é conhecida pelas experiências médicas que lá eram feitas. O mais famoso responsável por essas experiências era o Dr. Josef Mengele, que ficou conhecido como o “anjo da morte”.
Muitos prisioneiros serviram como cobaias de vários testes. Esses experimentos consistiam em testes de anatomia, busca de vacinas para determinadas doenças, efeitos de várias doenças no corpo humano, etc. Mais de 1500 pessoas foram mortas durante essas experiências, entre 1943 e 1944. Após a guerra, Mengele conseguiu fugir, vivendo na Argentina, no Paraguai e no Brasil, onde morreu em 1979.
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Libertação do campo
Após o Dia D, em 6 de junho de 1944, os alemães se colocaram na defensiva. Os exércitos aliados agora avançavam rapidamente em duas frentes, e os nazistas começaram a se preocupar com o que aconteceria se os campos de extermínios fossem descobertos. Sobretudo, o avanço do exército vermelho era mais preocupante, pois os soviéticos se aproximavam de maneira perigosa da região.
A partir de outubro de 1944, o complexo de Auschwitz começou a ser desativado, com as câmaras de gás sendo utilizadas pela última vez no dia 30. Os crematórios foram destruídos no mês seguinte, junto com a morte de todos os prisioneiros que trabalhavam e tinham conhecimento da existência deles.
Pilhas e pilhas de documentos foram queimadas, e a maior parte dos prisioneiros que ainda não tinham sido mortos foi obrigada a marchar por vários quilômetros para outros campos.
O campo foi finalmente libertado pelos russos em 27 de janeiro de 1945. Ainda havia lá cerca de 7.500 prisioneiros que foram abandonados.
Mortes de Auschwitz
Auschwitz representa o que de pior um ser humano pode provocar ou sofrer. Não há uma estimativa clara a respeito do número de mortes ocorridas em Auschwitz. Estudiosos falam em cerca de 1.1 milhão de vítimas.
Por mais que os nazistas tenham tentado esconder o que fizeram por lá, os testemunhos dos sobreviventes, e muitos documentos que não foram destruídos constituíram provas concretas de todas as atrocidades cometidas, levando vários nazistas responsáveis pelo campo a serem julgados e condenados no pós-guerra.