As línguas estão constantemente passando por mudanças. Recentemente, em 2016, o Acordo Ortográfico de 1990 passou a entrar em vigor no Brasil. As principais alterações aconteceram na maneira como algumas palavras são acentuadas e no emprego do hífen.
Porém, o estudo da Ortografia não se limita apenas a isso. Você sabe no que consiste a Ortografia? Pois vejamos agora, aqui no Gestão Educacional!
O que é ortografia?
O nome, ortografia, é de origem grega. É a junção de “ortho”, que quer dizer “correto”, e “graphos”, que quer dizer escrita. É fácil inferir, portanto, que a ortografia é a área da gramática responsável por estudar a escrita correta dos vocábulos.
É de responsabilidade da ortografia estudar e delimitar as regras de acentuação gráfica das palavras, o uso correto das letras na escrita dos vocábulos, etc.
Qual a importância da ortografia?
A ortografia é uma parte muito importante da gramática. Por meio dos chamados acordos ortográficos, países, que compartilham a mesma língua, estipulam normas comuns para manter os idiomas próximos, pois, do contrário, eles afastar-se-iam consideravelmente com o passar dos séculos, uma vez que cada um deles estipularia suas próprias regras.
É o que tem acontecido com a língua portuguesa ao longo das décadas, que contou com vários acordos ortográficos, em 1931, 1945 e 1990, além de outros, individuais de cada país, como a Reforma Ortográfica de 1971, adotada apenas pelo Brasil, ou a de 1911, a primeira reforma ortográfica do português, realizada por Portugal.
Fato é que, sem acordos ortográficos, chegaria um momento em que os brasileiros não entenderiam os portugueses, os portugueses não entenderiam os angolanos, e assim por diante.
Além disso, a existência de uma ortografia também assegura que o idioma não sofra mudanças drásticas dentro do próprio país. Afinal, se cada brasileiro tivesse suas próprias normas, cada um falaria uma língua diferente, de modo que um falante não entenderia o outro. Por isso é tão importante a existência de uma gramática.
A evolução da ortografia do português
A ortografia passou por três fases diferentes ao longo da história, como observa Rocha Lima (1996, p. 44-46): o período fonético, o pseudoetimológico e o histórico-científico.
Período fonético
No período fonético, conhecido como fase arcaica da língua, que durou até o século XVI, não havia a preocupação de se escrever os vocábulos de acordo com a forma que apresentavam em sua origem.
A preocupação, como o nome indica, era a de escrevê-los conforme se falava. Nesse período, como é de se imaginar, havia muita confusão na hora de se escrever os vocábulos, afinal, cada um tinha sua própria maneira de falar.
Por exemplo, homem poderia ser escrito: “homem”, “omem” ou ainda “ome”.
Isso era um grande problema na hora de, por exemplo, registrar historicamente alguma coisa, assim como dificultava a vida de quem precisava recorrer a registros históricos para algum propósito.
Período pseudoetimológico
No período pseudoetimológico, que começou no Renascimento e durou até os primeiros anos do século XX, houve a tendência de se aproximar à grafia do português da grafia de sua língua-mãe, o latim, por influência do eruditismo do período.
Esse foi um período problemático, também, uma vez que, no anseio de aproximar a grafia do português à do latim, incorporaram-se na escrita elementos que já haviam sido perdidos na evolução do português, como a duplicação de consoantes intervocálicas, como em “gatto” e “bocca”.
Esse também era um problema e tanto, uma vez que a ortografia desconsiderava a evolução pela qual a língua passou, e a língua realmente falada era substancialmente diferente daquela usada na escrita.
Período histórico-científico
Por fim, no período histórico-científico, a partir dos estudos do português Adolfo Coelho, em 1868, a ortografia passou a ser tratada com um viés com rigor científico.
Em 1904, o português Aniceto dos Reis Gonçalves Viana publica Ortografia nacional, a primeira descrição do sistema fonético do português. Então, em 1911, o governo português destaca uma comissão para estudar e formular as bases daquela que seria a primeira reforma ortográfica.
Essa reforma seria adotada no Brasil apenas em 1931, marcando o início de um processo que dura até os dias de hoje.
Alguns dos focos de estudo da ortografia
- Letra e alfabeto;
- Notações lexicais (acento agudo, grave e circunflexo, til, trema, apóstrofo, cedilha, hífen);
- Regras de acentuação;
- Separação silábica;
- Ditongos;
- Emprego das letras inicias maiúsculas;
- Regras de utilização das letras, como as particularidades por trás do emprego de H, X, Y, Z, CH, SS, G ou J, S ou Z, etc.;
- Regras de utilização de determinados vocábulos, como “abaixo” ou “a baixo”, “mas” ou “mais”, “onde” ou “aonde”, etc.