Florestan Fernandes – Quem foi? Biografia e Principais Obras

Florestan Fernandes foi um dos mais importantes sociólogos do Brasil. Também exerceu a carreira política, ocupando o cargo de Deputado Federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT), em duas ocasiões.

É considerado o fundador da Sociologia crítica no Brasil, à medida que seu trabalho estabeleceu um novo método de investigação sociológica, marcada pelo rigor analítico e crítico.

Florestan Fernandes

Juventude de Florestan Fernandes

Nascido em 22 de julho de 1920, na cidade de São Paulo, Florestan Fernandes mostrou gosto pelos estudos desde criança. Filho de uma empregada doméstica, foi apadrinhado pela patroa da mãe, Hermínia Bresser de Lima, filha do dono da Chácara Bresser (hoje um bairro da Zona Leste de São Paulo).

Foi na casa de Dona Hermínia que Florestan nasceu e viveu até os seis anos, convivendo com muitos livros e com um ambiente fortemente influenciado pela cultura.

Na adolescência, trabalhou como ajudante em uma barbearia, como engraxate, entre outros, até ingressar na Universidade de São Paulo, em 1941, no curso de Ciências Sociais. Em 1945, inicia a carreira de docente, como assistente do professor Fernando de Azevedo, ao mesmo tempo que continuou os estudos, concluindo o mestrado e, finalmente, o doutorado, em 1951.

Em 1969, Florestan Fernandes foi aposentado compulsoriamente pelo regime militar. Durante alguns anos, atuou como docente na Universidade de Coimbra, em Portugal, na Universidade de Toronto, no Canadá, e na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, retornando ao Brasil em 1978, para atuar na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Vida na política

Em 1986, Florestan foi eleito Deputado Federal pelo PT, participando da Assembleia Nacional Constituinte, emFlorestan Fernandes 1988, e exercendo o cargo até 1990. Reeleito em 1990, ocupou o cargo até 1995, tendo atuação destacada nos debates políticos em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade.

A sociologia de Florestan Fernandes

A obra de Florestan Fernandes é marcada pelo estudo crítico de diversos temas. Além de buscar entender a sociedade brasileira como um todo, são marcantes os seus questionamentos a respeito do próprio pensamento sociológico.

Florestan dialogava com a sociologia clássica e moderna, com as principais correntes do passado e do presente e, sobretudo, com o pensamento marxista, no qual vai buscar inspiração para entender as dificuldades de uma sociedade complexa, marcada pela desigualdade.

Nesse sentido, Florestan buscou compreender o país a partir da perspectiva dos grupos e das classes que formavam a maioria do povo, com destaque para a cultura indígena, dedicando-se, posteriormente, a estudar o papel e a presença dos negros na sociedade brasileira, e sua trajetória de povo escravizado a trabalhador marginalizado.

No campo da educação, foi um grande defensor de uma educação laica, gratuita e de qualidade, disponível para todos, e o professor como um dos principais sujeitos na construção de uma sociedade mais igualitária.

Principais obras de Florestan Fernandes

Florestan Fernandes

A obra de Florestan Fernandes é vasta, fruto de mais de 40 anos de vida acadêmica. São mais de 50 livros, inúmeros ensaios e artigos.

Suas principais obras são:

  • Organização social dos Tupinambá (1949);
  • A função social da guerra na sociedade Tupinambá (1952);
  • A etnologia e a sociologia no Brasil (1958);
  • Fundamentos empíricos da explicação sociológica (1959);
  • Mudanças sociais no Brasil (1960);
  • A integração do negro na sociedade de classes (1964);
  • Corpo e alma do Brasil (1964);
  • Sociedade de classes e subdesenvolvimento (1968);
  • Capitalismo dependente e Classes sociais na América Latina (1973);
  • A revolução burguesa no Brasil: Ensaio de Interpretação Sociológica (1975);
  • Da guerrilha ao socialismo: A Revolução Cubana. (1979);
  • Poder e Contrapoder na América Latina (1981).

Legado e morte

A obra de Florestan Fernandes é de fundamental importância para entender a sociedade brasileira. Como professor, foi o responsável por orientar a carreira do futuro presidente Fernando Henrique Cardoso, com quem manteve uma relação de amizade por toda a vida, sendo também a principal influência para Octavio Ianni, outro grande sociólogo brasileiro.

Com seu livro Corpo e Alma do Brasil, publicado em 1964, recebeu o Prêmio Jabuti, um dos mais importantes prêmios literários do país, e, por sua contribuição ao desenvolvimento da pesquisa na Sociologia, foi agraciado postumamente com o Prêmio Anísio Teixeira, em 1996.

Além de tudo, foi homenageado pela Universidade de São Paulo, que batizou a biblioteca da Faculdade de Letras, Filosofia e Ciências Humanas com seu nome.

Florestan Fernandes morreu em 1995, em decorrência de complicações após um transplante de fígado.

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