Alienação social – O que é? Tipos e Exemplos

A alienação é uma palavra que possui diversos significados, dependendo da área do conhecimento em que ela está sendo empregada e analisada. Por exemplo, do ponto de vista jurídico, alienação quer dizer a doação, cessão ou mesmo a venda de algum item que se possua de forma privativa. Na filosofia, o conceito está ligado à raiz alemã do termo que significa “estrangeiro” ou “exterior”.

Mas, o que interessa para nós, neste artigo, é o emprego da palavra dentro da Sociologia, seus significados e sua aplicabilidade. Em geral, o senso comum utiliza o termo “alienado” para se referir a alguém que está alheio, distante dos acontecimentos, das pessoas e até mesmo da sociedade. Essa interpretação está próxima de como a alienação é enxergada pela academia, mas esconde outros conhecimentos que são importantes para entender o conceito. Vejamos, a seguir.

Alienação social

O que é alienação social?

A alienação social se refere à forma como indivíduos de uma sociedade acabam sendo padronizados pelas formas de vida dentro de um contexto social que fazem com que percam, ainda que de maneira parcial, o seu senso crítico.

É aqui que surge o “senso comum”, já mencionado na introdução, e que nada mais é do que um conjunto de suposições e crenças populares sem embasamento e que surgem devido à ausência de reflexões mais profundas. Nessa concepção, o senso comum deixa o debate raso e supérfluo.

No processo de alienação social, as pessoas não se reconhecem mais como partícipes e produtoras das instituições existentes na sociedade. Diante disso, é possível tomar dois caminhos. O primeiro é o da passividade, em que os sujeitos se entregam àquela realidade, julgando-a como natural, racional, religiosa. Isto é, seja por uma análise de que uma suposta “vontade de Deus” faz com que eu tenha que passar por algum percalço ou alguma miséria, ou ainda a condição de ter nascido pobre leva a acreditar ser algo comum e que leva um tempo de trabalho e dedicação para conseguir superar tal realidade.

No segundo aspecto, a insatisfação em relação a essa alienação pode levar que alguns se rebelem e lutem para modificar a realidade que os condiciona a viver daquela maneira. Em ambas as situações, a sociedade é o elemento alienante e o que diferencia é a ação de cada um, seja com poder sobre a transformação daquilo ou sem nenhuma condição de modificar esse cenário.

Alienação social

O conceito de alienação em Marx

Um dos principais filósofos a estudar e a tentar explicar o conceito de alienação foi o alemão Karl Marx (1818 – 1883), tendo essa palavra um elemento central em seus estudos sobre a relação do capital e do trabalho.

A alienação foi estudada especialmente nos primeiros textos do jovem Marx, quando ele ainda amadurecia intelectualmente seus estudos. Uma das obras em que ele mais trata do tema é Manuscritos econômico-filosóficos – a outra é Os Grundisse.

Isso foi importante para que ele construísse a base da crítica do trabalho no capitalismo e da condição de alienação em que o trabalhador acaba sendo submetido, sendo uma mera ferramenta dentro do processo de produção capitalista.

Em O conceito de alienação no jovem Marx, José D’Assunção Barros menciona que o filósofo havia se encantado com a percepção de que o homem seguia transformando o mundo com o seu trabalho e a sua práxis, além de seguir modificando a si mesmo com a sua atuação na sociedade. A natureza, então, se humanizara, a partir da mudança feita pelo homem na Terra.

Por outro lado, Marx também havia percebido o que o autor denomina como a “terrível sombra”, isto é, “a percepção de que este mesmo homem, neste ponto de sua análise multiplicado pela infinidade de indivíduos, também se perdera na história, se ‘desumanizara’ e se ‘desnaturalizara’; em uma palavra, ‘se alienara’ (da natureza, de si mesmo e de suas próprias criações”. Isso fez com que a alienação passasse a ser o seu grande tema na fase inicial de seus escritos.

Alienação social

Tipos e exemplos

Dentro da alienação, Marx determina que não havia apenas uma, mas diversos tipos. Todas as coisas que caminhavam à fragmentação do indivíduo e que o apartava da sociedade, de si e das coisas que ele participava e criava, bem como da consciência pela qual ele deveria ter, transformando-o em um animal, era considerado por Marx como alienação.

O jovem Marx elenca uma série de tipos de alienação, aos quais destacamos resumidamente, a seguir:

  • Alienação religiosa do indivíduo: separação do homem do mundo real pelo foco em religiões e crenças;
  • Em relação à natureza: desnaturalização do homem, apartando-o de sua essência;
  • Em relação à sua qualidade humana: indivíduo reduzido a um mero animal, sem levar em conta a sua capacidade pensante e realizadora;
  • Alienação política do indivíduo: aparte do homem de seus próprios interesses, ao cuidar apenas de sua subsistência;
  • Em relação aos outros homens: isolamento da pessoa no universo capitalista, sem reconhecer-se parte de uma comunidade;
  • Reificação do trabalhador: visão do proletário como um mero objeto do sistema, que faz uma atividade e recebe para aquilo;
  • Alienação da atividade produtora: fragmentação do trabalho em vários compartimentos;
  • Em relação às suas criações: separação do trabalhador com o fruto de seu esforço, alienando-o no que tange à sua importância na engrenagem do capital.

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