O século XIX foi marcado pelo surgimento de diversas correntes de pensamento e ideologias políticas, que buscavam fazer um contraponto ao crescimento do capitalismo, impulsionado pela industrialização europeia. Uma dessas ideologias é o Anarquismo.
Confira, a seguir no Gestão Educacional, o que é esse movimento, como ele surgiu e principais influências!
O que é anarquismo?
Anarquismo é uma ideologia política que defende o fim do Estado e de qualquer tipo de hierarquia ou dominação, seja ela religiosa, cultural, política, econômica ou social.
Os anarquistas defendem a autogestão e a coletividade da sociedade, sendo seus mais famosos teóricos Pierre-Joseph Proudhon e Mikhail Bakunin.
Conceito de anarquia
Quando ouvimos a palavra anarquia, logo pensamos em caos e desordem. Essa visão ganhou força durante a Revolução Francesa, utilizada para desqualificar os grupos de oposição.
O termo vem da palavra grega anarkhos, que pode ser traduzida como “sem governo”. Daí o costume de associar anarquismo com a falta de organização. Os anarquistas defendem a ideia de uma sociedade na qual os indivíduos tenham o direito de usufruir de toda a liberdade possível. E, nessa perspectiva, o Anarquismo seria um projeto de construção, e não de desordem, que, por sua vez, resultaria do autoritarismo das instituições.
Breve história do anarquismo
Elementos das ideias anarquista já eram identificados em alguns autores, assim como em alguns movimentos religiosos ou políticos, anteriores à segunda metade do século XIX. O filósofo francês Pierre-Joseph Proudhon foi o primeiro a utilizar o termo, em sua obra O que é propriedade, de 1840. As ideias de Proudhon serviram como base para o Anarquismo. Anos depois, Proudhon conheceu Karl Marx e Mikhail Bakunin em Paris, tornando-se próximo de ambos.
Em 1864, foi fundada, em Londres, a Associação Internacional dos Trabalhadores, conhecida posteriormente como Primeira Internacional, que tinha como objetivo criar um organismo na qual a classe trabalhadora pudesse se reunir para discutir projetos em comum. Dessa associação, faziam parte sindicalistas, comunistas, os seguidores de Proudhon, chamados de mutualistas, e os seguidores de Bakunin, conhecidos como federalistas, entre outros.
Em 1872, após divergências com a direção da Associação Internacional, os anarquistas rompem com os demais grupos, fundando a Internacional de Saint-Imier. Nesse momento, as ideias anarquistas já haviam se espalhado pela Europa, representadas por diversos grupo em vários países.
Características do anarquismo
O Anarquismo se divide em várias vertentes, que divergem entre si em determinados pontos. De modo geral, as ideias anarquistas estão fundamentadas nas seguintes características:
Fim da autoridade
A ideia central do anarquismo é a rejeição de todas as formas de autoridade, incluindo a religião, na medida em que vê nelas a representação de todos os males humanos. O Estado configura o maior tipo de opressão, privando os indivíduos de toda a liberdade e impedindo-os de decidir sobre a sua própria vida por meio de uma série de obrigações.
Defesa da autogestão
Os anarquistas acreditam que a sociedade deveria ser autogerida, ou seja, na ausência do Estado, os próprios cidadãos deveriam se organizar com o intuito de criar uma estrutura que permite a participação de todos, para possibilitar a vida em sociedade e a busca do bem comum.
Fim da propriedade privada
Outro importante aspecto da ideologia anarquista é o fim da propriedade privada dos meios de produção. Ela é essencial como forma de acabar com o capitalismo, uma vez que o sistema capitalista cria desigualdades sociais e econômicas, com a exploração do trabalho.
Importante ressaltar que os anarquistas não são contra a propriedade de bens considerados individuais.
Principais vertentes
A ideologia anarquista possui muitas vertentes que divergem em vários pontos. As mais conhecidas e estudadas são: Mutualismo, Anarquismo individualista e Anarquismo coletivista.
No mutualismo, defendido por Proudhon, os trabalhadores se juntariam a associações livres, com seus próprios recursos, num sistema de apoio mútuo. É considerado o “primeiro anarquismo”, visto que Proudhon foi o primeiro a utilizar o termo.
No coletivismo, defende-se o fim do Estado e a socialização dos meios de produção, que seriam geridos pela sociedade. Nesta vertente, o coletivo se sobrepõe aos interesses individuais. Bakunin foi o grande pensador dessa vertente.
Já os individualistas têm o indivíduo como figura central, aceitando a ideia de que o interesse individual pode se sobrepor ao coletivo.
Semelhanças e divergências com o comunismo
Anarquismo e Comunismo compartilham de muitas ideias em comum, na medida em que buscam o mesmo objetivo: uma sociedade sem uma autoridade opressora e gerida pelos próprios cidadãos.
A principal divergência se dá no modo como esse processo deve acontecer. Enquanto os comunistas defendem uma transição entre o sistema capitalista ao comunista, a maior parte dos anarquistas defende uma ruptura total e imediata.