Atualmente, tem sido cada vez mais difícil encontrar espécies que apresentem diferenças evolutivas tão claras. A grande parte da diversificação das espécies só é possível de ser avaliada graças a análises de DNA com o uso de marcadores moleculares.
Dentre os mecanismos responsáveis pela especiação, o cruzamento natural entre espécies que são geneticamente próximas tem se destacado por gerar híbridos que são férteis. Com isso, os híbridos podem gerar novas espécies diferentes das que lhe deram origem se obtiverem tempo e condições ambientais favoráveis. Esse processo é chamado de hibridização e estima-se que aproximadamente 25% das plantas e 10% dos animais sofrem desse processo de forma natural.
O que são animais híbridos?
Anteriormente, definia-se como animais híbridos apenas aqueles que não eram férteis, como é o caso da mula. Hoje em dia, animais híbridos são aqueles que são o resultado do cruzamento de duas espécies distintas, mas que ainda assim são capazes de produzir descentes férteis ou não.
Quando os híbridos são férteis?
A produção de híbridos férteis depende das espécies que cruzaram e das características de cada uma. Por exemplo, duas espécies de roedores subterrâneos produziram híbridos, Ctenomys minutus e C. lami. Para que o descendente seja fértil, a fêmea deve ser uma C. minutus e o macho C. lami. Já a combinação contrária leva à produção de descentes estéreis.
Consequências
As consequências dos processos de hibridização são diferentes para casos que ocorrem de maneira natural daqueles que são influenciados pelo homem. Espécies que são mais aparentadas, relacionadas entre si, compartilham parte do seu genoma. Assim, em geral, os descendentes são viáveis e férteis. Já espécies mais distantes, que começaram a se cruzar recentemente, não eram acostumadas a realizar trocas genéticas.
Alguns fatores antrópicos têm levado a processos de hibridação, como as mudanças climáticas, que afetam o cruzamento de diferentes espécies de sapos e ursos, que se vêm obrigados a alterar sua área de ocorrência por conta da temperatura ou pelo derretimento polar no Ártico.
A introdução de espécies exóticas pode fazer com que esses animais passem a se reproduzir com uma espécie nativa ou ainda que ocorra a substituição de uma espécie por outra, como no caso das espécies invasoras
Exemplos de animais híbridos
Na Itália, descobriu-se a hibridização entre o sapo-europeu (Bufo bufo) e sapo-balear (Bufotes balearicus). O estudo realizado sugere que o ciclo reprodutivo do Bufo bufo acabou ocorrendo mais tarde por conta das mudanças climáticas, e coincidiu com o ciclo do Bufotes balearicus. Além disso, essa última espécie, que antes era restrita ao Sul da Itália, vem expandindo sua distribuição. O fator mais espantoso do caso é que elas estão separadas geneticamente há cerca de 30 milhões de anos.
Outros casos famosos de hibridação são:
- Grolar: híbrido entre o urso pardo com o urso polar;
- Coywolf: originário do cruzamento entre coiotes e lobos;
- Narluga: híbrido entre o narval e a beluga.