Dentre outros fatores, o sucesso evolutivo dos animais que habitam o planeta hoje está relacionado com suas adaptações reprodutivas. Tais adaptações permitem a sobrevivência dos indivíduos na natureza e sua consequente transferência de genes para as gerações futuras, produzindo descendentes. Assim, a reprodução é de suma importância para a conservação das espécies.
Em geral, os animais são classificados em ovíparos, vivíparos e ovivíparos. Neste artigo, nos atentaremos às características dos vivíparos, que são aqueles que não expelem os ovos no meio externo.
Este sistema reprodutivo é uma das adaptações mais significantes em vertebrados, porque permite a proteção do filhote contra predação ou outros fatores ambientais, uma vez que o filhote indefeso está sempre com a progenitora.
O que são animais vivíparos?
Basicamente, animais vivíparos são aqueles que mantêm o embrião dentro do corpo materno, onde ocorre o seu desenvolvimento.
As espécies que apresentam viviparidade possuem as seguintes características:
- Nutrição do embrião: por meio do sangue materno;
- Transporte de nutrientes: na maioria das espécies vivíparas, este transporte é realizado pelo cordão umbilical, que liga a mãe à placenta;
- Nascimento: só ocorre quando o embrião está completamente formado. Ou seja, só é expelido do corpo materno quando estiver pronto;
- Gestação: costuma ser longa, mas varia entre espécies;
- Prole: reduzida.
Animais que pertencem a esta categoria
Em quase todos os grupos de animais há exemplos de espécies vivíparas. No entanto, nas aves, todas as espécies são ovíparas. Por outro lado, a maioria dos mamíferos possui este sistema reprodutivo.
Em mamíferos eutérios, a viviparidade depende da presença da placenta, uma estrutura que permite a viabilidade e o crescimento do embrião dentro do corpo materno.
Confira com detalhes as características ecológicas de três espécies desta categoria:
Canguru (Macropus sp.)
O canguru é um mamífero Marsupial, que apresenta reprodução vivípara. No entanto, o filhote deixa o útero materno antes de estar totalmente desenvolvido. A fecundação ocorre dentro do corpo da fêmea, dentro de 48 horas após o coito.
No útero, a gestação dura entre 30 e 40 dias, e cada ninhada dá origem a apenas um filhote imaturo. Antes do parto, a fêmea limpa o marsúpio (bolsa) e o filhote precisa escalar da vagina até esta bolsa, onde terminará seu desenvolvimento durante um ano.
Canguru é o animal símbolo da Austrália, e sua alimentação é herbívora. Um indivíduo adulto pode atingir 80kg e 1,4 metros de altura dependendo da espécie. Sua coloração varia entre cinza, marrom e avermelhado.
Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla)
É um mamífero de médio porte, podendo atingir 45kg e 2,20 metros de comprimento. É facilmente identificável por seu pelo acinzentado, com uma faixa escura no dorso, e uma cauda comprida e muito peluda.
Habita florestas, savanas e até áreas agrícolas, como plantações de eucaliptos. Sua dieta é baseada no consumo de formigas e cupins, mas pode também ingerir outros insetos, utilizando sua língua fina e comprida.
Sua faixa de ocorrência é a América do Sul e Central. É um animal solitário, com exceção da época reprodutiva. A gestação dura, em média, 6 meses, dando à luz a apenas um filhote por vez, podendo ocorrer gêmeos. A mãe carrega o filhote no dorso por até nove meses após o nascimento. Só quando o filhote sai do seu dorso, a mãe estará apta a se reproduzir novamente.
Tubarão Azul (Prionace glauca)
Esta espécie é um dos tubarões mais fáceis de identificar, por conta da sua cor azul índigo. Indivíduos adultos podem chegar a medir 3,8 metros de comprimento e 52kg.
Sua dieta é baseada no consumo de lulas e peixes, mas também ingerem alguns invertebrados marinhos, como camarões. No entanto, são considerados oportunistas, pois podem se alimentar de carcaças, também.
É um animal de distribuição circunglobal, migratória, ocorrendo em águas temperadas com temperatura entre 10 e 20ºC. E é consideravelmente abundante nas suas regiões de ocorrência.
Ao contrário da maioria dos tubarões, P. glauca é vivípara. Depois da copulação, as fêmeas mantêm o espermatozoide no oviducto por meses ou anos esperando pela ovulação. Depois da fecundação, a gestação dura entre 9 e 12 meses, e o filhote é expelido quando está desenvolvido o suficiente para nadar por conta própria. Podem nascer entre 25 e 50 filhotes por vez, e cada um pode atingir até 51cm de comprimento.
Curiosidades
Mamíferos monotremados, como o ornitorrinco e a equidna, não são vivíparos. Nestes animais, a gestação ocorre dentro de um ovo, sendo, portanto, classificados como ovíparos.