As primeiras considerações feitas sobre o conceito de arquétipo surgiram em 1919, com os estudos elaborados por Carl Jung. Para ele, a mente humana seria representada por três esferas, sendo a mais superficial a consciência, a intermediária o inconsciente pessoal e a mais interior o inconsciente coletivo. Os arquétipos estariam inseridos justamente no inconsciente coletivo.
Essa nomenclatura define um conjunto de experiências vivenciadas repetidas vezes por nossos antepassados a tal ponto que formar uma marca ou impressão. São, na realidade, um padrão de comportamento que interfere na forma como sentimos, fantasiamos e sonhamos.
Esses modelos podem ser percebidos pela presença de símbolos, mitos e lendas bastante semelhantes em diversas culturas, que nos mostram como o pensamento humano se origina de uma base comum.
O que é arquétipo?
A origem dos arquétipos tem inspiração em Plotino, filósofo neoplatônico, que acreditava que o mundo como o percebíamos nada mais era do que uma reprodução do que já existia no mundo superior. Com a junção do neoplatonismo e do cristianismo, o termo também passou a ser utilizado por Santo Agostinho.
O conceito da palavra, no entanto, desenvolveu-se com Carl Jung. As imagens primordiais seriam um conjunto de imagens e comportamentos padrões que herdamos ao nascer, independente da cultura, do meio ou do lugar.
Essas imagens e esses comportamentos primordiais são originários de experiências vivenciadas em várias gerações e que estariam depositadas em nosso inconsciente coletivo. Elas não dependem de situações vivenciadas por nós, preexistem e podem se desenvolver a partir das experiências.
Um exemplo claro do que seriam as imagens e os comportamentos primordiais é o medo do escuro. Desde novos, sentimentos que o escuro é algo a se temer, independente de qual experiência tivéssemos com a escuridão. Esse medo poderá se tornar maior ou menor, à medida que desenvolvemos o arquétipo.
Para Jung, as imagens primordiais seriam o resultado de uma repetição contínua de experiências básicas que ocorrem por várias gerações. Essas experiências são anteriores à nossa inconsciência pessoal e à nossa consciência (ego). Mas, à medida que são experimentadas e vivenciadas, contribuem para a criação da consciência.
Por esse mesmo motivo, as imagens não podem ser consideradas fixas e imutáveis. Na verdade, tratam-se de conceitos vazios que tomam forma conforme são experimentados.
A incessante repetição de vivências ao longo das gerações tem o objetivo de desenvolver a individuação. Ou seja, tomar consciência de quem somos e desenvolver nossa autoconsciência. Os arquétipos funcionam como um estrutura capaz de administrar toda essa experiência de conhecimento adquirida.
Em seus estudos, Jung percebeu que vários dos símbolos eram disseminados em narrativas, lendas, seres mitológicos e contos de fadas por gerações, como uma forma de repassar essas experiências. Diante de tais narrativas e lendas comuns em várias culturas do mundo, Jung propôs 12 arquétipos principais: o sábio, o mágico, o explorador, o herói, o criador, o rebelde, o tolo, o amante, o homem comum, o cuidador, o governante e o inocente.
Todos eles podem ser analisados individualmente, apesar de constituírem um todo. Porém, alguns deles se tornaram tão independentes que se destacam na análise da personalidade, como a persona, a anima, o animus e a sombra.
A persona, a anima, o animus e a sombra
Persona é o arquétipo do que é aceito em sociedade. Representa a máscara que colocamos para esconder o que não é aceito e manifestar padrões que são considerados socialmente aceitáveis – tudo para pertencer a um grupo e para contribuir com a convivência com outras pessoas em sociedade.
Anima e animus são arquétipos que visam melhorar a convivência e o relacionamento entre os sexos. Enquanto a anima é a representação do feminino inconsciente no homem, o animus é representação do masculino inconsciente na mulher.
Sombra representa aquele arquétipo que guarda todas as características, positivas ou negativas, que foram negligenciadas e rejeitadas pelo Ego consciente. Ela representa o oposto da Persona. Por isso, não aceitar as características escondidas pela sombra é capaz de causar um desequilíbrio na persona.
Os arquétipos e a literatura
Hoje em dia, o conceito dos arquétipos não se restringe apenas à filosofia e à psicologia. A ideia é bem utilizada para análise e construção de textos na literatura, sendo capazes de dar um significado e um rumo a uma história.
Os arquétipos podem ser divididos entre três classificações.
- De caráter: conferem características de qualidade e defeito aos personagens. Herói, pária, bode expiatório, donzela, entre outros;
- De circunstâncias: dão o sentido da história. A tarefa, a missão, a viagem e outros.
- Simbólico: representa o simbolismo da história a ser contada. Luz vs. escuridão, céu vs. inferno, simbolismo, número e outros.
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