A Arte Bizantina ganhou influência especialmente após a mudança da capital do Império Romano de Roma para Constantinopla, em 330, pelo imperador Constantino I (272-337). Com isso, Constantinopla tornou-se um centro cultural, artístico e comercial, especialmente por assumir o papel de um entreposto de rotas comerciais marítimas (por estar situada no Estreito de Bósforo, entre o Mar Negro e o Mar de Mármara), favorecendo o comércio e o intercâmbio cultural entre a Europa e o Oriente.
Considera-se que o apogeu da Arte Bizantina foi durante o reinado do imperador Justiniano I, entre 527 e 565.
A Arte Bizantina chegou ao seu fim em 1453, com a conquista de Constantinopla pelos Turcos, durando, assim, mais de mil anos.
Divisões da arte bizantina
Os historiadores geralmente dividem a Arte Bizantina, de maneira mais generalista, em três períodos:
- A Era de Ouro da Arte Bizantina, que perdurou desde a mudança da capital do Império Romano para Constantinopla (330) até meados do século VIII (possivelmente 730, com a iconoclastia estabelecida pelo imperador Leão III, o Isauro);
- O Período Médio, que durou de 843 a 1261;
- A Arte Bizantina Tardia, indo de 1261 até a queda de Constantinopla, em 1453. Alguns consideram esta como a segunda Era de Ouro da Arte Bizantina.
Período de Iconoclastia
Entre a Era de Ouro e o Período Médio, houve ainda um quarto período, marcado pela iconoclastia, ou seja, contra a veneração de ícones e imagens religiosas, a qual os bizantinos consideravam, na época em questão, idolatria e, portanto, contra os preceitos bíblicos, resultando, assim, na destruição de diversas imagens religiosas, muitas delas consideradas obras de arte.
O principal responsável pelo período iconoclasta foi o conflito entre os imperadores e o clero, que chegaria ao fim apenas com o chamado Triunfo da Ortodoxia, marcado por um sínodo em Constantinopla em 842, convocado por Teresa, esposa do falecido e último imperador iconoclasta, Teófilo, e por seu filho, Miguel III, o Ébrio, restaurando os ícones às igrejas e recuperando as relações entre o Império e a Igreja.
A questão da idolatria ainda é polêmica na região até hoje: o Islamismo, por exemplo, religião da atual Turquia, cuja capital é a antiga Constantinopla (hoje Istambul), considera a idolatria como um pecado imperdoável, segundo o Alcorão.
O Império Bizantino era Católico, fato que mudou em 1054, quando ocorre a Cisma do Oriente, resultando no distanciamento entre o Papa e os bizantinos e na criação da Igreja Ortodoxa. Segundo a perspectiva atual da Igreja Ortodoxa, a confecção e veneração de ícones de Cristo são obrigatórias (com exceção de estátuas); do contrário, significaria a negação da reencarnação.
Características da arte bizantina
É muito difícil definir em poucas palavras um estilo artístico que, como comentado, durou mais de mil anos. Entretanto, algumas características mais gerais podem ser elencadas.
A primeira delas é a nítida relação entre arte e religião. O fazer artístico era essencialmente dominado por temas religiosos, representados de maneira impessoal, ou seja, sem marcas pessoais do artista, como incorporações de emoções ou pensamentos individuais. A impessoalidade era tanta que os artistas nem ao menos assinavam as obras, com exceção de alguns do período tardio. A predominância de temas religiosos explica o porquê da aparente lacuna durante o período iconoclasta.
Essa padronização resultou em uma arte mais homogênea, sem grandes variações ao longo dos séculos.
A hierarquia e o senso de ordem também são temas recorrentes na arte bizantina. Os bizantinos acreditavam que o imperador era um representante de Deus na terra, sendo, portanto, frequentemente representado nas pinturas, inclusive ao lado de Cristo, outro símbolo de hierarquia, ordem e justiça.
Arquitetura
A arquitetura bizantina herdou em parte conceitos recorrentes da arte romana, como a presença de arcos, cúpulas e abóbodas, introduzindo conceitos como o plano centrado (plano radial), com uma cúpula central.
Os edifícios, majoritariamente religiosos, eram grandes, tanto para evidenciar o poder de Constantinopla, de maneira imponente, quanto para inspirar nos cristãos a sensação de pequenez diante da grandiosidade de Deus e da Igreja.
Para passar essas impressões, criava-se espaços internos grandes, geralmente circulares, octogonais ou quadrados, frequentemente com um único e grande domo central, para que o fiel pudesse olhar para cima e, assim, contemplar a grandiosidade do plano divino através de afrescos ou mosaicos representando cenas bíblicas ou o universo, também muito presente na iconografia oriental.
Um bom exemplo é a Basílica de Santa Sofia, na então Constantinopla (atual Istambul, Turquia), erguida em apenas cinco anos no reinado do imperador Justiniano I, entre 532 e 537. O grande domo circular é sustentado por quatro colunas em cada ângulo da base, que é quadrada. Um detalhe interessante é que, nesta base, há quarenta janelas, cuja entrada de luz causa a impressão no espectador de que o domo está flutuando. No centro do Domo ficava a imagem do Cristo Pantocrator, o “Rei de Todos”.
Pintura
A pintura bizantina era destinada à ornamentação de paredes e tetos das construções religiosas.
Consagra-se, nesta época, os “ícones”, vindo “ícone” do grego “eikon”, que significa “imagem”. No começo, referem-se a imagens representando o rosto de Cristo, mas logo passaram a representar, também, a Virgem Maria e outras entidades sagradas. Embora geralmente pintados em painéis, também eram comuns em tapeçarias e mosaicos.
Os ícones derivaram da arte acheiropoieta, ou seja, de imagens que se acreditavam ter sido feitas não pelas mãos dos homens, mas pela intervenção de Deus. Tratavam-se, assim, de imagens divinas e milagrosas, sendo verdadeiros símbolos litúrgicos.
O já mencionado período iconoclasta atacou justamente estes ícones, pois considerava a prática um tipo de idolatria (adoração a ídolos), o que fez com que muitos artistas migrassem para a Europa.
Uma das características mais marcantes da pintura bizantina é o uso de cores de forma simbólica. Por exemplo, o vermelho-púrpura, cor das vestes imperiais da época, representava a glória de Cristo (estabelecendo, assim, um paralelo entre Cristo e o Imperador). O azul representava o céu e, consequentemente, o paraíso. Um exemplo deste uso deliberado das cores é a pintura, já do período tardio, A Virgem e o Menino Entronado (1280-1285), de Giovanni Cimabue.
Os mosaicos, por sua vez, chegavam a ser tão relevantes quanto as pinturas. Eles representavam cenas religiosas e ícones. Suas cores eram pensadas de maneira a refletir com mais intensidade a luz. Com este intuito, empregava-se, inclusive, azulejos de ouro. O uso deliberado das cores também era uma característica, portanto.
Escultura
A escultura não teve lugar de destaque na arte bizantina. Destinadas exclusivamente à ornamentação de paredes, tetos e fachadas de construções religiosas, elas deram continuidade à tendência da arte romana de se produzir retratos realistas. Geralmente, misturavam elementos religiosos e imperiais.