Cruzada é um termo utilizado para designar uma série de expedições militares de cunho religioso, travadas na Idade Média entre nobres cristãos europeus e muçulmanos. O objetivo dessas expedições era retomar o controle da Terra Santa, então sob domínio islâmico.
Popularizados pelos filmes e pela literatura, esses movimentos tiveram início no século XI, estendendo-se até o século XIII. A historiografia atual lista, ao todo, 10 cruzadas ao longo desse período.
O que são as Cruzadas?
Os soldados que se engajaram nessas guerras eram chamados de cruzados, em referência à cruz vermelha que eles carregavam em suas vestes e seus escudos. Esses homens consideravam-se “soldados de cristo”. O termo cruzada só passou a ser utilizado séculos depois.
Antecedentes das Cruzadas
O embate entre cristão e muçulmanos começou em 711 d.C., na batalha de Guadalete, na Espanha. Nessa data, Rodrigo, o último rei visigodo, foi derrotado pelos árabes. Como consequência, quase toda a Península Ibérica foi conquistada, e os visigodos sobreviventes fugiram para as regiões montanhosas do Norte. Antes disso, os muçulmanos já haviam varrido o Oriente Médio, o norte da África e a Terra Santa, local onde viveu Jesus Cristo.
Anos depois, na Batalha de Poitiers, em 732 d.C., foi a vez dos Francos enfrentarem os árabes, dessa vez com sucesso. A vitória dos Francos impediu que os árabes continuassem sua expansão pela Europa.
Durante todo o século XI, cresceu na Europa um desejo de empreender uma guerra santa para reconquistar Jerusalém e os demais locais sagrados. Quando o imperador bizantino Aleixo I pediu ajuda para combater os turcos seljúcidas, o papa Urbano II viu uma oportunidade de impelir a cristandade europeia a tomar uma atitude.
Durante o Concílio de Clermont, em 27 de janeiro de 1095, o papa Urbano II conclamou os nobres, mas o que a princípio seria uma ajuda militar ao imperador bizantino acabou por se tornar uma expedição para libertar a Terra Santa.
Para muitos soldados, as cruzadas eram uma forma de peregrinação, uma maneira de obter perdão pelos seus pecados, colocando a vida em risco para libertar o local onde Jesus viveu. Para os nobres, além das motivações religiosas, era também uma oportunidade de obter riquezas, terras e poder.
A historiografia atual lista, ao todo, 10 cruzadas, sendo 9 militares e uma civil. As cruzadas mais famosas são a primeira e a terceira, veja a sequência:
- A Cruzada Popular ou dos Mendigos (1096);
- Primeira Cruzada (1096-1099);
- Segunda Cruzada (1147-1149);
- Terceira Cruzada (1189-1192);
- Quarta Cruzada (1202-1204);
- Quinta Cruzada (1217-1221);
- Sexta Cruzada (1228-1229);
- Sétima Cruzada (1248-1254);
- Oitava Cruzada (1270);
- Nona Cruzada (1271-1272).
Primeira Cruzada
Atendendo ao chamado do papa, alguns nobres se organizaram para formar um grande exército e partir para a Terra Santa. Os principais líderes dessa expedição eram Raimundo IV de Toulouse, Boemundo de Taranto, Godofredo de Bouillon, Hugo I de Vermandois e Roberto II da Normandia. Tal cruzada é considerada a mais bem-sucedida de todas.
Os exércitos cristãos partiram em 1096, e, durante três anos, travaram várias batalhas, desde a Turquia até a Palestina.
Jerusalém foi conquistada em 15 de julho de 1099, mas grande parte da população foi massacrada. Como consequência desta cruzada, foram fundados o Reino Latino de Jerusalém, os condados de Edessa e de Trípoli e o principado de Antióquia.
Outra consequência foi a criação de várias ordens militares, criadas com o propósito de proteger as rotas de peregrinação até os lugares sagrados, entre elas a ordem dos Cavaleiros Templários, dos Hospitalários e dos Teutônicos.
A Terceira Cruzada
Em 1187, o Reino Latino de Jerusalém foi conquistado pelo sultão Saladino. Isso motivou a criação de mais uma cruzada, conhecida como a Cruzada dos Reis, pois era liderada pelos mais poderosos soberanos da Europa – Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra, Felipe I, rei da França, e Frederico Barba Roxa, do Sacro Império Romano Germânico.
Os exércitos chegaram à Palestina entre abril e maio de 1191, exceto Frederico, que morreu afogado no território da atual Turquia.
Essa campanha durou três anos, sem obter grande sucesso. Se por um lado, os cruzados conseguiram conquistar Chipre, que se tornaria um reino latino, além das importantes cidades de Acre e Jafa, por outro lado o grande objetivo, a conquista de Jerusalém, fracassou.
Consequências
Dentre as causas para o fracasso das cruzadas, podemos citar a desorganização e a rivalidade entre os reinos cristãos, já que o egoísmo e o desejo de poder se sobrepunham ao objetivo principal.
Nenhum dos reinos conquistados sobreviveu. Os exércitos cristãos quase sempre estavam em minoria, e boa parte creditava o sucesso à sua fé em Deus. Os constantes massacres promovidos pelos europeus também não contribuíram para conquistar a confiança da população local, que estava sempre em revolta, além de alimentar o ódio entre cristãos e muçulmanos. Por outro lado, o conflito propiciou importantes trocas culturais e comerciais entre os dois lados.