Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, foi um político, banqueiro e empresário brasileiro, considerado o precursor do capitalismo e da industrialização no país.
Visionário e entusiasta das ideias liberais, foi responsável por grandes obras, como a construção da primeira estrada de ferro, do primeiro banco privado e do primeiro estaleiro no país.
Biografia do Barão de Mauá
Nascido em 1813, na vila do Arroio Grande, atual Rio Grande do Sul, era filho de João Batista de Ávila e Souza, um pequeno criador de gado, e Mariana de Jesus Batista de Carvalho. Aos cinco anos, seu pai foi assassinado por ladrões de gado. Esse fato triste foi determinante na trajetória do futuro barão.
Três anos depois, sua mãe se casa novamente, porém o novo marido não quer conviver com os filhos do primeiro casamento. Assim, Irineu vai para o interior de São Paulo viver com seu tio, e, no ano seguinte, na companhia de outro tio, muda-se para o Rio de Janeiro.
Lá, o futuro barão batalhou por onze anos até ter a primeira grande oportunidade, ao ser admitido na empresa de importação do escocês Richard Carruthers, lugar onde aprendeu inglês e contabilidade.
Os feitos do barão
Estaleiro da ponta d’areia
Em 1830, Carruthers resolve voltar ao Reino Unido, deixando a empresa a cargo de Irineu. Após voltar de uma viagem à Inglaterra, em 1840, na qual teve contato com novas tecnologias e formas de negócios, Irineu Evangelista de Souza volta ao Brasil disposto a industrializar o país.
Em 1845, já casado com a própria sobrinha, inaugura o Estabelecimento de Fundição e Companhia Estaleiro da Ponta d’Areia. Seu primeiro grande contrato foi o fornecimento de tubos de ferro para canalização do rio Maracanã, junto ao governo imperial. Em seu auge, o estaleiro produzia navios, caldeiras para máquinas a vapor, guindastes, e empregava mais de mil pessoas.
Mas, um grande incêndio, em 1857, aliado à Lei de Tarifas Silva Ferraz, que reduziu as taxas de importação de máquinas e equipamentos estrangeiros no país, acabou levando o estaleiro à falência, em 1860.
Banqueiro
A visão empreendedora de Irineu o levou a diversificar seu negócio. Em 1852, fundou o Banco Mauá, que cresceu rapidamente, abrindo filiais em Nova York, Londres e Paris. Além do banco, continuou a investir em outros empresas. Em 1854, com a Companhia de Iluminação a Gás, trocou a iluminação da cidade do Rio, que até então utilizava óleo de baleia, por uma feita a gás, com resultados infinitamente melhores.
Estrada de ferro
Ainda em 1854, inaugurou, com a presença do Imperador, o primeiro trecho de uma estrada de ferro (a primeira do Brasil), que ligava o Porto de Mauá, na Baía de Guanabara, a Minas Gerais. Por conta desse feito, recebeu de Dom Pedro II o título de Barão de Mauá.
O agora barão não estava satisfeito. Investiu em novas ferrovias pelo país, entre elas a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, expandiu a Companhia de Navegação do Rio Amazonas, criada em 1852, e financiou a instalação dos cabos submarinos de telégrafo, que ligavam o Brasil à Europa, em 1874.
Curiosidades
Além de empresário e banqueiro, o barão também era político, sendo deputado pelo Rio Grande do Sul em várias oportunidades. Também, fazia parte da Maçonaria, virando verbete de enciclopédia britânica e um abolicionista convicto.
No auge de sua carreira, o Barão de Mauá comandava mais de dezesseis empresas e tinha uma fortuna maior que a do próprio Império do Brasil.
Falência das empresas e morte
Mauá tinha ideias liberais e era um crítico da escravidão. Suas ideias incomodavam a elite brasileira que era, em sua maior parte, escravocrata e contrária a grandes mudanças. Outro fato que incomodou a elite foi o empréstimo que ele fez ao governo do Uruguai, então inimigo do Brasil, durante as chamadas Questões do Prata, em 1950.
Dessa forma, o barão fez muitos inimigos ao longo de sua trajetória, tendo o acontecimento do incêndio em seu estaleiro como um dos fatos marcantes de sua história – embora nunca comprovado, pode ter sido criminoso.
A inauguração, em 1858, da Estrada de Ferro Dom Pedro II, estatal, com frete mais baixo e concorrendo com a sua ferrovia, além da crise bancária a partir de 1864, trouxe sérios problemas às empresas do barão. Apesar disso, ainda receberia um segundo título, agora de visconde, em 1874.
Sem conseguir resolver os problemas, o banco decretou falência em 1875, deixando enormes dívidas. Para saná-las, o agora visconde teve que vender a maior parte de suas empresas, muitas a preço abaixo do mercado. Falido e doente, visconde de Mauá se recolhe em sua propriedade em Petrópolis, vindo a falecer em 1889.