Candomblé é uma religião afro-brasileira com origem em diversos cultos tradicionais africanos, que tem como característica a crença em um Ser Supremo e na personificação das forças da natureza na forma de ancestrais divinizados.
Essa religião surgiu durante o período da escravidão no Brasil, pois nas senzalas haviam pessoas de diferentes etnias e tradições religiosas. Essas tradições acabaram por se unir, dando origem ao Candomblé. Aproximadamente 1% da população brasileira é adepta dessa religião.
Origem do candomblé
O termo “candomblé” é uma junção do termo quimbundo “candombe” (dança com atabaques) com o termo iorubá “ilé” ou “ilê” (casa). Significa, portanto, “casa da dança com atabaques”.
Os africanos que vieram para o Brasil como escravos pertenciam a vários povos diferentes, habitando diferentes regiões da costa atlântica da África. Dessa forma, havia uma multidão de pessoas com línguas, hábitos e crenças distintas.
Ao chegar no Brasil, os escravos eram agrupados de acordo com critérios aleatórios, tais como a região de origem ou mesmo o porto de onde eram provenientes. Assim, agrupados dentro das senzalas, escravos de diferentes culturas e etnias passaram a conviver juntos, compartilhando experiências e conhecimentos. Dessa forma surge o Candomblé, tendo como base tradições diferentes.
A religião praticada no Brasil apresenta três tradições principais: Ketu, Bantu e Jeje, com diferenças entre cada uma delas. Outro detalhe que deve ser ressaltado é o sincretismo, ou seja, a aproximação das religiões africanas com a religião católica. Uma vez que os cultos africanos eram proibidos, foi necessário adaptar os ritos, por exemplo, aproximando a imagens dos orixás à imagem dos santos católicos.
Principais características
O candomblé é uma religião monoteísta, centrada na figura de Olorum (Nzambi na tradição Bantu, e Mawu na tradição Jeje), ser superior e criador dos Orixás, do homem e do Universo. Após a criação, esse ser supremo se afastou, deixando a criação funcionando por meio das forças da natureza por Ele criadas, os Orixás.
Os orixás costumam receber homenagens regulares, com oferendas de animais, vegetais e minerais, cânticos próprios, danças e roupas especiais.
Os rituais acontecem nos terreiros, espécie de templo, e podem reunir dezenas a centenas de pessoas, variando de acordo com o tamanho da casa na qual se realizam as obrigações. O Pai ou Mãe-de-Santo (também chamados de babalorixá e ialorixá) são os líderes espirituais, responsáveis pela organização e condução dos cultos, os quais dão conselho e consultas por meio dos búzios. Esse cargo, normalmente, é hereditário, e os escolhidos devem dedicar a vida a essa função, tal qual a um sacerdote católico.
Os adeptos do candomblé são chamados de “povo do santo”, e normalmente levam por volta de sete anos para concluir a iniciação dentro dos preceitos estipulados pela religião.
Os Orixás
Os orixás são considerados ancestrais africanos que, durante sua vida na Terra, supostamente adquiriram um controle sobre a aspectos da natureza e das condições humanas, tornando-se, dessa forma, divindades.
Eles possuem personalidades, habilidades, qualidades e forças distintas, bem como preferências específicas. Os principais orixás são:
- Exu: guardião de templos, encruzilhadas, passagens, casas, cidades e pessoas, mensageiro divino dos oráculos;
- Ogum: orixá do ferro, da guerra, do fogo e da tecnologia;
- Oxóssi: orixá da caça, da floresta, dos animais e da fartura;
- Oxumaré: orixá da chuva e do arco-íris;
- Iemanjá: orixá feminino dos lagos, dos mares e da fertilidade, mãe de muitos orixás;
- Oxum: orixá feminino dos rios, do ouro, do jogo de búzios e do amor;
- Xangô: orixá da justiça, dos raios, do trovão e do fogo;
- Iansã: orixá feminino dos ventos, dos relâmpagos e das tempestades;
- Oxalá: orixá do branco, da paz e da fé.
Diferenças entre Candomblé e Umbanda
Além do candomblé, outra religião de matriz africana muito conhecida no Brasil é a Umbanda. Embora muitas pessoas confundam as duas, existem muitas diferenças entre elas.
Diferente do candomblé, a hierarquia da umbanda não é tão rígida, e não existem sacrifícios de animais.
No candomblé, há incorporação somente de entidades, e o orixá só dá o axé (benção). Na umbanda, há a incorporação de espíritos que já viveram na terra. Esses espíritos dão consultas e conselhos diretamente ao cliente. Não há incorporação dos orixás.
O sacerdote da umbanda, ao contrário do candomblé, não precisa se dedicar exclusivamente ao ofício.
Também, na umbanda não existe cobrança pelos serviços, enquanto que no candomblé os trabalhos costumam ser cobrados, como forma de manutenção do terreiro.