Chernobyl remete a uma das maiores tragédias da humanidade. Na madrugada do dia 25 de abril de 1986, o reator 4 da Estação Nuclear de Chernobyl, na Ucrânia – então parte da antiga União Soviética -, explodiu, causando milhares de mortes e de contaminados, que até hoje sofrem com os problemas relativos ao pior acidente nuclear da história.
Durante um teste de capacidade, a usina acabou sofrendo uma sobrecarga de energia. Com isso, o sistema de resfriamento parou de funcionar, o que provocou o superaquecimento do núcleo do reator, que alcançou temperaturas muito altas.
Esse calor provocou uma violenta explosão, destruindo o teto de mais de mil toneladas e jogando na atmosfera 70 toneladas de urânio e 900 de grafite com plutônio, na forma de um cogumelo de um quilômetro de altura. Há denúncias de falha humana como responsáveis pelo acidente.
Os primeiros trabalhadores e bombeiros que chegaram ao local para combater as chamas receberam doses letais de radiação e foram os primeiros a morrerem. Caso o incêndio não fosse contido, a chuva radioativa seria 100 vezes maior do que a força das duas bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial.
Vida em Chernobyl
Situada a três quilômetros da usina de Chernobyl, a cidade de Pripyat tinha, na época, 40 mil habitantes e fora construída justamente por causa da usina. Um dia após a explosão, os moradores foram expostos a uma radiação 50 vezes maior do que a normal. Isso fez com que fosse realizado um plano de emergência, para retirar a população da cidade. Em poucas horas, todos os moradores foram removidos do local.
Foi criada uma zona de exclusão, em um raio de 30 quilômetros ao redor do reator que explodiu. Isso fez com que a própria cidade de Chernobyl e outras pequenas comunidades fossem afetadas, levando 130 mil pessoas a também se mudarem. Toda essa região foi abandonada e deverá permanecer inabitável por milhares de anos.
Mesmo assim, boa parte dos moradores de Pripyat e do entorno da usina de Chernobyl acabaram sendo expostos a grandes quantidades de radiação, que poderiam alterar a composição do sangue e provocar inúmeros tipos de câncer. Além disso, a própria natureza fez o trabalho de potencializar o problema, já que o vento passou a levar nuvens de partículas e poeira radiativa para a região norte da Europa, atingindo uma região de mais de mil quilômetros. Florestas próximas acabaram sendo queimadas, o que levou a uma acentuada queda da vida selvagem daquela região.
O reator continuou a queimar até o dia 6 de maio, fazendo com que uma grande operação militar fosse montada para combater o fogo. Como solução, toneladas de chumbo e areia foram despejadas, na tentativa de evitar que a radiação se espalhasse ainda mais pela região. A maioria dos soldados que participaram dessa operação morreu devido à exposição à radiação. Poucas semanas depois do acidente nuclear, começaram a surgir, nos hospitais, pessoas com queimaduras profundas pelo corpo e com deterioração da medula óssea.
Milhares de vítimas e inúmeras sequelas
Não há um número preciso de vítimas contaminadas pela radiação do acidente nuclear de Chernobyl. A Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que 4 mil pessoas morreram por conta da exposição. O Instituto de Radiologia de Kiev afirma que 31 indivíduos morreram e mais de 50 mil foram contaminados com níveis de radiação capazes de matar a longo prazo.
Índices de radiação foram detectados nos anos seguintes em diversos países da Europa: Suécia, Escandinávia, Países Baixos, Bélgica, Reino Unido, Eslováquia, Romênia, Bulgária, Grécia, Turquia e Polônia. Os mais atingidos foram Ucrânia, Bielorrússia e Rússia.
Há, ainda, outros números que revelam a grave situação ocorrida em Chernobyl. Um total de 600 mil pessoas atuou na descontaminação da região afetada pela radiação da usina. Os chamados “liquidadores” tiveram importante atuação, mas sofreram as consequências da proximidade.
De acordo com a ONG Chernobyl Union, que presta apoio às vítimas, 35 mil liquidadores morreram e outros 95 mil demonstraram sequelas. A estimativa do governo ucraniano indica que apenas 5% do time de resgate e de limpeza ainda vivos apresentam-se saudáveis.
Cerca de 30 quilômetros ao redor da usina permanecem fechados, mais de 30 anos depois do acidente nuclear. Um precário “sarcófago” de concreto foi instalado em volta do reator, para evitar que a radiação continue saindo.
Hoje, está em construção um novo domo de aço, para substituir a antiga estrutura e permitir o desmonte do reator após toda a radiação se dissipar. Pripyat continua como uma cidade fantasma, só podendo ser visitada por algumas horas, com monitores de radiação. A região permanece deserta e assim deverá continuar por muitos e muitos anos.