A economia brasileira sempre foi marcada por ciclos econômicos, nos quais um produto é explorado ao seu limite máximo, para depois ser substituído por outro. Dessa forma, tivemos vários ciclos, como o do pau-brasil, o da cana-de-açúcar, o da mineração e o da borracha.
Um dos mais importantes ciclos econômicos foi o ciclo do café, que teve seu auge entre os anos de 1850 e 1930, tornando-se o motor impulsionador da economia brasileira daquele período. Confira mais dessas e de outras informações importantes só aqui, no Gestão Educacional!
Origem do café no Brasil
A história do café no Brasil começou em 1727, quando o militar Francisco de Melo Palheta recebeu do então governador do Maranhão duas missões: restabelecer a fronteira norte do Brasil, na região do rio Oiapoque, e trazer mudas e sementes de café para plantio no país. Cumpridas as duas missões, o café passou a ser cultivado, rapidamente se espalhando por várias áreas.
Auge do ciclo do café
Foi no sudeste do país, mais precisamente no Estado de São Paulo, que o café floresceu. Concentrado a princípio no Vale do Paraíba (entre Rio de Janeiro e São Paulo), os cafezais se espalharam depois para o sul, oeste e norte do estado, e também em partes do Paraná, sendo o principal produto de exportação do país durante quase 100 anos.
A construção da estrada de ferro que ligava São Paulo ao porto de Santos, em 1860, impulsionou sobremaneira a produção no estado, tornando a cidade de Santos o maior centro exportador de café do mundo.
Nem mesmo o fim da escravidão no Brasil, em 1888, abalou a produção do grão. Levas e levas de imigrantes vindos da Europa se dirigiam para as fazendas de café para trabalhar nas lavouras. Essas pessoas tiveram papel fundamental no desenvolvimento econômico de várias regiões do Brasil entre o final do século XIX e início do XX, contribuindo também no âmbito da cultura, com palavras e costumes que passaram a fazer parte do cotidiano das regiões por onde passaram.
Queda do ciclo do café
Como maior produtor mundial do produto, o Brasil tinha o poder de controlar os preços do café nos mercados internacionais, conseguindo, dessa forma, lucros elevados. Porém, o crescimento das importações dependia, essencialmente, do crescimento populacional dos países consumidores, que obviamente não acompanhava o aumento da produção brasileira. Como consequência, a oferta de café se tornou muito superior à demanda existente, indicando uma tendência natural de baixa de preços a longo prazo.
Para conter o problema, o governo federal instituiu políticas governamentais de valorização do produto, no sentido de proteger e manter os preços. Essas políticas consistiam em, basicamente, comprar os estoques excedentes da produção de café, por meio de empréstimos externos financiados por tributos cobrados sobre a própria exportação de café.
A princípio, essa política teve sucesso, ajudando a manter os preços internacionais do produto e sustentando a renda dos exportadores. A médio e longo prazo, entretanto, essa política criou uma espécie de bolha, que inflava de forma artificial os lucros do setor e não resolvia o problema da demanda externa. Além disso, essa política favorecia o café, em detrimento de outros produtos brasileiros que não conseguiam atingir um grau satisfatório de desenvolvimento.
Outro fator que exerceu forte influência sobre a economia do café foi a crise de 1929 nos Estados Unidos. Esse fato histórico, ao mesmo tempo que reduzia ainda mais a demanda internacional, pressionando os preços para baixo, impedia que o governo brasileiro tomasse empréstimos externos para absorver os altos estoques do grão.
Apesar de tudo, o Brasil estudou diversas medidas a serem tomadas para evitar que os produtores de café ficassem vulneráveis a novas crises como a de 1929. De qualquer forma, a produção de café entrou em um gradual processo de decadência, deixando sua posição de protagonista na economia à medida que outros produtos, que não foram atingidos pela crise, começaram a se destacar, bem como a industrialização no país ao longo das décadas seguintes.
O Brasil ainda é o maior produtor de café do mundo, com uma produção anual na ordem de 35 milhões de sacas. Não só a produção diminuiu com relação ao seu auge na economia brasileira, como a demanda aumentou, de modo que hoje o café é novamente uma indústria rentável. Além disso, a economia brasileira se diversificou ao longo do século XX, fazendo com que o café deixasse o posto de protagonista econômico nacional.