Ciclo do pau-brasil – O que foi? Início, Características, Contrabando e Fim

O ciclo do pau-brasil foi um dos muitos ciclos econômicos desenvolvidos no país durante a colonização portuguesa. Este ciclo em específico tinha como objetivo a exploração do pau-brasil, uma madeira muito apreciada e valorizada na Europa.

O corte dessa madeira, feita de forma intensa, quase levou a espécie à extinção, o que obrigou os portugueses a criar iniciativas de proteção da árvore, ao mesmo tempo em que outras atividades econômicas eram desenvolvidas.

O pau brasil

O primeiro item a chamar a atenção dos portugueses, no início do processo de colonização, foi uma árvore de madeira avermelhada, denominada Ibirapitanga (madeira + vermelha) pelos indígenas, por conta de sua cor de brasa, que produzia um corante para tecidos muito apreciado nas cortes europeias.

Até então, os europeus utilizavam um corante que era trazido por comerciantes árabes das Índias. Dessa forma, a existência da planta permitiu aos portugueses ingressar em um lucrativo mercado.

O início da exploração

O pau-brasil é uma árvore que possui a casca pardo-acinzentada, ou pardo-rosada nas partes destacadas, e cerne (miolo) vermelho, cor de brasa. Pode atingir até 30 m de altura e 1,5 m de circunferência.

A maior parte das árvores de pau-brasil se localizava no litoral, em uma vasta área que ia desde o Rio Grande do Norte até a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Para melhor explorar a região, os portugueses estabeleceram feitorias, em que arrendavam determinadas áreas para exploração. Quem assumisse a feitoria deveria construir fortalezas nas terras e mantê-las por, pelo menos, três anos. A exploração era livre no primeiro ano, e a Coroa Portuguesa ficava com uma parte do que foi explorado nos dois anos seguintes.

As primeiras feitorias foram criadas nas regiões de Pernambuco, Porto Seguro e Cabo Frio. A feitoria de Pernambuco era a maior e a que possuía a mais farta oferta da árvore.  Esse sistema funcionou até 1530, aproximadamente, e até esse período a extração do pau-brasil era a única atividade econômica praticada por aqui.

Em 1534, com o estabelecimento das Capitanias Hereditárias, o pau-brasil passou a ser explorado de forma mais intensa, com a Coroa Portuguesa estabelecendo o monopólio de sua comercialização. Uma vez que o litoral já se encontrava escasso de árvores, a extração começou a adentrar pelo território, utilizando mão de obra de índios escravizados.

Em poucas décadas, a extração de pau-brasil precisou ser freada para preservar a árvore, que quase acabou extinta. Dessa maneira, outras atividades econômicas começaram a ser desenvolvidas, com destaque para o cultivo da cana-de-açúcar.

Contrabando de pau-brasil

Durante o século XVI, a costa brasileira foi visitada por corsários a serviço de nações estrangeiras, interessados, sobretudo, no contrabando do pau-brasil. Os franceses, por exemplo, se aliaram aos índios Tamoios na conquista da região da Baía da Guanabara, onde permaneceram por 15 anos, até que os portugueses retomassem o controle da região.

A circulação de navios estrangeiros pelo litoral brasileiro foi um dos motivos do estabelecimento das capitanias, que tinham, além das atividades econômicas, funções militares e de ocupação das terras.

O fim do ciclo

Nos séculos seguintes, a extração do pau-brasil perdeu força, sendo substituída por outras atividades, como o cultivo de cana-de-açúcar, algodão e tabaco, a extração do ouro, o plantio de café e a extração da borracha.

A exploração da árvore ainda continuou até o século XIX, mais precisamente no ano de 1859. A essa altura, a massiva extração do pau-brasil já havia deixado a espécie à beira da extinção. Graças às ações de preservação tomadas desde então, a árvore sobreviveu, e atualmente pode ser encontrada em todo o território nacional, embora em quantidades muito inferiores às existentes anteriormente, e amparada por rígidas regras contra o corte.

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