Comunidade e sociedade são termos muito usados popularmente, mas que poucas vezes são entendidos de maneira clara. Vale dizer que existe uma disciplina nas Ciências Humanas responsável por estudar esses dois temas. Trata-se da Sociologia, que busca compreender as dinâmicas desses dois processos e como as pessoas se envolvem e se interagem entre um e outro.
Ambos os conceitos fazem parte da criação do jurista e economista alemão Max Weber (1864 – 1920), um dos pais fundados da Sociologia. No entanto, é com o sociólogo alemão Ferdinand Tönnies (1855 – 1936) que as duas categorias de análise vão ser sistematizadas e ganharão os conceitos que vão permear até os dias de hoje.
A seguir no Gestão Educacional, entenda como funciona cada um desses conceitos!
O que é sociedade?
A sociedade é determinada pela sua diversidade e dinâmica que ocorre por meio das relações entre os indivíduos que a formam. Além disso, esses sujeitos que se relacionam convivem e compartilham com conjunto de regras, normas e valores aos quais todos estão submetidos e que servem para intermediar essas relações e os prováveis conflitos que podem ocorrer no convívio diário entre as pessoas. Dessa forma, a sociedade é formada de maneira impessoal entre os membros que convivem nela e que atuam de forma coletiva por um bem comum.
Entre algumas características da sociedade, é possível citar a partilha de um mesmo território (mais amplo), de um sistema comum de leis e valores, de um modo de vida semelhante, das mesmas experiências religiosas, de valores culturais, entre outros, ainda que se relacionem de forma mais distante e possuam laços mais fracos.
Por exemplo, o Estado nacional é uma forma de sociedade, em que as pessoas aderem a fazer parte daquele grupo social ao aceitar leis, valores e costumes, aderindo a ela de forma que aquilo supere a sua própria vontade, submetida ao interesse da maioria. As empresas e indústrias, por exemplo, também podem ser enquadradas dentro desse aspecto.
O que é comunidade?
Já a comunidade está relacionada a algo mais específico, a grupos sociais mais próximos do dia a dia, que partilham dos mesmos interesses, objetivos e carregam ideias semelhantes. Há análises que apontam para um compartilhamento de certa herança histórica e cultural como forma de definir a comunidade. Aqui, os laços e sentimentos são maiores, mais próximos.
O antropólogo e sociólogo estadunidense Robert Redfield (1897 – 1958) estabeleceu algumas características que definem a comunidade. Ainda que ele tenha tido por base especialmente as comunidades agrárias, tais conceitos ajudam a entender o que é comunidade nos dias de hoje.
A primeira delas é que uma comunidade é um agrupamento humano específico dentro de outros agrupamentos, nos quais é perceptível que uma comunidade começa e a outra termina devido a particularidades comportamentais, culturais e de valores.
Outra característica marcante é seu tamanho, sendo uma comunidade pequena, ficando sempre ao alcance daqueles que nela fazem parte. A comunidade também é autossuficiente, ou seja, ela provê aquilo que os seus membros precisam, sem que se dependa de algum ente que esteja fora da comunidade.
A família pode ser considerada uma comunidade, assim como a vizinhança, que, pela proximidade, compartilha alguns interesses e desejos (melhorias no bairro, um posto de saúde, ruas asfaltadas, melhor iluminação etc.) e também valores culturais, caso das escolas de samba que envolvem um bairro em torno do objetivo de colocar a escola na avenida, mas também buscam atuar em harmonia entre todos, partilhando dos mesmos valores culturais e anseios sociais e, por vezes, religiosos.
Até mesmo os amigos, que revelam outras afinidades que os mantêm conectados, podem ser enquadrados nessa chave de análise. Isso porque, na comunidade, valem relações que são duráveis e persistem ao tempo e aos acontecimentos da vida.
Comunidade e sociedade no capitalismo
As mudanças impostas pelo surgimento e consolidação do capitalismo, levando as pessoas do campo para a cidade, provocou uma quebra na vida comunitária rural, sendo que os graus de parentesco e os círculos de vizinhança foram se distanciando e diminuindo de importância devido à distância e às transformações vividas no novo meio.
Nessa nova etapa, os atores sociais, que passaram a estar interligados pelo mercado, direcionam seus esforços para transpor as suas áreas além da comunidade. Tal fenômeno foi apontado por Tönnies como a predominância de uma vontade arbitrária sobre a natural, marcada pela submissão do campo e da vila para a dinâmica de uma vida e uma metrópole.
Como consequência, as relações de parentesco, de costumes e de tradição acabariam se enfraquecendo, fazendo com que as relações fossem mediadas pela razão e pelo interesse e não pelo sentimento comunitário. Se na comunidade as pessoas se mostrariam mais próximas e unidas, na sociedade a distância aumentaria e os laços diminuiriam, apesar de objetivos e metas em comum.
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