Conjuração Baiana – O que foi, o que causou e quem participou?

Também conhecida como Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios, a Conjuração Baiana foi uma revolta popular emancipacionista que ocorreu em 25 de agosto de 1798, na Bahia.

A seguir, você vai tirar todas as suas dúvidas sobre este evento da história do Brasil.

O que foi a Conjuração Baiana?

A Conjuração Baiana é considerada a primeira revolta social do país e uma das mais significativas da nossa história. Isso porque ela trouxe um ideal de igualdade e foi composta exatamente pela população oprimida.

Essa revolta emancipacionista teve como influência o movimento do Haiti, que foi um levante de escravizados que resultou na independência do país em 1791. Além disso, a independência das Treze Colônias Inglesas, que posteriormente se tornariam os Estados Unidos, serviu de inspiração para a Conjuração.

Repercutiu nela também as ideias iluministas e da Revolução Francesa. Dessa maneira, seus aderentes pregavam liberdade e igualdade perante a lei, defendendo a proclamação de uma “República Bahiense” independente.

Causas da revolta

A população vivia em péssima situação desde a transferência da capital do Brasil para o Rio de Janeiro, em 1763. As elites estavam insatisfeitas com o governo da metrópole portuguesa, uma vez que os portugueses detinham o monopólio do açúcar. Devido aos altos lucros, os latifundiários não diversificavam sua produção, levando ao aumento dos preços de alimentos como a mandioca.

A região passou a enfrentar uma grave crise não apenas econômica, mas também social. Os salários eram baixos, os alimentos e produtos essenciais estavam cada vez mais caros e a população ainda sofria com a escassez de alimentos.

Como foi a Conjuração

Bandeira da Conjuração Baiana (Imagem: Reprodução/WikiPedia)
Bandeira da Conjuração Baiana (Imagem: Reprodução/WikiPedia)

Um dos responsáveis pela organização do movimento foi a Sociedade Secreta Cavaleiros da Luz, uma sociedade maçônica composta principalmente por escravizados, negros livres, brancos pobres e mestiços.

Compunham a liderança do movimento alfaiates, comerciantes, soldados, meeiros, entre outros trabalhadores.

Entre os principais nomes estavam João de Deus, Faustino dos Santos, Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas. Teve destaque também o cirurgião e filósofo Cipriano Barata, que redigia panfletos e os colava nas igrejas de Salvador.

Objetivos da Conjuração Baiana

Entre os principais objetivos da Conjuração Baiana estava a emancipação política, que pretendia liberar o Brasil de Portugal e atender às reinvindicações das camadas pobres.

A Revolta desejava também a implantação da República, a liberdade e igualdade entre as pessoas, com o fim da escravidão, além da liberdade comercial e aumento de salários.

O governo ofereceu recompensas a quem delatasse os integrantes e um desses participantes, José da Veiga, contou ao governador os próximos passos do movimento, permitindo que os líderes fossem presos em flagrante, desarticulando o movimento.

Em 12 de agosto de 1798, vários membros do movimento distribuíam panfletos por Salvador e foram presos pela tropa governamental, delatando companheiros.

Das 669 pessoas que se diziam envolvidas com a Conjuração Baiana, 49 foram presas. Os líderes, João de Deus Nascimento, Manuel Faustino dos Santos Lira, Lucas Dantas do Amorim Torres e Luís Gonzaga das Virgens e Veiga, foram enforcados e esquartejados em 9 de novembro de 1799.

Legado da Conjuração

Apesar da intensa repressão, a Conjuração Baiana deixou um legado a partir da organização de populares, revelando a necessidade de união para se promover a luta pelas demandas do povo.

Também a importância da propaganda política e os ideais de independência e igualdade perante a lei se mantiveram entre a população de Salvador. Isso fez com que, em 1821, um movimento emancipacionista novamente viesse à tona, resultando, em 1823, na guerra de Independência da Bahia.

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