Conquista da Gália – O que foi? Antecedentes, Conflito e Consequências

As Guerras da Gália foram uma série de conflitos militares travados entre o exército romano, comandado pelo célebre Júlio César, e uma reunião de tribos gaulesas, comandadas pelo chefe guerreiro Vercingétorix. O conflito ocorreu ao longo de seis anos (entre 58 e 52 a.C.) e teve como desfecho a vitória romana. Como resultado, toda a Gália (região que corresponde ao território da França atual) caiu sob domínio romano.

Antecedentes

A Gália era um imenso território dividido entre os atuais países da Itália, França, Suíça, Bélgica e Alemanha, e habitado por várias tribos diferentes. Parte desse território já estava em poder dos romanos, como a Gália Cisalpina (norte da Itália), conquistada em 222 a.C.

Esse povo também já exercia o domínio da chamada Gália Narbonense, território que corresponde ao litoral sul da França. Aos poucos, os romanos tentavam aumentar sua influência pelo restante da Gália, pela tática de “dividir e conquistar”, na qual fomentavam intrigas que muitas vezes acabavam em conflitos entre os povos da região.

O conflito

Em 58 a.C., os Helvécios, povo celta que habitava o atual território da Suíça, iniciam um processo migratório para a região central da Gália, onde viviam tribos aliadas dos romanos, passando, sem autorização, em território sob domínio de Roma. Esse foi o pretexto para que o ambicioso César declarasse guerra aos Helvécios, dando início à campanha.

A partir do conflito inicial com os Helvécios, César dá início a uma campanha que visava aumentar sobremaneira o domínio romano na região, promovendo conflitos contra várias outras tribos, inclusive algumas consideradas aliadas.

Ao longo de aproximadamente cinco anos, César ataca os Belgas, germânicos ao longo do rio Reno, além de uma breve invasão à Bretanha. O conflito se intensifica a partir de 53 a.C., com o surgimento de Vercingetórix, um líder do povo dos arvernos que foi capaz de exortar um grande número de tribos a se unir e se rebelar contra Roma.

Apesar de estarem em maior número, os gauleses sabiam da superioridade técnica que os romanos possuíam no campo de batalha, e, por isso, adotaram táticas alternativas para evitar o confronto direto. Por exemplo, destruíram fontes de alimento que poderiam ser utilizadas pelos romanos e de pequenos grupos que atacavam e fugiam.

Por fim, os dois exércitos se encontraram nas proximidades da cidade de Alésia (próxima à cidade francesa de Dijon). Após a batalha, o líder dos gauleses ordena que as tropas entrem em Alésia, considerada uma praça-forte, difícil de ser conquistada, e que ficava no alto de uma colina. Os romanos decidiram cercar a cidade e impedir a chegada de reforços e suprimentos, levando a fome para dentro da cidade. Sem conseguir romper o cerco, e com toda a cidade a beira da morte, Vercingetórix se entrega para César, pondo fim ao conflito. O líder do povo dos arvernos seria levado prisioneiro para Roma, onde seria executado anos depois.

De Bello Gallico

A principal fonte de informações sobre o conflito vem do próprio Júlio César, que escreveu um relato detalhado sobre a guerra, conhecido como Comentarii de Bello Gallico (comentários sobre as Guerras da Gália).

Nessa obra, Júlio César dá informações precisas sobre as táticas de guerra e os equipamentos utilizadas, tanto por romanos quanto por gauleses. Também escreve sobre a cultura e os costumes dos gauleses e dos germânicos.

Embora seja uma fonte importantíssima de informação, é preciso ter cuidado com sua leitura, pois, em muitos momentos, é possível perceber uma certa propaganda da causa romana e da vitória de César. E mais, e importante lembrar que este está escrevendo para os romanos, e se refere aos gauleses a partir do ponto de vista dos romanos.

As consequências da guerra

Como consequência imediata do conflito, temos a anexação de toda a Gália por parte de Roma e sua romanização. Dessa forma, a cultura romana se tornou fortemente enraizada em toda região, possibilitando o surgimento de uma cultura latina que se manteve mesmo após o Fim do Império Romano e da chegada de vários povos germânicos que lá se estabeleceram.

Por outro lado, César se tornou uma das figuras mais poderosas de Roma, o que acabou por colocá-lo contra o Senado romano, que temia que todo esse poder pudesse transformá-lo em uma espécie de rei, tratando de articular sua queda.

Dessa forma, tanto a Guerra Civil travada contra Pompeu quanto o posterior assassinato de César, em 44 a.C., podem ser vistos, em parte, como desdobramentos do conflito na Gália.

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