Coronelismo é um período da história do Brasil no qual o poder era centrado na mão de fazendeiros e coronéis, donos de grandes terras (latifundiários), os quais utilizavam do seu poder econômico para influenciar os rumos políticos de uma cidade ou região, muitas vezes por meio de práticas ilegais.
Até hoje, o termo coronelismo é utilizado para as situações de manipulação eleitoral e política, coisa que ainda é comum, sobretudo, nas cidades interioranas brasileiras.
Como surgiu o coronelismo
O coronelismo surgiu quando o Brasil se transformou em República Federativa, no ano de 1889. Na ocasião, foi instaurada uma Constituição, a primeira do país, na qual o direito ao voto era garantido à população e uma estrutura política começou a ser formada.
Mas, essa característica democrática não passou de fachada. Na época, o governo decidiu conceder a fazendeiros latifundiários que financiavam a Guarda Nacional o título de coronel, o que permitiu que fazendeiros (coronéis) formassem milícias que estariam à sua disposição para manter a ordem na região, evitando que levantes e revoltas populares contra o governo acontecessem.
O coronel dominava a população de uma determinada região, com claro poder político. Para manter seu título e o governante que o concedeu na administração pública, os coronéis formavam currais eleitorais – essa é a origem do voto de cabresto.
Durante o coronelismo, o voto era aberto e o coronel indicava ao cidadão em quem esse deveria votar, o que fez com que vários políticos ficassem no poder durante anos. Havia, portanto, uma relação de troca de favores: os políticos da República Velha davam o título de coronel aos fazendeiros, que por sua vez garantiam que esses políticos permanecessem no poder, especialmente pelo voto de cabresto.
Assim, instaurou-se uma política autoritária, que não era muito diferente do que já vinha acontecendo no país antes de se tornar uma República. O coronelismo só foi acabar com a Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas.
Embora 1930 seja considerado o ano final desse período, práticas de coronelismo continuaram sendo aplicadas até meados de 1960, especialmente em cidades do interior do Brasil.
Características do coronelismo
- Voto de cabresto
O voto do cabresto é uma das características mais marcantes do coronelismo. Trata-se de uma ferramenta para controlar o voto da população, sempre por meio de abuso de poder e autoridade, inclusive de compra de votos.
Na época, o voto era aberto, o que permitia que os coronéis soubessem qual era a escolha de cada cidadão da região. Para criar uma atmosfera de medo e ameaça, esses líderes colocavam jagunços em seções eleitorais, para assegurar que o voto fosse de acordo com as suas vontades.
Se os coronéis fossem contrariados, o cidadão sofria sérias retaliações, que vão desde agressões físicas, desemprego, despejo de moradia a castigo da família inteira e morte.
- Fraude em eleições
Além do voto de cabresto, outras atividades de fraude também ocorriam nas eleições. Coronéis compravam votos, seja com dinheiro ou troca de bens materiais com eleitores.
Era comum trabalhadores substituírem o voto por bens materiais (roupa e sapatos) ou serviços (médico, estudo e funerário), porque não tinham dinheiro para ter acesso a isso facilmente. Além disso, os coronéis se valiam da prática do voto fantasma, falsificando documentos de eleitores mortos para conseguir o resultado que queriam. Havia, ainda, quem desviasse ou alterasse cédulas eleitorais e roubasse ou trocasse urnas.
- Política do café com leite
A política do café com leite tem esse nome porque faz menção a dois estados que eram, na época, os mais ricos do país, concentrando poder político e financeiro: São Paulo e Minas Gerais.
São Paulo era o maior produtor de café do Brasil e Minas Gerais de leite. Como possuíam dinheiro, comandavam a política nacional. Representantes do governo faziam diversos acordos com coronéis, mantendo-se no poder durante anos. Inclusive, nesse período, os presidentes da República eram, invariavelmente, paulistas ou mineiros.
- Política dos governadores
O presidente da República sempre fazia acordos com governadores em troca de favores, para que pudessem se manter no cargo e evitar levantes da população. Com isso, os governadores não faziam oposição ao presidente e ganhavam verbas federais e apoio em decisões políticas.
A essa prática se deu o nome de Política dos Governadores. Curiosamente, ela foi criada e estabelecida durante o governo do presidente Campos Sales, que foi de 1898 a 1902, e estendida até o fim oficial do coronelismo, quando ocorreu a Revolução de 1930 e a chegada de Getúlio Vargas ao poder.