A cultura é um elemento central na vida das pessoas, pois ela é tudo o que envolve e caracteriza um determinado grupo social. Ou seja, tradições, costumes, valores, língua, vestimenta e até mesmo a religião e suas crenças podem compor a cultura. Esses são os elementos que vão identificar determinada comunidade e diferenciá-la em relação às demais.
Se cultura é o padrão comportamental e simbólico de determinado grupo social, então, onde entra a cultura de massa? Bem, esta é um dos tipos de cultura mais comuns e estudados pelos acadêmicos. Junto com a cultura erudita e a cultura popular, a de massa forma o conjunto de características e padrões culturais que podem caracterizar grupos, sociedades e países.
Neste artigo do Quero Viver Bem, vamos entender melhor o que é a cultura de massa e suas características e diferenças em relação às demais.
O que é cultura de massa?
Em linhas gerais, a cultura de massa é aquela destinada a atingir uma grande parcela da população. Nesse tipo de produção cultural não se leva em consideração aspectos específicos de cada indivíduo ou grupo social. Aqui o público é percebido de forma homogênea, com traços característicos comuns a boa parte da massa para, assim, alcançar mais pessoas.
A produção cultural feita visando o lucro e a popularidade pode ser enquadrada nesse tipo de cultura. E aí não importa se é uma música, um filme, uma peça de teatro ou, até mesmo, um programa de TV, símbolo máximo da cultura de massa nos últimos tempos.
A cultura de massas está conectada aos tempos modernos e ao advento da industrialização, em que uma nova forma de cultura foi criada e difundida para as grandes massas de trabalhadores que precisavam ocupar seu tempo entre a cama e a fábrica.
O termo “cultura de massas” serviu, portanto, para antagonizar a chamada cultura erudita, feita por e para as elites. Enquanto a chamada “alta cultura” era destinada aos donos das fábricas e aos endinheirados, o povo se contentava com produtos e serviços de, em tese, menor qualidade, ligados aos anseios dessa sociedade industrializada.
Características da cultura de massa
A principal característica da cultura de massa é justamente a possibilidade de difusão em larga escala pelos meios de comunicação, algo muito novo quando de seu surgimento, entre os séculos XIX e XX. Até então, a cultura erudita tinha pouco alcance, ficando mais restrita aos círculos de poder, enquanto que a cultura popular se atrelava mais às comunidades locais.
Com a cultura de massa como símbolo de um tempo de grandes e rápidas transformações, as manifestações artísticas acabavam atingindo eruditos, populares e todo mundo, proporcionando a criação da chamada indústria cultural. Esse conceito está no livro A indústria cultural: o esclarecimento como mistificação das massas, de Marx Horkheimer (1895-1973) e Theodor Adorno (1903-1969). Nele, os autores refletem a respeito da transformação das manifestações culturais em mercadorias padronizadas para o consumo da população.
Dentro da ideia da indústria cultural, os bens culturais são igualados a produtos como carros e eletrodomésticos, construídos de maneira fabril e com o objetivo de serem consumidos em grande quantidade, gerando lucros e com valores que aceitam o sistema dominante.
Como mercadorias, as manifestações artísticas e culturais são padronizadas, retirando seus elementos mais característicos, com o objetivo de deixar mais palatável às grandes massas. Ao menos essa é a crítica advinda de Adorno e Horkheimer, e dos demais autores membros da Escola de Frankfurt, que reunia intelectuais alemães que analisavam a cultura e a ideologia na primeira metade do século XX.
Aqui está, inclusive, outra característica marcante da cultura de massa: ela se utiliza de atributos das culturas erudita e popular para criar o seu produto. O problema é que isso levaria, conforme uma visão crítica, a uma banalização e a um esvaziamento do conteúdo cultural original.
Isso ocorreria pois a cultura de massa valorizaria apenas elementos que caem no gosto da maior parte da população e visaria apenas o lucro e não a educação cultural. Isso faria com que as demais manifestações culturais perdessem espaço e legitimidade.
No entanto, há quem veja e defenda que as outras formas de cultura conseguem sobreviver à sua forma a esse cenário e têm, inclusive, se fortalecendo, com a busca de muitas pessoas pelo retorno ao nicho, ao diferente, ao único, que poderia motivar as produções populares e também eruditas a reencontrarem os seus públicos.
Conclusão
Como se vê, a cultura de massa é um caldeirão cultural que bebe de várias fontes para tornar o produto mais agradável a muitas pessoas. Com o objetivo de gerar lucro e riquezas, a cultura pode acabar sendo, muitas vezes, maltratada. Porém, é importante ter cuidado com essa visão, pois a massificação da cultura pode também ajudar a levar elementos culturais a algumas parcelas do público que dificilmente teriam acesso.
É possível, portanto, usar a cultura de massa para apresentar a erudição e também os elementos populares que ajudam a identificar o indivíduo em seu território e em sua comunidade, contribuindo com o desenvolvimento pessoal.