Descrição Objetiva e Subjetiva – Qual a diferença?

A finalidade de qualquer tipo de descrição, seja objetiva ou subjetiva, é retratar algo através de uma visão.

Ao escrever um texto, principalmente um texto criativo, como uma narrativa ou poema, geralmente são feitas descrições de objetos, personagens, circunstâncias e ambientes que compõem a história. Detalhar esses elementos é importante para o enriquecimento de uma narrativa!

Para que essa apresentação ou delimitação seja efetiva, há diferentes formas de retratar esses elementos. Dessa forma, vamos estudar com mais detalhes os seguintes tipos de descrição: objetiva e subjetiva.

O que é descrição objetiva?

Uma descrição é objetiva quando descreve algo ou alguém assim como é.

Isso quer dizer que não são há juízos de valor sobre o que está sendo descrito. Em outras palavras, o autor faz uma descrição sem que sejam adicionadas, ao que é descrito, as crenças de quem descreve.

Trata-se de uma descrição imparcial, que busca ser fiel à realidade do que é descrito. Nesse sentido, ela é direta e simples, com prevalência da linguagem denotativa, literal.

O que é descrição subjetiva?

Já uma descrição subjetiva ocorre quando há inclusão de opiniões particulares sobre o que se descreve. Isso significa que essa descrição passa muito mais pelos sentimentos e visões de mundo de quem descreve do que pela realidade em si.

Geralmente, fazemos descrições mais subjetivas que objetivas, pois tudo o que dizemos e pensamos passa pelo nosso próprio ponto de vista. Com os narradores e autores não é diferente!

Resumo das diferenças

Por isso, para saber diferenciar um tipo de descrição da outra, é importante observar que: descrições objetivas são sempre mais diretas e simples, atendo-se aos fatos materiais de algo que é descrito. Este tipo de descrição é o mais indicado para redações, textos dissertativos e acadêmicos em geral.

Por outro lado, descrições subjetivas tendem a ser mais elaboradas, floreadas e cheias de adjetivos que não necessariamente podem ser reconhecidos a “olho nu”.

Para exemplificar, isto seria uma descrição objetiva:

  • Ana é uma mulher magra, alta, que tem olhos claros e cabelos cacheados.

E isso seria uma descrição subjetiva:

  • Ana é uma mulher alta, com pernas que batiam em meus ombros. Magra, com uma cintura do tamanho do meu punho cerrado e tinha olhos claros, de um azul celeste gentil, e cabelos que se encaracolavam com delicadeza, afagando seus ombros ossudos.

Descrição objetiva e subjetiva na literatura

Uma das utilidades de se compreender as diferenças entre essas descrições está na interpretação de obras literárias e outros textos. Ser capaz de identificar intenções, sentimentos ou impressões veladas é importante para que tenhamos uma visão mais aprofundada daquilo que lemos ou escutamos.

Um exemplo clássico está na discussão em torno do olhar de Capitu, a personagem da obra “Dom Casmurro”, de Machado de Assis.

Olhos de cigana oblíqua e dissimulada

Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada.” Eu não sabia o que era obliqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira, eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. […] […] Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver- me, puxar-me e tragar-me. […]

Isso porque a pergunta sobre Capitu ter traído ou não Bentinho, na verdade, não tem importância alguma para a análise do romance, sendo apenas uma questão superficial.

O modo como Bentinho, protagonista e narrador da história, descreve Capitu é altamente subjetivo e expõe a personalidade dele mesmo. No caso da frase que se tornou icônica, proferida por José Dias, trata-se de um exemplo de como a mulher, na sociedade, é continuamente julgada por sua aparência.

A passagem que trata de seus olhos a retrata como uma mulher capaz de seduzir e, então, enganar.

Além disso, como tudo o que ocorre é narrado pela visão e pela memória de Bentinho, há um evidente esforço de colocar-se como aquele que foi bom, justo, relativamente inocente por estar apaixonado e, por isso, vítima (da traição).

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Referências

Reales, L. Introdução aos estudos da narrativa. Florianópolis: LLE/CCE/UFSC, 2008.

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