Dentre os mamíferos marsupiais mais famosos do mundo está o diabo-da-tasmânia (Sarcophilus harrisii). Conhecido também como demônio-da-tasmânia, seu nome comum foi dado por colonos europeus que escutaram estranhos e assustadores grunhidos na mata durante a noite. No entanto, sua reputação não é tão justa. Eles se comportam de maneira agressiva principalmente quando se sentem ameaçados, para se defender de predadores e não para atacar sem motivo.
Essa espécie ocorria em toda a Austrália no passado, mas atualmente encontra-se restrita à ilha da Tasmânia. Acredita-se que foi extinta do continente australiano por volta de 3 mil anos atrás, antes dos colonos europeus chegarem.
Uma das teorias que explica a extinção desses animais é em função da seca que atingiu a ilha, bem como a expansão do dingo, outro mamífero carnívoro que competia com o diabo-da-tasmânia.
Apesar de hoje o diabo-da-tasmânia ser hoje símbolo da Tasmânia, já foi alvo de caça e de envenenamento pelos colonos, porque essa espécie era acusada de predar aves de fazendas.
Características físicas
O diabo-da-tasmânia é um mamífero de médio porte, porém é considerado o maior marsupial carnívoro do mundo. Pode atingir até 0,75 metros de comprimento e pesar 11,8 quilos.
São animais bastante peludos, de coloração marrom e, geralmente, com uma marca branca no peito. Seus membros dianteiros são mais longos do que os posteriores, sua cabeça é grande quando comparada ao corpo, e seus dentes são afiados e fortes, com mandíbulas musculares que resultam numa mordida poderosa. Já suas orelhas são arredondadas e vermelhas no interior.
Comportamento
O comportamento mais característico desses animais é sua predisposição à briga. Eles se comportam de maneira agressiva quando se sentem ameaçados por predadores, durante competição por parceiros sexuais e para defenderem seu alimento. Por isso, seu nome leva demônio ou diabo.
Dentre as exibições de agressividades se destacam: mostrar os dentes, atacar e rosnar. Além disso, são animais solitários e de hábitos noturnos.
Habitat
Como o nome diz, são encontrados somente na ilha da Tasmânia, na Austrália. Habitam buracos, tocas e cavernas.
Alimentação
Os diabos-da-tasmânia são animais estritamente carnívoros. Sua dieta é composta por presas de vertebrados, como cobras, pássaros, peixes e também insetos. Além disso, podem consumir carcaças de animais já mortos.
Para caçar, utilizam seus longos bigodes que são bastante sensíveis ao cheiro. Quando se alimentam, ingerem a presa toda, incluindo pelos, órgãos e ossos. Uma característica interessante desses animais é que, após se alimentarem, sua cauda incha em função do acúmulo de gordura.
Reprodução
Como mamíferos marsupiais, os diabos-da-tasmânia possuem reprodução interna. Os filhotes saem do útero em direção à bolsa quando atingem entre 20 ou 30 semanas. Eles escalam o caminho até a bolsa e permanecem presos nas tetas da mãe. Em alguns casos, não há tetas suficientes para todos os filhotes, o que acaba resultando na morte de alguns deles.
Após aproximadamente quatro meses, os filhotes saem da bolsa. A desmamada ocorre por volta dos seis meses de idade, e os filhotes se viram sozinhos aos oito meses. Em vida livre, podem viver até os 5 anos de idade.
Curiosidades
Após serem extintos da ilha continental australiana, os diabos-da-tasmânia foram também alvos de fazendeiros que os acusavam de atacar seus animais de criação. Por conta disso, a espécie tem enfrentado ameaças de extinção desde muito tempo. Apenas em 1941, o governo australiano inseriu a espécie na lista de espécies protegidas e tem tentado recuperar as populações.
No entanto, uma doença descoberta em 1996 tem impulsionado o declínio populacional novamente. Estima-se que até o momento mais de 60% da espécie já tenha sido eliminada pela doença.
Chamada de doença do tumor facial dos demônios (DFTD), ela é caracterizada por ser um tipo de câncer contagioso que forma protuberâncias na face. Como essa espécie tem o habito de morder uns aos outros, a transmissão ocorre de maneira muito fácil. Além disso, essas protuberâncias dificultam a alimentação, deixando os indivíduos ainda mais fracos.
Ações de conservação em cativeiro têm sido realizadas e a espécie encontra-se na lista nacional australiana de animais ameaçados de extinção e também na lista vermelha da ONU. A expectativa é de que a espécie possa ser dizimada entre 25 e 35 anos, se não for encontrada uma cura para a doença.