O que foi a Doutrina Monroe? – Definição, lema e mais!

Em 1823, o presidente dos Estados Unidos, James Monroe, desenvolveu uma nova política externa norte-americana, que ficou conhecida por seu lema, “América para os americanos”. Era a chamada “Doutrina Monroe”.

Confira, na sequência, como isso funcionou e impactou todo o continente americano.

O que defendia a Doutrina Monroe?

O que foi a Doutrina Monroe - Definição, lema e mais! (Imagem: FreePik.com)
O que foi a Doutrina Monroe – Definição, lema e mais! (Imagem: FreePik.com)

O grande objetivo da Doutrina Monroe era garantir o fim do colonialismo na América por parte dos Europeus. Desta forma, os Estados Unidos passavam a apoiar todos os processos de independência na região e também a luta de qualquer resistência à nova formação de colônias europeias na América.

Com isso, os Estados Unidos ficariam como a grande potência e única liderança na América. Foi, portanto, uma forma política que facilitaria o controle e também a imposição da cultura e da religião para os demais povos do Continente.

Contexto na América e na Europa

O ano de 1815 marcou o fim da Era Napoleônica, com a derrota de Napoleão Bonaparte na Batalha de Waterloo, na Bélgica. Além dos esforços para recuperar o que fora tomado com a expansão francesa, a Europa estava preocupada em barrar a independência de suas colônias americanas. Estas, por sua vez, inspiravam-se na própria independência dos Estados Unidos, que ocorrera em 1776.

O governo estadunidense temia que, após o Congresso de Viena (1814-1815), os países europeus retomassem o domínio sobre suas colônias. Outra inspiração advinha da ideologia isolacionista de George Washington que, ao sair da presidência, em 1796, reforçou as diferenças entre os interesses europeus e os americanos.

Doutrina Monroe e Destino Manifesto

A Doutrina Monroe foi acompanhada também do Destino Manifesto, um termo criado pelo jornalista John Louis O’Sullivan, em 1845. Era como se os Estados Unidos fossem representantes únicos da virtude americana e, por isso, tivessem uma missão especial.

A ideia era a mesma: expansão dos domínios por parte dos norte-americanos, mas com foco na América do Norte e com a busca sendo baseada em uma crença que este avanço se dava por conta uma vontade divina, de expandir a conquista de terras e promover a cultura e a religião.

Portanto, os adeptos desta crença acreditavam que era uma missão dos Estados Unidos converter indígenas e mexicanos, que eram considerados inferiores por eles.

Esta doutrina se tornou fundamental para a decisão de expansão territorial dos Estados Unidos para o Oeste, partindo do Atlântico, onde estavam as Treze Colônias, para o Pacífico.

O slogan que pregava a “América para os americanos” tinha como entendimento, portanto, que eram os Estados Unidos o sinônimo principal de América a servir como modelo de civilização para todo o continente.

Expansionismo americano

A Doutrina Monroe, assim como o Destino Manifesto, contribuiu para o expansionismo americano no Continente.

Mais do que territórios, os Estados Unidos passavam a ter fortes influências em tudo o que acontecia na América Latina. Portanto, era um expansionismo militar, político e econômico e que teve fortes influências nos processos de independência de Cuba, Panamá e Porto Rico.

Isso criou uma relação de necessidade desses países perante os Estados Unidos, possibilitando uma maior influência norte-americana sobre o Caribe. Isso tudo pavimentou o caminho imperialista dos EUA na região e abriu as portas para as constantes intervenções na América Latina.

Críticas à Doutrina Monroe

Aproveitando-se dessa influência estabelecida a partir da Doutrina Monroe, os presidentes posteriores desenvolveram suas políticas externas visando à tutela do continente americano. Sendo assim, diversas intervenções indevidas pelos Estados Unidos continuam, até os dias atuais, justificadas com os ideais de Monroe.

Durante a Guerra Fria, a intervenção e o posterior bloqueio a Cuba, em 1967, segundo John F. Kennedy, foi um modo de impedir a interferência soviética na América – mantendo-a “para os americanos”. Ainda mais recentemente, o próprio Donald Trump utilizou a Doutrina Monroe, em 2017, para defender uma possível intervenção na Venezuela.

Com a insistência dos EUA em manter seu imperialismo, o descontentamento de países latino-americanos se mostra crescente, levando a uma série de tensões entre governantes. Um caso emblemático ocorreu em 2013, com a descoberta de que a Agência Nacional de Segurança estadunidense espionava diversos governantes e ministros em outros países, incluindo a então presidenta Dilma Rousseff.

Em discurso na Assembleia-Geral da ONU, Rousseff chegou a criticar a atitude dos EUA e a cobrar explicações.

Referências

– repositorio.uniceub.br:  Byron Kuhn e Raquel Arévalo
– Prado, Maria Lígia Coelho: América Latina no século XIX.
– anpuh.org.br: Adelar Heinsfeld
– Schilling, Voltaire: Estados Unidos e América Latina: Da Doutrina Monroe à ALCA
– Teixeira, Carlos Gustavo Poggio: Uma política para o continente – reinterpretando a Doutrine Monroe.

 

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