Em uma espécie de renovação do pensamento teórico marxista, surgiu a Escola de Frankfurt, que acabou se transformando em um movimento de teóricos que foi além e buscou entender os problemas, não apenas da teoria marxista, mas dos trabalhadores e da sociedade do século XX.
Com suas importantes contribuições, esse movimentou ofereceu visões novas e críticas a respeito do mundo, servindo de base até os dias de hoje na interpretação de fenômenos diversos.
Neste artigo, explicaremos em que consiste a Escola de Frankfurt e em qual contexto ela surgiu. Abordaremos, ainda, a sua ideia de Teoria Crítica, exemplificado no conceito de Indústria Cultural, uma das maiores contribuições dos filósofos dessa escola.
O que é a Escola de Frankfurt?
A Escola de Frankfurt foi um movimento de intelectuais surgido na Alemanha, a partir da primeira metade do século passado, que produziu uma linha de pensamento denominada Teoria Crítica.
Os maiores representantes dessa corrente teórica são Max Horkheimer (1895 – 1973) e Theodor W. Adorno (1903 – 1969). A escola foi fundada em 1924, na cidade alemã de Frankfurt. Horkheimer e Adorno desenvolveram inúmeros estudos de cunho marxista ao lado de nomes como Walter Benjamin (1892 – 1940), Jürgen Habermas (1929), Herbert Marcuse (1898 – 1979) e Erich Fromm (1900 – 1980).
Perseguidos pelo Nazismo, os filósofos tiveram que migrar por várias cidades europeias, até chegarem aos Estados Unidos, onde se fixaram na Universidade de Columbia, em Nova Iorque – com exceção a Walter Benjamin, que se suicidou em 1940, durante sua fuga dos soldados nazistas na região dos Pireneus.
Considerada o último expoente da filosofia alemã, a Escola de Frankfurt surgiu em meio à agitação política e à crise econômica na Alemanha no período entre guerras, auge da chamada República de Weimar. A sede da escola ficava no Instituto para Pesquisas Sociais e tinha como mestre Horkheimer, que depois foi trocado por Adorno.
O modelo teórico por eles adotado realizou a união do materialismo histórico de Karl Marx com a psicanálise de Sigmund Freud, mas também tinha abertura para pensadores como Friedrich Nietzsche e Arthur Schopenhauer. Boa parte de suas ideias vinham à público por meio de uma revista, que reunia diversos colaboradores e divulgava o que ficou posteriormente conhecido como Teoria Crítica.
A Teoria Crítica criada pelos filósofos alemães se contrapunha à Teoria Tradicional, já que a Crítica visava analisar as condições sociopolíticas e também econômicas, buscando a transformação da realidade vivida, enquanto que a Tradicional seria mais neutra. Um exemplo que podemos citar a respeito da Teoria Crítica é a sua famosa análise sobre os meios de comunicação e a criação do termo “indústria cultural”, que serviu como fonte de diversos estudos posteriores.
A Indústria Cultural
Esse termo surgiu na obra Dialética do Esclarecimento, de 1947, quando Horkheimer e Adorno definiram a indústria cultural como um sistema político e econômico voltado para a produção de bens culturais (filmes, livros, música popular, programas de rádio e televisão, entre outros) em forma de mercadorias para serem consumidas pela população, sendo que tais produções seriam também uma forma de manter o controle da sociedade.
A teoria se explica da seguinte maneira: os meios de comunicação de massa pertencem a determinadas empresas, que visam cada vez mais o lucro e, consequentemente, a manutenção do sistema econômico do momento para seguirem auferindo dividendos.
Dessa feita, os produtos culturais – como filmes estadunidenses, determinados tipos de músicas, bem como as novelas – não seriam bens culturais ou artísticos, mas sim produtos de consumo vendidos de maneira semelhante a um detergente ou a um automóvel.
O resultado disso, na visão dos críticos, é que tais produtos servem somente para manter as pessoas alienadas de sua realidade e condição social, ao invés de formar cidadãos críticos e autônomos.
Sendo assim, Adorno defendia que os receptores das mensagens enviadas pelos meios de comunicação eram as vítimas desse processo, pois eles seriam direcionados a ter um gosto padronizado, sendo induzidos a consumir produtos de qualidade questionável feitos justamente para manter o status quo.
Críticas à teoria
O modelo frankfurtiano foi muito criticado nos anos 1970 e 1980, pois estaria trazendo uma visão um tanto quanto reducionista dos receptores. Isso porque, algumas pesquisas feitas na época indicavam que os receptores não eram tão manipuláveis como Adorno acreditava. Outro argumento era de quem nem toda produção cultural se voltava meramente à indústria, mas também à arte.
Ainda assim, pode-se dizer que Adorno e Horkheimer tiveram a capacidade de direcionar uma crítica, que parece atual, em que a diversão estaria misturada a assuntos importantes, minimizando o verdadeiro valor de certos acontecimentos, que estariam sendo vendidos cada vez mais de forma trivial, tirando a capacidade de indignação dos indivíduos. Como se vê, a escola de Frankfurt trouxe importantes contribuições para a sociedade moderna.