Exílio é um termo utilizado para designar a pessoa que está longe de seu local de origem, ou seja, expatriada, por vontade própria ou à força. As palavras banimento, degredo e desterro costumam ser utilizadas como sinônimos de exílio, embora possa haver diferenças em seus significados.
O termo refugiado também é muito utilizado, pois o que o caracteriza (indivíduo que sai do seu país por sofrer ameaças de perseguição devido às suas convicções políticas, religiosas ou étnicas) é muito semelhante aos critérios que definem um exilado.
O termo vem da palavra latina exilium, que significava banimento. Os gregos já praticavam exílio pelo ostracismo, uma prática na qual uma pessoa era, por voto e pelos mais diversos motivos, banida de Atenas por um período de 10 anos.
Os romanos também tinham o costume de expulsar pessoas por determinados crimes cometidos, e era comum que homens de poder dentro da República afastassem adversários políticos. Um exemplo é o famoso escritor e filósofo Cícero, que foi um exilado de Roma durante alguns anos.
Tipos de exílio
Há vários motivos pelos quais uma pessoa é exilada de um país, ou opta, de forma voluntária, a sair dele. Normalmente, as motivações são políticas, religiosas ou intelectuais. Veja alguns exemplos, abaixo:
Exílio político
Acontece quando um grupo assume o poder, implantando, de forma violenta, uma determinada ideologia política a qual todos devem obedecer de forma estrita. Para evitar qualquer tipo de perseguição, muitas pessoas deixam o país, ou são expulsas pelo governo.
O cineasta inglês Charles Chaplin, vivendo nos Estados Unidos, foi impedido de voltar ao país após uma viagem à Inglaterra para participar da estreia de seu filme Luzes da Ribalta, em 1947. O motivo foi uma acusação de prática de atividades antiamericanas, além de um suposto alinhamento aos ideais comunistas.
No Brasil, durante o período da Ditadura Militar (1964-1985), várias pessoas foram perseguidas e expulsas do país, por fazerem oposição ao regime ou por fazerem parte de determinadas ideologias políticas. Músicos como Chico Buarque, Geraldo Vandré e Caetano Veloso, e políticos como Fernando Henrique Cardoso e José Serra buscaram exílio para não sofrerem perseguições. Outro caso emblemático foi a expulsão do então imperador Dom Pedro II, que se exilou na França após o fim do regime monárquico e a implantação da República no país, em 1889.
Um caso recente foi a saída voluntária do deputado federal Jean Wyllys que, devido a constantes ameaças de morte por seu posicionamento político, optou por abrir mão de seu mandato e buscar exílio na Alemanha. Foi o primeiro caso de exílio em território brasileiro desde o fim da Ditadura Militar.
Exílio étnico
Neste caso, as pessoas são perseguidas por serem estrangeiras ou por pertencerem a uma etnia específica. Como exemplo, podemos citar a Alemanha Nazista, em que, devido à perseguição aos judeus, milhares de pessoas fugiram do país enquanto ainda era possível.
Entre eles, grandes cientistas, como Albert Einstein e Max Born, e intelectuais, como o filósofo Walter Benjamin e o matemático Richard Courant, foram obrigados a deixar os seus respectivos países.
Exílio religioso
Durante a Guerra Civil na Síria, conflito ainda em curso, extremistas do Estado Islâmico – grupo jihadista que tomou o controle de parte do país – perseguiram, torturaram e mataram pessoas não muçulmanas, e muitos tiveram de fugir às pressas da região.
A perseguição aconteceu também dentro da própria religião islâmica. De orientação sunita e com uma interpretação própria das leis islâmicas, os jihadistas perseguiram, com violência, membros de outras vertentes islâmicas, ou qualquer um que não compartilhasse a mesma visão de mundo.
Governos exilados
Em casos extremos, como uma guerra, todo o governo de um país pode buscar exílio no exterior. Um caso famoso é o exílio de Dalai Lama. Em 1959, após décadas de disputas políticas sobre a soberania do território do Tibet, o exército chinês invadiu o país, obrigando o líder religioso a fugir, buscando exílio na Índia. Passados 60 anos, o governo do Tibet, tendo à frente Dalai Lama, ainda tenta governar o país a partir do exílio.
Dados atuais
Segundo dados da Anistia Internacional e da UNHCR, agência da ONU que cuida da questão de refugiados e exilados, há, atualmente, 244 milhões de pessoas vivendo em situação de exílio no mundo, o que mostra que o ser humano ainda tem muita dificuldade em aceitar e conviver com as diferenças em uma sociedade cada vez mais plural.