Figuras de Linguagem – O que são? 30 Exemplos, Como usar e Exercícios

As figuras de linguagem são um recurso dentro da língua portuguesa que tornam a frase mais enfática, destacando seu significado e valorizando o texto.

Existem mais de 30 figuras de linguagem na língua portuguesa, contudo, esse cálculo não é exato – visto que tem autores que preferem unir algumas figuras, enquanto outros, preferem dividi-las em exemplos diferenciados.

Confira alguns exemplos, abaixo, e, ao final do texto, teste os seus conhecimentos no quiz que preparamos para você!

As 30 figuras de linguagens – Exemplos

Abaixo, segue a explicação e exemplos de figuras de linguagem:

1. Metáforas

Ela utiliza palavras dentro de uma frase com um significado totalmente novo, para expressar uma ideia ou acontecimento. A palavra dentro dessa frase foge totalmente do seu sentido literal e se torna figurado. Exemplo:

  • Exemplo: ela chorou um rio de lágrimas.

A pessoa da frase não chorou um rio de verdade. No dicionário e na língua portuguesa, a palavra rio tem um significado totalmente diferente do utilizado no exemplo. Dentro da frase mostrada, “rio” demonstra que a pessoa chorou de modo intenso. Confira aqui a explicação completa sobre metáforas. 

2. Metonímia

A metonímia é parecida com a metáfora, porém utiliza palavras de significados próximos para dar sentido às frases. Uma palavra pode substituir outra, com uma proximidade semântica muito grande. Veja o exemplo abaixo:

  • Exemplo: eu adoro ler Stephen King.

O locutor da frase não lê Stephen King e sim suas obras. Porém, a frase tem um significado facilmente compreendido e o uso do nome do autor atribui o significado na oração, indicando que o que o leitor gosta de fato são dos livros que o autor escreve.

3. Sinestesia

São as misturas de sensações que indicam um sentimento. A sinestesia existe de verdade e acontece em algumas pessoas que, ao ouvirem sons, vêem neles cores, ou sentem gostos, cheiros, entre outras misturas de sentidos. Na literatura, seu significado é bastante parecido, veja:

  • Exemplo: pela primeira vez, ele foi atingido pelo calor do amor.

O personagem da frase não sentiu calor de verdade, mas a palavra está associada a um significado afetivo, de conforto. Assim como o oposto, “frio”, está, muitas vezes, associado à solidão, à falta de sentimentos e outros.

4. Catacrese

A catacrese é o nome que se dá a algo que não tem um nome específico. É quando uma palavrinha empresta sua estrutura para nomear alguma outra coisa. Surgem, então, dois significados totalmente distintos e que não estão associados. É algo que já existe na linguagem e não foi inventado pelo autor da frase:

  • Exemplo:asa da xícara quebrou.

A asa é uma parte do corpo de um animal, mais especificamente das aves. A xícara não tem de fato uma asa como esses seres vivos, porém foi usada essa palavra para nomear a alça de segurar a xícara. Assim, forma-se a catacrese.

5. Antítese

O prefixo “anti” já promove uma ideia de oposição e é exatamente isso o que acontece com essa figura de linguagem. São palavras opostas usadas juntas para expressar algo. Apesar de serem contrárias, conseguem criar harmonia e um significado, veja:

  • Exemplo: passou tanto medo que estava suando frio.

A palavra suor indica calor, verão, sol. Já frio tem um significado totalmente oposto, é gélido e não está nem um pouco relacionado ao suar. Porém, mesmo sendo contrárias, elas conseguem criar harmonia e sentido para frase, reforçando o fato da pessoa estar com muito medo.

6. Paradoxo ou Oxímoro

São palavras opostas, mas que acabam dando mais ênfase para o que foi dito. Apesar de terem significados opostos, podem ser usadas em um mesmo contexto. Algumas vezes, pode parecer sem lógica, mas possui sentido real. Também são usadas para mostrar ironia. Veja o exemplo:

  • Exemplo: aquele pobre homem rico perdeu a esposa.

O homem é rico, mas, ao mesmo tempo, um pobre coitado. O sentido, então, foge um pouco do que se pensa para formar a frase.

7. Eufemismo

São palavras ou expressões que têm o mesmo significado, mas se substituem. Uma pode ser usada no lugar da outra, sem alterar o sentido da frase. Mas, geralmente, acabam atribuindo um significado mais leve. Veja o exemplo:

  • Exemplo: o filho da minha vizinha descansou em paz.

O que a frase realmente remete é que o filho da vizinha morreu. Porém, para tornar a frase menos pesada e mais sensibilizada, são usadas outras expressões ou palavras que parecem menos depreciativas.

8. Hipérbole

A hipérbole é quase o contrário do eufemismo. Enquanto o eufemismo deixava as situações mais leves, a hipérbole causa um exagero ou desconforto. Ela intensifica os fatos para dar uma maior importância para eles. Veja:

  • Exemplo: eu estou explodindo de tanto comer.

Quem falou a frase não está explodindo de verdade. A pessoa apenas comeu demais e está desconfortável com a sensação. Para passar o que está sentindo, ela faz o uso da hipérbole para intensificar o fato de ter exagerado na refeição.

9. Ironia

A ironia é bastante conhecida e utilizada pelas pessoas. Na linguagem escrita, é um pouco mais difícil percebê-la. Até utilizar no dia a dia, pode causar um pouco de confusão. Você fala uma coisa, mas o seu significado é totalmente o oposto. Quando, por exemplo, você recebe uma notícia ruim e fala:

  • Exemplo: isso é tudo o que eu precisava antes de acabar o dia.

No significado real, o que aconteceu era algo que você não imaginava e não queria que acontecesse. Mas, a indignação acaba sendo tão grande que a pessoa se torna sarcástica e usa a ironia. Ela não precisava daquilo, mas se expressa assim de uma forma contrária ao que quer dizer.

10. Apóstrofe

A apóstrofe é a invocação de algo ou alguém pra indicar e expressar algum sentimento como surpresa, indignação ou outros. Um apóstrofe bastante comum é “meu Deus” – até mesmo ateus, pessoas que não acreditam em deus, a utilizam. É apenas uma figura de linguagem e não está associada à religião:

  • Exemplo: minha nossa senhora! Não acredito que adiaram o lançamento do filme.

O significado pode variar de acordo com o restante da frase. Quando proferida, o significado não foi louvor a Santa Nossa Senhora, mas sim de indignação do fato que foi dito depois, sobre adiarem a data de lançamento do filme.

11. Personificação ou Prosopopeia

A personificação ou prosopopeia são a mesma coisa. Acontece quando as pessoas atribuem sentimentos ou sentidos racionais a elementos irracionais. É quando acontece a personificação de um ser inanimado. Por exemplo:

  • Exemplo: A planta ficou feliz ao ser trocada de lugar e colocada ao sol.

A planta não ficou feliz de verdade, mas deve-se ter notado um maior desenvolvimento e melhoramento dos aspectos visuais dela, ao pegar mais sol. Objetos não têm sentimentos ou fazem alguma ação, mas isso pode ser usado na língua portuguesa para expressar acontecimentos.

12. Pleonasmo

O pleonasmo é muito utilizado, mesmo sem que a gente perceba. Na mesma oração, ele utiliza mais de uma palavra ou expressão que acabam significando a mesma coisa e deixam a frase redundante. Exemplo:

  • Exemplo: preciso sair para fora tomar um ar.

Se você está saindo, já está indo para fora. Não há a necessidade de repetir a informação. Outros usos comuns são “cair para baixo”, “subir para cima”, etc.

13. Cacofonia

A cacofonia é quando uma palavra utilizada em seguida da outra causa uma estranheza ao falar, podendo facilmente ser confundida e tomar um novo significado. As últimas sílabas de uma palavra se juntam com as iniciais da palavra seguinte e podem parecer algo diferente do que de fato foi dito. Veja:

  • Exemplo: dei um beijo na boca dela.

O boca+dela parece “cadela”. Em alguns casos, pode modificar totalmente o significado da frase.

14. Elipse

A elipse é quando ocorre a omissão de um termo na frase, mas mesmo assim ele pode ser percebido e fica subentendido que aquilo foi dito. Na elipse, a palavra não foi dita anteriormente e, mesmo assim, a mensagem pode ser compreendida. Veja um exemplo:

  • Exemplo: me devolveram minhas panelas.

Há a emissão do “eles” na frase, mas sabe-se exatamente o que aconteceu. Não é preciso que a palavra esteja ali para que a compreendamos. Mesmo oculta, a frase continua com o mesmo sentido.

15. Ambiguidade ou Anfibologia

A ambiguidade não só é uma figura, mas também vício de linguagem. Ela acontece quando o texto fica com duplo sentido, não podendo ser compreendido de maneira absoluta. Pode ser proposital ou não, acontecendo por falta de clareza na oração. É mais utilizada na linguagem artística, mas deve ser evitada em redações ou textos técnicos. Veja um exemplo de ambiguidade:

  • Exemplo: o homem contou ao outro que seu pai estava doente.

Não é possível compreender que estava doente: se era o pai do homem que deu a notícia ou do que recebeu. A frase acaba ficando com duplo sentido e não é compreendida por completo.

16. Onomatopeia

A onomatopeia é utilizada para reproduzir um som, um ruído ou barulho. É muito utilizada em histórias em quadrinho. Quando escrevemos um som, de qualquer tipo, estamos o representando através da onomatopeia. Veja:

  • Exemplo:Auuuuuuuuuu” – uivou o lobo para a lua cheia.

O “Auuuuuuuuuu” esta apenas representando o barulho feito pelo lobo, não se tratando, de fato, de uma palavra da língua portuguesa, mas da representação do uivo.

17. Hipérbato ou Inversão

O hipérbato não é o uso de alguma palavra ou expressão em si, mas da mudança na sequência da oração. A ordem direta dos termos é alterada, mas mantém seu sentido. O usual para a construção de frases é : sujeito + verbo + complemento. Porém, no hipérbato a ordem não é necessariamente esta. Veja:

  • Exemplo: são como filhos esses gatos para mim.

A frase usual seria “Esses gatos são como filhos para mim”. O sujeito foi posicionado para o meio da frase, ao invés de estar no início, porém ela continua com sentido quando trocamos a ordem comumente utilizada.

18. Anáfora

A anáfora é a repetição de palavras para dar ainda mais ênfase no que está sendo dito. As repetições acontecem sucessivamente no começo de orações, períodos ou versos. São repetitivas, mas podem deixar o sentido mais expressivos:

  • Exemplo: esperei crescer, esperei me formar, esperei ganhar dinheiro e acabei nunca vivendo.

A palavra esperei foi repetida várias vezes, mesmo sem precisar estar ali e o uso constante reforça a ideia de que a pessoa ficou aguardando por muito tempo, deixando o significado ainda mais profundo do que se não houvesse as repetições “esperei crescer, me formar, ganhar dinheiro e acabei nunca vivendo”.

19. Alusão

É uma referência ou citação. Ela relaciona um texto a outro, de forma implícita ou mesmo explícita. Sendo assim, é possível citar acontecimentos, personagens, pessoas, trabalhos e outros que já existem em outras obras. Por exemplo:

  • Exemplo: eles eram apaixonados como Romeu e Julieta.

Romeu e Julieta são personagens muito conhecidos da obra de William Shakespeare e retomados na frase para dar sentido e explicar o tamanho da paixão entre o casal da frase.

20. Aliteração

A aliteração é a repetição de sons consoantes, que podem ser iguais ou apenas bem semelhantes entre si. É mais comum no começo de versos e frases, mas pode ser usado no meio ou no fim da oração sem problemas. Leva como base a sonoridade das palavras, que intensifica o ritmo e promove a ênfase:

  • Exemplo: Quem com ferro fere, com ferro será ferido.

A sílaba “fe” se repete várias vezes na frase, formando um ritmo para toda a frase, unificando-a. Quase todos os trava-línguas utilizam a aliteração.

21. Comparação

Usa-se para comparar dois termos, ajudando na explicação de algo estabelecendo uma relação comparativa com outro objeto.

  • Exemplo: seus olhos brilham como a luz do luar

22. Antonomásia

Figura de linguagem usada quando uma palavra é substituída por um substituto que a caracteriza, mas não necessariamente um sinônimo. 

  • Exemplo: o filho de Deus (Jesus Cristo) ou a Cidade Maravilhosa (Rio de Janeiro)

23. Gradação

Figura de linguagem caracterizada pela enumeração de fatos ou informações sequenciadas de forma crescente ou decrescente.

  • Exemplo: O céu, o sol, o mar, o chão, o tudo e o nada.

24. Hipérbole

Quando é usado do exagero para enfatizar aquele momento do texto ou a título de dramatização.

  • Exemplo: Rosinha estava quase morrendo de fome.

25. Anáfora

Quando há a repetição constante de uma mesma palavra de forma proposital e sem ser considerado uma redundância. Na maior parte das vezes, ela separada pelo uso correto da vírgula. 

  • Exemplo: Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cantasse,se você morresse… (Drummond – E agora, José?)

26. Polissíndeto

Figura de linguagem representada pela repetição de uma mesma conjunção. 

  • Exemplo: Ou você come, ou você fala. Os dois juntos não dá.

27. Quiasmo

Quando é usada uma palavra repetidamente na mesma frase para configurar repetição daquela mesma atividade ou para enfatizar aquele feito.

  • Exemplo: e se lembrou, e se lamentou, e esqueceu, e se lembrou novamente.

28. Silepse

Ocorre quando a concordância verbal é feita com uma ideia, transitando entre feminino e masculino ao longo da sentença.

  • Exemplo: a gente (substantivo feminino) é velho (adjetivo masculino).

29. Zeugma

Quando é feita a substituição de uma palavra por outra para evitar a repetição de um mesmo termo. Funciona de forma muito semelhante à elipse.

  • Exemplo: ele gostava de cachorro, eu de gatos.

30. Assíndeto

Figura de linguagem usada quando a conjunção é excluída, sendo substituída por uma vírgula ou outra utilização para fazer a sequenciação das informações.

  • Exemplo: fui ao mercado e comprei melão, banana, abacate e feijão. 

Para que servem as figuras de linguagem?

As figuras de linguagem tornam a escrita e, até mesmo, a fala mais ricas, expressando de forma mais apropriada emoções e o modo de falar particular de cada locutor ou personagem dentro de uma história. Elas podem até expressar o sentido não literal e afastar palavras do modo padrão da gramática.

As figuras de linguagem melhoram a sonoridade e a expressão de orações, transformando-as em algo original e criativo.

Elas dão destaques para elementos dentro de uma frase e, geralmente, são divididas em algumas categorias: figuras de palavras ou semânticas, figuras de pensamento, figuras de sintaxe ou construção, figuras de som ou harmonia e várias outras. Conheça-as:

figuras de linguagem

 

Existem muitas figuras de linguagem, sendo preciso estudá-las bastante e com calma, para que seja possível decorá-las. Muitas vezes, fazemos o uso desse recurso sem nem percebermos que estamos o utilizando. Porém, ao conhecer bem a língua portuguesa, é possível ter um vocabulário mais rico e saber se expressar cada vez melhor.

Agora que você já sabe um pouco mais sobre as figuras de linguagem, que tal ver o que consegue responder, testando os seus conhecimentos no quiz? Basta rolar até o final da página! Ah, e não esqueça de desafiar os seus amigos também! 

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