O funcionalismo é uma teoria que pode ser utilizada em diversas áreas do conhecimento, tais como a Antropologia, a Filosofia, a Psicologia e até a Linguística. Ela nasce com o intento de explicar a sociedade, as ações dos indivíduos e coletivas, por meio das causalidades, que se desenvolvem a partir das funções, por isso o nome funcionalismo.
Dessa forma, a sociedade é vista por esta teoria como um organismo que é formado por órgãos que se relacionam e possuem funções bastante específicas. Neste artigo, vamos compreender como esse conceito foi desenvolvido e como ele se aplica.
A origem da teoria funcionalista
As ideias relacionadas ao estudo funcionalista surgiram a partir do filósofo francês Émile Durkheim (1858 – 1917), considerado um dos pais da Sociologia. Vale destacar que Durkheim tinha uma certa influência do positivista Auguste Comte (1798 – 1857), ao menos no método, ainda que buscasse suas próprias ideias no que tange à evolução da sociedade, que ele cria não ser linear, mas sim a partir de sua teoria dos fatos sociais.
De qualquer forma, tal influência levou Durkheim a se inquietar com a estrutura da sociedade, buscando estudar os fatores que a definem, isto é, o que faz com que uma sociedade não seja uma mera ação coletiva e de sujeitos.
Por isso, ele começou a estudar profundamente as estruturas da sociedade e o papel de cada indivíduo dentro dela. Além de Durkheim, outros autores funcionalistas se destacam, tais como: Robert Merton, Herbert Spencer e Talcott Parsons.
Vale dizer que Spencer também contribuiu para a formação de Durkheim, ainda que a teoria funcionalista tenha sido deduzida a partir dos estudos de Comte e não de Spencer.
O que é funcionalismo?
Os teóricos do funcionalismo enxergam a sociedade como cada parte desta mesma sociedade que possui uma função para manter a estabilidade dela. Trata-se de uma visão sistêmica, pois observa e analisa quais fatores que fazem conectar as diversas partes que formam o conjunto da sociedade, resultando, assim, em um grande sistema. Seria como uma grande máquina de fábrica, que possui várias peças e engrenagens que precisam estar em pleno funcionamento para produzir aquilo para o qual a máquina foi designada.
O funcionalismo procura observar “as Ciências Sociais em termos de estruturas, processos e funções, e compreender as relações existentes entre esses componentes. Ele realça que cada elemento de uma cultura ou instituição social tem uma função a desempenhar no sistema mais amplo”, afirmam Fremont Kast e James Rosenzweig, no livro Organização e administração: um enfoque sistêmico, citado por Augusto Cabral no artigo A sociologia funcionalista nos estudos organizacionais: foco em Durkheim.
Segundo a concepção de Durkheim para a teoria funcionalista, as partes desta grande máquina não funcionam de maneira isolada, mas sim foram desenhadas para funcionarem unidas. E quando uma das engrenagens deixa de funcionar de forma adequada, todo o sistema é afetado. Sendo assim, todas as partes que compõem este grande organismo dependem umas das outras para o seu pleno funcionamento.
Mas, o que são essas partes do todo denominado sociedade? Bem, podemos citar as instituições, os grupos sociais e os demais atores que compõem a sociedade, tais como a família e os entes estatais. Logo, quando algum desses agentes não funciona corretamente, a harmonia da sociedade como um todo é prejudicada.
Outra pergunta que pode surgir no meio desse entendimento é o que leva todas as partes a cumprirem suas funções? De acordo com o funcionalismo, o consenso gerado naquele agrupamento é o responsável por essa aceitação, pois ele é o garantidor da estabilidade social, bem como dos valores comuns que giram em torno daquela sociedade.
Importância e declínio do funcionalismo
Os estudos funcionalistas influenciaram diversas áreas, em especial a Antropologia, além de inaugurar campos de estudo e inspirar muitos trabalhos. Essa tese serviu ainda para refutar teorias como as do difusionismo e do evolucionismo, que eram as mais aceitas até então pelos antropólogos estadunidenses e britânicos.
Os teóricos funcionalistas priorizavam a descoberta dos fatos, a existência material e a realidade dos eventos, que deveriam ser buscadas pelas manifestações no presente, o que valorizou bastante o trabalho de campo e a observação participante.
Muito influente entre os anos 1960 e 1970, o funcionalismo passou a sofrer muitas críticas de autores que afirmavam que a teoria não conseguia explicar toda a complexidade que envolve a sociedade e seus membros. Entre os críticos estavam os marxistas, que apontavam as análises funcionalistas como conservadoras, estáticas, que não ajudavam na modificação do status quo, por exemplo.