A maior riqueza do trabalhador é a sua força de trabalho. É por meio dela que as indústrias produzem e o comércio se movimenta. Nesse sentido, um dos principais meios pelo qual a classe trabalhadora busca defender seus interesses dentro de um sistema capitalista são as greves.
Normalmente, os movimentos grevistas são organizados pelo sindicato responsável por cada classe, mas existem casos em que os próprios trabalhadores buscam a paralisação. No Brasil, a greve é um direito regido pelo Art 9º da Constituição Federal, e em conformidade com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
O que é greve?
Greve é o nome que se dá à parada coletiva, organizada e voluntária do trabalho realizado por trabalhadores, tendo como objetivo direitos ou benefícios, por exemplo aumento de salário, melhoria das condições de trabalho e dos direitos trabalhistas, ou para protestar contra a perda de benefícios ou direitos já adquiridos.
Essa paralisação pode ser total ou parcial, com ou sem prazo para acabar.
Como surgiu a greve?
A origem do termo está na palavra francesa grève, que pode ser traduzida como praia. No século XVIII, existia uma pequena praça às margens do rio Sena, em Paris (atualmente Place de l’Hôtel de Ville), onde se formava uma pequena praia, que servia como área de embarque e desembarque de navios.
Por conta da movimentação, desempregados da cidade iam até o local na tentativa de encontrar algum emprego esporádico. Com o tempo, a praça passou a ser um local de concentração de trabalhadores insatisfeitos com as condições de trabalho.
O surgimento das greves se confunde com o surgimento de grupos sindicais que visavam defender os interesses dos trabalhadores no contexto da Revolução Industrial, ocorrida no século XIX. Embora proibida na maior parte dos países durante o final do século XIX e parte do século XX, a prática acabou se tornando uma das principais ferramentas de luta das classes trabalhadoras.
No Brasil, as greves foram proibidas durante o Governo Vargas, sendo permitidas apenas com a Constituição de 1988, e regulamentadas pela Lei 7.788, de 28 de junho de 1989, embora tenham sido comuns em todo esse período.
Tipos de greve
As greves podem ser organizadas de várias formas, por isso são classificadas em diferentes tipos. Nem todas as greves são organizadas tendo em vista a questão laboral. Algumas também podem ter motivações políticas.
Os principais e mais comuns tipos são:
Greve de ocupação
Neste tipo, os trabalhadores ocupam o ambiente de trabalho de maneira indevida, com o objetivo de impedir que outros trabalhadores que se recusam a aderir ao movimento e exerçam suas funções. Esse tipo de greve é considerado abusivo.
Greve de braços cruzados
Neste tipo de paralisação, o trabalhador comparece ao local de trabalho, mas não desempenha sua função.
Greve geral
Paralisação na qual várias classes de trabalhadores suspendem as atividades ao mesmo tempo. Normalmente, são greves em grande escala, que podem acontecer em âmbito municipal, estadual ou nacional.
Operação padrão
Utilizada por classes de trabalhadores ou setores sensíveis da sociedade que, por conta de sua importância, não estão autorizadas a fazer greve.
Neste tipo de paralisação, o trabalho é mantido dentro do mínimo exigido para que os serviços não deixem de ser prestados. Como exemplos, temos o setor de transportes, a polícia, os profissionais de saúde pública, etc.
Greve de advertência
Consiste em paralisar as funções por algumas horas, como forma de alertar o empregador de que uma paralisação maior que pode ocorrer caso as partes não cheguem a um acordo.
Greve de fome
Mais utilizada em manifestações de cunho político, consiste em um ou mais manifestantes ficarem sem se alimentar até que suas demandas sejam atendidas.
Greve estudantil
Acontece quando estudantes, sobretudo no ensino público superior, paralisam as aulas para protestar e exigir melhores condições de ensino. Para muitos juristas, uma greve estudantil é apenas uma manifestação de descontentamento.
Exemplos de grandes greves
Greve geral americana
Em 1º de Maio de 1886, mais de duzentos mil trabalhadores deram início a uma greve geral nos Estados Unidos, para reivindicar melhores salários e redução na jornada de trabalho.
Após três dias de paralisação, houve um confronto entre grevistas e policiais na cidade de Chicago, resultando em muitas mortes. A partir desse evento, o 1º de Maio passou a ser conhecido como Dia do Trabalho.
Greves de maio de 68
Em maio de 1968, uma greve geral de trabalhadores (aproximadamente dois terços aderiram ao movimento), junto com a revolta estudantil nas universidades e nas escolas secundárias que lutavam pela reforma da educação, praticamente parou a França, levando milhares de pessoas às ruas.
Apesar da tentativa de combater a greve com violência, o então presidente francês, Charles De Gaulle, teve que ceder e entrar em acordo com as lideranças do movimento. O movimento estudantil, por sua vez, foi contido por ações policiais.
O Brasil também foi palco de grandes paralisações, como a Greve Geral de 1917, a Greve dos 300 mil no ABC paulista, em 1953, e, mais recentemente, a Greve dos Caminhoneiros, de 2018.