Conhecida também como Revolução Farroupilha, a Guerra dos Farrapos foi uma das revoltas brasileiras mais longas, com 10 anos de duração.
Ocorreu entre 1835 e 1845, durante o período regencial, quando D. Pedro II ainda não tinha idade o suficiente para assumir o Império.
O que foi a Guerra dos Farrapos?
A Guerra dos Farrapos foi uma revolta liderada por estancieiros de gado contra o Império e que teve como grandes nomes Bento Gonçalves, David Canabarro e Giuseppe Garibaldi.
Isso aconteceu devido à política fiscal do Império, que em 1821 começou a cobrar taxas altas sobre produtos rio-grandenses, especialmente o charque e o couro.
Enquanto isso, o charque uruguaio e argentino tinha uma taxa menor, fazendo com que o produto gaúcho ficasse menos competitivo, uma vez que importar o produto acabava sendo mais barato.
Além disso, a produção de charque rio-grandesse dependia exclusivamente do mercado interno, diferentemente dos outros gêneros alimentícios produzidos em províncias brasileiras, como o café e o açúcar.
Outra motivação estava nas disputas políticas. O fato de o governo ter se recusado a assumir prejuízos causados por uma praga de carrapatos que atacou a região em 1834 e a falta de autonomia da província também incomodaram a população.
Uma vez que se tratava de uma área fronteiriça, havia também frequentes tensões com os domínios espanhóis. Assim, a Coroa portuguesa optou pela concessão de terras – e de poder – a militares, cujos interesses costumavam entrar em choque com os dos estancieiros (donos das propriedades rurais que se dedicavam ao comércio).
Objetivos da Revolução Farroupilha
Inicialmente, o objetivo do movimento era fazer com que o governo aumentasse o imposto para o charque estrangeiro. Queriam também mais autonomia para a província. Porém, devido à dificuldade de negociação, transformou-se em uma revolução com caráter separatista.
O desejo de estabelecer uma república teve inspiração nas ideias propagadas a partir da Revolução Francesa, no século XVIII. No entanto, há um debate entre historiadores sobre as intenções da Revolução Farroupilha, sobre se realmente queriam se separar do Império ou apenas buscavam mais autonomia.
Anteriormente à Revolução, houve algumas tentativas de mudança no sistema político da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, contudo, apenas em 1836 ocorreria a proclamação da República Rio-Grandense ou República de Piratini.
A Revolta
Em 20 de setembro de 1835, teve início uma grande revolta que se espalhou por toda a província, uma vez que havia milícias em diversas cidades no interior. No dia seguinte, os revoltosos tomaram Porto Alegre sem encontrar muita resistência.
Cerca de uma ano depois, em setembro de 1836, declararam a criação da República Rio-Grandense. Seu presidente foi o estancieiro Bento Gonçalves, que encaminhou uma carta ao regente imperial em que explicava os motivos da revolta. Ele solicitava a nomeação de um novo presidente e comandante de armas para a província.
A cidade de Porto Alegre, a partir de então, foi alvo de disputa por quatro anos. Dois líderes, David Canabarro e Giuseppe Garibaldi, expandiram a ação dos revoltosos, que avançaram também em direção à província de Santa Catarina, fundando a República Juliana, em julho de 1839. Contudo, esta república foi desfeita no mesmo ano, e em novembro o governo foi capaz de retomar o controle.
Desfecho da Guerra dos Farrapos
Para dar fim à revolta, o governo brasileiro nomeou Luís Alves de Lima e Silva, o popular Duque de Caxias, como presidente e comandante de armas da província. Ele então seguiu com mais de 12 mil homens para a região. Caxias conseguiu derrotar os farrapos em pontos estratégicos, forçando, assim, uma rendição.
A revolução foi encerrada com um tratado de paz, no entanto, foram necessários anos de negociação, de 1842 a 1845, até que assinassem o Tratado de Poncho Verde. Neste acordo, foi fixada uma nova taxa para o charque estrangeiro e a anistia para os envolvidos na revolta. Além disso, os militares dos farrapos foram incluídos no exército imperial.
Por que “Farrapos”?
É muito comum que se veja que o termo “farrapos” é originário das roupas que os revoltosos usavam, por serem gastas e esfarrapadas. Porém, era uma palavra de cunho pejorativo, utilizada para se referir a liberais com ideias mais exaltadas.
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Referências
https://periodicos.furg.br/rbhcs/article/download/10409/6755/30540
https://www.ufrgs.br/colegiodeaplicacao/wp-content/uploads/2020/09/Alfa-4-28.09.-SEGUNDA-poli.pdf