Guerras Médicas é o nome que se dá a uma série de conflitos entre as cidade-estado gregas e o poderoso Império Persa, ocorridos no século V a.C, mais precisamente entre 490 e 449 a.C. O nome com o qual essas guerras foram nomeadas vem da palavra que os gregos utilizavam para se referir aos persas: medos.
Também conhecidos como guerras Greco-Persas, esses conflitos tinham como pano de fundo interesses econômicos: a intenção dos persas de expandir seus domínios para a Europa e a tentativa dos gregos de frear essa expansão.
Antecedentes das Guerras Médicas
A região da Ásia Menor (atualmente Turquia) tinha sido colonizada por povos gregos, que fundaram lá várias cidades, tais como Mileto, Éfeso, Fosseia, entre outras. Toda a região foi conquistada por Ciro, rei da Pérsia, em 547 a.C. As cidades conquistadas viviam se rebelando, e eram rechaçadas com violência pelos persas. Até que em 499 a.C. várias cidades, lideradas por Mileto, se rebelaram, em um evento que ficou conhecido como a Revolta Jônica.
Apoiada por Atenas, essa revolta durou seis anos. O rei Persa Dario prometeu punir Atenas pelo seu apoio à rebelião. Além disso, Dario percebeu que as cidade-estado gregas no continente seriam um grande empecilho ao desejo de expansão de seu império e, por isso, deveriam ser conquistadas de forma definitiva. Os persas tentaram, por duas vezes, invadir a Grécia continental, mas fracassaram nas duas.
A principal fonte de informações é Heródoto, que faz um relato um tanto quanto fiel dos acontecimentos, embora exagere nos números de soldados envolvidos e embora tenha narrado algumas passagens um tanto quanto fantasiosas.
Primeira Guerra Médica
Em 490 a.C., um grande exército persa invadiu a Grécia, com o objetivo de atacar diretamente Atenas. Os dois exércitos se encontram em Maratona, uma cidade próxima de Atenas. Apesar da inferioridade numérica, os atenienses conseguem uma grande vitória, forçando os persas a recuar.
Segundo Heródoto, após a vitória ateniense, um soldado chamado Fidípides foi enviado até Atenas para informar sobre a vitória. Após percorrer os 42 quilômetros que separavam as duas cidades e concluir sua missão, Fidípides caiu morto devido à exaustão. Essa lenda deu origem à disputa da Maratona, a famosa corrida cujo percurso tem a mesma distância percorrida pelo soldado grego.
Segunda Guerra Médica
Dez anos depois, agora já sob o reinado de Xerxes, os persas retornam à Grécia com um grande exército, muito maior do que o utilizado antes. Esparta e Atenas selam um acordo para combater, juntos, a ameaça de invasão.
A época da invasão aconteceria exatamente durante a Carneia, um festival religioso que impedia que a cidade entrasse em guerra durante sua realização. Impedido de contar com o grosso do exército, o rei Leônidas reuniu a sua guarda pessoal, cerca de 300 soldados, para marchar a um desfiladeiro ao norte de Atenas, conhecido como Termópilas. Junto com eles iam um contingente de soldados de cidades aliadas (tebanos, téspios e árcades) que se juntaram à marcha, perfazendo um total de aproximadamente 5.000 homens.
Ao longo de três dias, o exército espartano conseguiu combater uma força muito maior, graças ao terreno do desfiladeiro, formado por uma pequena passagem entre as montanhas e o mar, que impedia os persas de lançar todos os seus soldados ao ataque. Quando o rei espartano percebeu que seus homens seriam cercados pelos persas, dispensou a maior parte do exército, permanecendo apenas com os 300 espartanos e lutando até a morte. Ao mesmo tempo, a frota grega, liderada pelo general Temístocles, enfrentava a frota persa em Artemísio, uma batalha que terminou sem resultado decisivo.
Após passaram pelos espartanos nas Termópilas, os persas atacaram Atenas, que tinha sido abandonada e sua população evacuada para a ilha de Salamina.
Dias depois, as frotas grega e persa se encontram novamente, desta vez no estreito da ilha de Salamina, uma região de águas rasas, e que impedia a manobrabilidade dos grandes e pesados navios persas. A batalha resulta em quase toda a frota persa destruída. O rei Xerxes retorna para a Pérsia, deixando o general Mârdonio no comando das tropas que ainda restavam.
Um ano depois, os gregos, liderados por Esparta, enfrentaram os persas na Batalha de Plateia, sendo estes derrotados de forma fulminante. Essa batalha marca o fim das tentativas persas de conquistar a Grécia, mas o conflito ainda continuou por muitos anos, com gregos e persas se enfrentando na Ásia Menor. Somente em 449 a .C., com a assinatura do Tratado de Cálias, que as batalhas terminam.
Conclusão
As Guerras Médicas marcaram o fim da expansão do Império Persa, que seria conquistado por Alexandre, o Grande pouco mais de cem anos depois. Como consequência desse conflito, Atenas criou a Liga de Delos, uma confederação de cidades-estados aliadas, com o intuito de se proteger de futuras invasões. Temendo que Atenas ficasse muito poderosa, Esparta também cria sua confederação, a Liga do Peloponeso, e a rivalidade entre as nações se acirrou.
De certa forma, o conflito com os persas criou as bases para um outro conflito, a Guerra do Peloponeso, que vai levar as duas cidades à exaustão, permitindo a conquista de toda a Grécia pelo rei Filipe II, da Macedônia.